Veículos usados no segmento de automóveis e comerciais leves (94% do total) continuam a surpreender positivamente, segundo a Fenabrave. No comparativo entre setembro de 2019 e de 2020, as transações apresentaram alta de 8,41%. No acumulado dos primeiros nove meses, dos dois anos, a retração é de 24%, abaixo do que caiu o mercado de novos (33%).
O especialista Luca Cafici, CEO da Instacarro, explica a valorização dos usados:
“Combinação de dois fatores (maior demanda com redução da oferta) está gerando aumento significativo nos preços dos seminovos e usados. Assim, é um bom momento para quem deseja vender. Situação inédita, pois, normalmente, automóveis depreciam-se em vez de valorizarem. As pessoas estão evitando transporte público e carros de aplicativos em razão da pandemia.
“Em janeiro, por exemplo, o preço médio de um Volkswagen Fox 1.0 com 90 mil km rodados, era de 81% da Tabela Fipe — em agosto, subiu para 85%. Um Ford Ka 1.0 com baixa quilometragem foi negociado por 96% da Tabela Fipe em agosto, valorização de oito pontos percentuais em relação ao início do ano. Carros bem conservados e de alto giro com baixa quilometragem chegam a ser negociados por 100% da Tabela Fipe — ou até mais.
“Outra razão: locadoras venderam seus estoques logo nas primeiras semanas da pandemia e, agora, só operam no varejo porque não conseguiram ter acesso a novos veículos, uma vez que a produção das fábricas foi paralisada. Isso, evidentemente, não vai durar para sempre. Quando as locadoras começarem a renovar suas frotas, novamente, e a vender o estoque no atacado, a oferta aumentará bastante e os preços voltarão a cair”, conclui Cafici.