Essa semana, tive a honra de poder participar da gravação do Podcast do Portal Turismo UAI e bati um papo superlegal com a nossa editora, minha querida amiga turismóloga Isabella Ricci. Aliás, vale aqui um voto de louvor ao belíssimo trabalho em prol do turismo brasileiro que vem sendo desenvolvido e em sua boa parte, encabeçado por ela, uma mente de fato, brilhante!
Mas durante nossa conversa, falamos de minha trajetória profissional no âmbito do planejamento e gestão nos segmentos do turismo e da cultura e claro, ficou inevitável falarmos sobre Minas Gerais, suas vocações para o turismo, para a cultura, mas comentamos também sobre a realidade e a necessidade de que o poder público e a iniciativa privada se envolvam também com estes processos de desenvolvimento e que fomentem, até financeiramente, iniciativas que garantam a prosperidade das comunidades mineiras e claro, da preservação e da memória cultural de todas as regiões onde estão inseridas.
Falando sobre as empresas de mineração por exemplo, ficou inevitável falarmos sobre a necessidade de um pensamento e um comportamento sustentável e sobre as práticas que tudo isso exige desde então.
Foi aí que o ESG (Environmental, Social e Governance), entrou na conversa.
O que é práticas ESG?
O ESG, em síntese, refere-se a um conjunto de critérios usados para avaliar o desempenho de uma empresa em termos de sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa. Esses critérios são cada vez mais importantes para investidores, consumidores e stakeholders, que buscam empresas que alinhem seus valores com práticas éticas e sustentáveis.
É bom deixar claro que o ESG não se aplica apenas às empresas de extração mineral, pelo contrário, sustentabilidade é uma atribuição de todos nós. Até os bancos, empresas de cosméticos, fornecedores pequenos, todos enfim, estão envoltos com esta responsabilidade que temos no século 21 de melhorarmos a qualidade de vida no planeta terra como um todo.
O ESG é uma sigla, em inglês, Environmental, Social e Governance, que traduzindo teremos os aspectos Ambiental, Social e Governança. Pra você entender melhor e sem muito aprofundamento, repasso aqui os principais aspectos do ESG.
Veja bem, no Ambiental, tratamos por exemplo, do cuidado com as mudanças climáticas e emissões de carbono, com o uso ordenado de recursos naturais, com a gestão adequada de resíduos, com a biodiversidade e aí seguimos.
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No Social abordamos por exemplo, os direitos trabalhistas, as condições de trabalho a que somos expostos, às preocupações e ações efetivas que entendam e deem vez à diversidade e inclusão e uma visão pragmática sobre o impacto social na comunidade.
E por fim, na Governança, falamos da estrutura de governança de maneira geral, da necessidade da transparência e prestação de contas nos movimentos comerciais, na importância da gestão de riscos e no principal e mais esperado, a ética empresarial, fundamental para o bom resultado.
Na verdade, meus amigos, o ESG, é hoje, fundamental para garantir ou aumentar a confiança dos investidores, melhorar a reputação das marcas, que zelam e muito pela sua imagem de mercado, por reduzir riscos e criar oportunidades de crescimento sustentável.
Até que não é tão complicado não é mesmo? O problema é que na teoria, tudo fica muito claro, mas o universo corporativo se engasga é na hora de equalizar a teoria com as práticas quotidianas dentro das suas corporações.
Para o ESG realmente dar certo
Para o ESG dar certo, ele precisa ser compreendido na íntegra e precisa ser praticado e obedecido desde as mais altas esferas ou ambientes de poder nas empresas, até o mais baixo dos cargos existentes por ali. Não é uma atribuição só para chefias, ou só para os empregados do chamado, “Chão de Fábrica”, pelo contrário. O envolvimento de todos, é fundamental.
Conversando sobre tudo isso durante a gravação do Podcast com Isabella, ela me perguntou sobre o monitoramento, sobre como estas ações, atuações, estratégias ou o que seja, são mensurados para que o mercado reconheça o esforço de determinada corporação e aí, vale explicar, que existem órgãos certificadores, já reconhecidos, tais como GRI (Global Reporting Initiative, SASB (Sustainability Accounting Standards Board), CDP (Carbon Disclosure Project, B Corp Certification.
É bom dizer, que na real, não é fácil e nem baratinho passar por estes crivos. O assunto é sério e extremamente necessários para os dias de hoje.
Quando fiz o meu MBA em ESG, uma das primeiras situações das muitas, que nos apareceram foi uma tal de Matriz de Materialidade. Professores bem preparados e um tema aparentemente fácil de se entender. Mas na hora de colocar em prática, a cabeça ferve, porque surge a insegurança ao pensarmos se de fato, entendemos para que esta ferramenta se aplica.
Adianto, que é uma das estratégias mais importantes no ESG.
Matriz de materialidade
Uma matriz de materialidade em relação às práticas ESG, como disse é uma ferramenta. É a matriz, que ajuda a identificar e priorizar os temas mais relevantes para uma organização e seus stakeholders, que aliás, também são envolvidos nas respectivas práticas.
