Que Belo Horizonte é cidade criativa da gastronomia, reconhecida pelo UNESCO, já sabemos e já falamos por aqui. Que Belo Horizonte é reconhecidamente a cidade dos bares, afinal de contas, se não temos mar, vamos ao bar, também é pensamento coletivo. Que Belo Horizonte é o berço de festivais gastronômicos diversos, em que os bares são a grande estrela, a começar pelo Comida di Buteco, que completa 25 anos em breve, não há novidade. Mas, que agora temos, ou melhor, destacamos que nossos bares também tem alma, ah isso sim cabe um dedo de prosa, e mais bacana ainda, se essa prosa fosse…. em um bar!
Constantemente, ao falar em inovação, ainda costuma-se pensar que fala-se apenas de tecnologia, considera-se apenas o que é contemporâneo ou até futurista, ou ainda, que, o que já existe, nem sempre é tido como uma referência.
Porém, inovar, especialmente quando falamos em destinos turísticos, passa também por olhar para dentro, por (re)conhecer nossos principais diferenciais. Então, nada mais natural que um processo inovador, pudesse ser também oriundo dos bares da cidade, bares estes com características muito especiais, os Bares com Alma, elencados em projeto recente da Belotur e do Sebrae-MG.
LEIA TAMBÉM: Belo Horizonte comemora e a Rede de Cidades Criativas da Unesco tem nova convocatória
A proposta, inspirada em projetos de reconhecimento da história local de bares e lojas, como o “Bares Notables” de Buenos Aires e o “Lojas com História” de Lisboa, trata de um trabalho intenso de pesquisa, visita, debate e entendimento para se chegar a uma primeira lista, de encher os olhos e fazer salivar a boca.
Bares com Alma: uma nova forma de contar histórias
É incontestável que o projeto entrega para a cidade mais um modelo de reconhecimento e valorização de empreendimentos, e principalmente, das pessoas, que fazem parte da formação da jovem capital mineira, como também, da própria cultura e comportamento do belo horizontino. Mas, é importante destacar que o projeto também traz uma nova forma de contar a(s) história(s) por trás de cada um dos bares, ingredientes, donos, clientes, que passam, e passaram, em estabelecimentos que possuem pelo menos 30 anos de fundação.
E esta narrativa segue bastante vinculada às tendências de comportamento do turista que vimos observando, turistas que querem conhecer de fato o modo de vida local, que querem sair do óbvio quando se fala de atrações turísticas, que tem um interesse particular pela gastronomia local, que querem se sentir parte, e não mero visitante. Os bares, cada um à sua maneira, oferecem uma mistura de experiências, que, hoje, são compreendidas como inovação e tendência para o setor, mas que eles, já possuem a prática em seu DNA.
A narrativa, elaborada também com o apoio da Oficina Paraíso, grupo de profissionais envolvido no projeto e que traduziu as pesquisas e levantamentos prévios, através do design, e trouxe a(s) identidade(s) dos bares com alma.
São 5 categorias:
Cantar Junto – “Templos da resistência negra, aqui você lava a alma com o passado e o presente do samba em Minas Gerais.” – 2 representantes.
Balcão e Papo Reto: “Pequenos santuários da intimidade onde o balcão é o palco para a conversa fiada e afiada” – 4 representantes.
Bandeja e Fino Trato: “O melhor da hospitalidade mineira: aqui você come na mesa, com o conforto do tradicional atendimento de salão” – 8 representantes.
Clube do Bairro: “O melhor da camaradagem de velhos amigos, com uma safra dos mais variados boêmios de cada região” – 7 representantes.
Para Viajar no Tempo: “De encher os olhos, esses verdadeiros antiquários da boêmia da cidade te levam para outra época” – 9 representantes.
LEIA TAMBÉM: Afroturismo: por quem e para quem?
Apesar de ser um projeto recente, lançado há pouco mais de uma semana, ele já desperta uma série de possibilidades, para cidadãos e turistas. Cidadãos que poderão ter mais um leque de opções para conhecer, visitar, etc. E para o turista, colecionar experiências!
Os bares estão situados em várias regiões da cidade, podem ser uma forma de contribuir com uma descentralização do turismo na capital e agregar outros atrativos, ainda pouco conhecidos ou destacados. Além disso, para guias de turismo e agências de receptivos locais, torna-se um prato cheio, com o perdão do trocadilho, para aguçar a criatividade e desenvolver novos roteiros na capital.
Com certeza cada um de nós tem aquele bar do coração, pode ser que identifique um bar faltante, e por isso, é importante acompanhar e entender as próximas ações e renovações, possíveis ampliações dessa lista ao longo do tempo. Então, nada melhor do que, em tempos de festas de final de ano, comemorações e celebrações chegando, quem sabe não é uma boa ideia já colocar em prática a própria avaliação? Junte os amigos, familiares, colegas de trabalho e se aventure pelos bares com alma. Seja por regional, seja por categoria, seja pelo cardápio, apenas vá!