Último dia na Índia e depois de 20 dias percorrendo as principais cidades do norte do pais parece que não conheci nada. Tudo é muito intenso aqui. As ruas repletas de gente, o barulho das buzinas, o engarrafamento de tuk tuks e de repente uma galeria do inicio do século XX construída pelos ingleses, restaurantes de referências interessantes entre símbolos da aristocracia e a decadência dos anos, entre a religiosidade presente em cada pedacinho das cidades, nas pessoas, nos carros e a culinária também intensa nos sabores, nos aromas, nas especiarias. E para que eu ficasse ainda mais curioso, descubro a história da rota da seda por via terrestre, pela região do Rajastão e a riqueza dos Marajás.
A rota da seda
Nossa viagem começou por Delhi, a capital, e seguiu por uma Índia Sagrada, por Vindfravan, Varanasi, Agra, Jaisalmer, Rishikesh, conhecendo templos hindus, Ashrams (retiros) religiosos, vivenciando a espiritualidade dos rituais a beira dos rios. Provando uma culinária interessante, e que ao se repetir ia mostrando suas diferenças: o arroz basmati e do Norte, o arroz comum e do Sul; Chicken Biryani, Butter Chicken, SPA Ayurvedico. Assim como as roupas: o dot, aquele tecido de mais de 4m enrolado como uma saia é típico do sul; os Marajás são mais conhecidos pelo norte.
Foi em Jaisalmer, no Rajastão, como num oásis no meio do barulho indiano, que a Índia se mostrou ainda mais enigmática. Deixou de lado a espiritualidade para mostrar a história de seus reis, dos fortes, dos Marajás. Um deserto na divisa com o Paquistão com pequenos vilarejos, como Jaisalmer, cidade que só funciona quatro meses por ano devido ao forte calor, tempo seco. A cidade fica sem voos, no pequeno aeroporto que nos meses normais só abre para um voo por dia.
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De novembro a fevereiro, a terra dos Marajás se abre ao turismo. O forte de Jaisalmer e suas ruas estreitas e curvas vai desnudando lojas de souvenirs, pequenos restaurantes, guias ansiosos pelos poucos turistas que circulavam, mas falando espanhol, italiano, português.
Ao voltar ao hotel, realmente dava pra sentir um pouco o que era a vida dos Marajás. Que na verdade eram governantes com poderes específicos sobre alguns territórios, exercendo influencia politica, econômica e cultural nas suas regiões.
Vida de Marajá
A cozinha dos Marajás indianos era marcada pelo luxo, pela sofisticação, pela ostentação. As cortes dos Marajás eram famosas por sua culinária especializada. Chefs (Khansamas) muitas vezes utilizavam ingredientes caros e únicos na região como açafrão, folhas de ouro e de prata para agradar a realeza. Algumas receitas eram guardadas em segredo e passadas de geração por geração. A influencia persa, mongol, britânica e portuguesa também se faz presente ate os dias de hoje.
Por isso ficaram tao conhecidos pratos como o Biryani – o arroz basmati extremamente arom’atico com especiarias podendo conter carnes como frangos e peixes, ou somente legumes; ou ainda o Kulfi – sorvete fieto a base de leite e especiarias como o pistache e o cardamomo. Os marajás tinham acesso as melhores especiarias da Índia e usavam técnicas de cozimento para intensificar esses sabores como o cozimento a fogo baixo, que foi amplamente difundido na Europa.
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Os marajas organizam banquetes extravagantes, servindo dezenas de pratos. Decoração luxuosa, utensilhos em ouro e prata era rotina. Assim como a apresentação dos pratos, tao importante quanto o sabor. Alguns desses palácios foram transformados em hotéis, permitindo turistas provarem a hospitalidade e a culinária dos Marajás.
Nesse roteiro elaborado pela Govinda Turismo pela Índia Sagrada, pude experimentar uma pitada do que seria uma imersão na vida dos Marajás, roteiro que a agência já preparou para novembro de 2025. Sem duvidas viajar pelo mundo só reafirma a máxima que não é preciso ter para viver. Não é preciso ser um marajá para viver momentos incríveis, provar a culinária do mundo, entre ouros e pratas, entre o sagrado e o profano. Afinal um pouquinho de ostentação não faz mal a ninguém. Está perdoado! Gosto Assim!
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