Esses temas, identificados e priorizados na Matriz de Materialidade, podem ter impactos significativos nos negócios da empresa e no ambiente externo em que ela opera, já que a matriz considera tanto a importância desses temas para os stakeholders quanto sua relevância para o sucesso e para o bom desempenho da estratégia da própria empresa.
É um mecanismo interessante. Os caminhos para definirmos uma matriz de materialidade para as práticas ESG seguem um roteirinho que passa pela identificação de temas relevantes, onde normalmente se realiza um benchmarking setorial para busca de práticas e relatórios de outras empresas do mesmo setor, para identificação de temáticas comuns, além das referências externas, utilizando “frameworks” internacionais.
Os “frameworks”, segundo “Dr. Google”, definem a estrutura do seu futuro projeto e orienta sobre as ferramentas que você pode usar como blocos de construção. Aí podem ser incluídos bibliotecas e módulos para tarefas específicas. Eles também cuidam de funções como manipulação de dados, gestão de sessões, segurança, autenticação etc. por fim, é uma ferramenta que te ajuda a ter como único objetivo focar em desenvolver o projeto, não em detalhes repletos de configurações.
A matriz de materialidade considera também, as regulamentações e diretrizes; as legislações e regulamentações relevantes à sustentabilidade e responsabilidade corporativa no seu setor.
Naturalmente o que não pode faltar é o engajamento com stakeholders, a partir do mapeamento dos mesmos, identificando os elementos principais, no rol dos investidores, clientes, colaboradores, ONG’s, fornecedores, reguladores e outros.
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Primordial também é a coleta de informações, que se da por entrevistas, questionários, pesquisas oficinas, para entendermos quais os temas ESG serão os mais relevantes para aqueles grupos.
E pensando no envolvimento de todos, torna-se importantíssimo considerarmos as perspectivas internas, incluindo líderes, tais como os conselhos de administração, para alinhamento dos temas ESG com os objetivos estratégicos da empresa.
As coisas vão clareando, não é mesmo?
Avaliando os impactos
Agora, não adianta tanta estratégia se não pensarmos na avaliação dos impactos e qual a importância para os stakeholders. É bom avaliarmos o quanto cada tema será importante para os diversos grupos de interesse, já que normalmente esse cenário é bem diverso.
Lógico também, é consideramos a relevância disso tudo para os negócios. Prático e necessário avaliarmos os impactos desses temas no desempenho da empresa, levando em conta os riscos, as oportunidades e naturalmente, como eles afetam a estratégia, a longo prazo.
E por fim, vem a esperada criação da Matriz de Materialidade, que é habitualmente construída em dois eixos. O Eixo X, da importância do tema para o sucesso da empresa e o Eixo Y, da importância do tema para os stakeholders. É tipo uma estrutura de “gráficos”, mesmo.
Cada tema é posicionado em um ponto da matriz, conforme sua relevância em ambos os eixos. Os temas no quadrante superior direito, são tidos como alta relevância para stakeholders e para o negócio, são considerados de alta materialidade.
E após a elaboração da matriz preliminar, é importante validar os resultados com stakeholders-chave e líderes internos para garantir que ela reflita com precisão as prioridades.
Os stakeholders
Não sei por que, mas vou escrevendo e querendo que meus leitores entendam direitinho o que estou falando. Já digitei a palavra “stakeholders” um sem-fim de vezes, mas agora me deu uma sensação de quem nem todos entendem o seu significado. Aí vai: são as partes interessadas. Os stakeholders são, todos os grupos de pessoas ou organizações que podem ter algum tipo de interesse pelas ações de uma determinada empresa. As partes interessadas podem ser desde colaboradores, considerados stakeholders internos, até investidores, fornecedores, clientes e comunidade, chamados de externos.
E voltando à matriz de materialidade, com a validação dos resultados, fica faltando apenas a divulgação e a integração. A matriz deve ser incluída no relatório de sustentabilidade ou nas comunicações ESG da empresa, que agora ganham uma relevância bastante especial. Além disso, os temas prioritários devem ser integrados às práticas de gestão e ao planejamento estratégico da empresa.
Sobre os temas de maior relevância, é só você voltar no começo do texto, que a boa maioria deles já foram dispostos por categoria do ESG, ou seja, no Ambiental, no Social e na Governança.
Bom mesmo é que todo esse processo, ajuda as empresas a focarem seus esforços em áreas de maior impacto e a alinhar sua estratégia de sustentabilidade com as expectativas dos stakeholders e com os objetivos de longo prazo do negócio.
Por hoje é isso. Para mim, este tema está cada vez mais interessante. E acredite, mesmo que vc ainda não esteja totalmente engajado com as práticas ESG, vá se acostumando. Muito em breve você já estará absorvido por isso, seja em seu local de trabalho ou até mesmo dentro da sua própria casa.
Até a próxima.
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