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Exposição ‘Seis sentidos para a memória’ reúne obras de diferentes linguagens artísticas no Espaço Luiz Estrela em BH

Exposição gratuita traz obras de Darks Miranda, Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes, Patrick Arley e Pedro Kalil, que incluem poemas, filmes e fotografias que abordam a memória individual e coletiva; abertura acontece neste sábado, dia 3/8

Exposição ‘Seis sentidos para a memória’ reúne obras de diferentes linguagens artísticas no Espaço Luiz Estrela em BH -  (crédito: Uai Turismo)
Exposição ‘Seis sentidos para a memória’ reúne obras de diferentes linguagens artísticas no Espaço Luiz Estrela em BH - (crédito: Uai Turismo)
Exposição ‘Seis sentidos para a memória’ reúne obras de diferentes linguagens artísticas no Espaço Luiz Estrela em BH
Exposição ‘Seis sentidos para a memória’ reúne obras de diferentes linguagens artísticas no Espaço Luiz Estrela em BH (Foto: Pintura baseada em poema de Gibran)

Pensar a memória não apenas a partir do resgate de lembranças, mas também por meio do esquecimento, da falta, das projeções de futuro e das reflexões sobre as experiências que constituem o humano em múltiplas linguagens. É a partir desse entrelaçamento de perspectivas que a exposição “Seis sentidos para a memória” ganha vida no Espaço Comum Luiz Estrela, que tem abertura no dia 3 de agosto, sábado, às 10h, com direito a show do artista Orlando Scarpa Neto, DJ Supololo, lançamento do livro “O desaparecimento dos peixes“, de Júlia Moysés e roda de conversa com o tema arte, memória e esquecimento. A entrada é gratuita, sem retirada de ingressos, e a exposição seguirá aberta para visitação do público até dia 31 de agosto.

Seis sentidos para a memória

“Seis sentidos para a memória” surgiu a partir de uma colaboração natural que os seis artistas convidados desenvolvem em seus trabalhos específicos, em expressões que percorrem música, audiovisual, fotografia, literatura, escultura e instalações multilinguagens. Juntos, eles participaram da exposição “Especulando o Futuro”, em 2023, além de acumularem inúmeras parcerias.

“Somos artistas que trabalham contribuindo entre si. E, em determinado momento, percebemos que todos nós tínhamos um trabalho que investigava a memória. Mas com linguagens e abordagens distintas. Tanto a partir de um lugar mais pessoalíssimo, como é meu caso, até uma reflexão mais político-social, como é o caso da Darks Miranda. Ou projetada com um aspecto do luto, a exemplo das fotografias do Patrick Arley”, justifica Pedro Kalil, um dos artistas e organizadores da exposição.

Obras

As criações artísticas de Darks Miranda, Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes, Patrick Arley e Pedro Kalil desenvolvidas para a exposição espelham o mesmo tema, a partir de pesquisas, observações e interpretações que nascem de lugares diferentes e complementares.

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A multiartista Luisa Marques, a Darks Miranda, que tem trabalho dedicado à escultura, pintura, desenho e audiovisual, apresenta o filme “Maldição Tropical”, definido como uma “ficção científica do passado”. A obra reflete sobre as remoções de pessoas realizadas no Aterro do Flamengo durante a preparação para as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, e faz uma ponte sobre esse processo com o imaginário tropical desenhado para o Brasil na figura de Carmem Miranda, junto ao fatídico sonho de desenvolvimento da capital carioca.

Também partindo das imagens, mas desta vez as fotografias, “Os que vão morrer aos mortos”, de Patrick Arley, propõe uma análise sobre como a metrópole lida com a morte e as suas perdas de entes queridos. O projeto registra o Cemitério do Bonfim, o primeiro de Belo Horizonte, inaugurado em 1936 na periferia da cidade com túmulos grandiosos e obras que remetem à Belle Èpoque, à Art Deco e ao modernismo brasileiro, como símbolo de poder para abrigar sobretudo os mortos da elite mineira.

Já os poemas de Gibran, em “Desacontecendo”, escritos pelo artista e produtor cultural durante o isolamento imposto pela pandemia da covid-19, ganharam ilustrações, pinturas, músicas e vídeos produzidos com parceiros. A obra sugere percepções plurais sobre a constituição de memórias em um período no qual as construções coletivas e as relações e trocas entre corpos foram drasticamente cerceadas.

Em uma perspectiva mais abstrata e subjetiva, Alexandre Tavera, que tem trabalhos desenvolvidos com fotografia, artes visuais, cenografia e figurino, expõe a instalação “O tempo das coisas”. A proposta é experienciar as lentas e constantes mudanças da luz solar ao longo do dia e o seu impacto sobre o tecido, como metáfora para a corrente mudança da realidade e, consequentemente, da memória.

Nascido em Capivari dos Eleutérios, no Centro-Oeste mineiro, o artista autodidata Kenny Mendes apresenta ao público “Paus de força”. O trabalho reúne peças novas e antigas, ritualizadas em carnavais de rua de BH desde 2015. Paus que sustentam corpos, moradas, sonhos, desejos de seguir caminhando com o apoio de técnicas que de algum modo contribuíram para que chegássemos até aqui.

Fechando a exposição, o escritor, pesquisador e professor Pedro Kalil parte de um duro episódio pessoal, o suicídio de seu irmão, para compor o filme “Homenagem à Hollis Frampton (ou Thiago)”. O trabalho é inspirado na obra “Nostalgia” (1971), do cineasta americano Hollis Frampton, que consiste em várias imagens distintas sendo queimadas enquanto uma história é contada. Na obra de Kalil, uma mesma imagem se repete sobre o fogo, enquanto familiares e amigos narram a história, capturando a memória não apenas como um aspecto individual, mas como algo intrínseco aos nossos afetos mais próximos.

“A Darks Miranda tem uma obra que mistura elementos de fantasmas, natureza e metamorfose dos corpos para falar sobre memórias apagadas. Já o Alexandre Tavera, a partir de abstrações, apresenta uma reflexão sobre como nossa memória é uma elaboração constante, sempre em movimento. O Gibran, por sua vez, parte da poesia para investigar o isolamento e os efeitos desse período pandêmico na formatação de memórias. Kenny Mendes explora estruturas que sustentam passado, presente e futuro, mas não como processos distintos, mas se juntando. O Patrick Arley propõe uma reflexão sobre como a cidade lida com os mortos. E eu parto também da morte, de um episódio pessoal, para investigar a constituição da memória a partir de uma posição mais coletiva”, analisa Pedro Kalil.

Espaço de memória

A escolha do Espaço Comum Luiz Estrela como palco para a exposição vem do peso histórico da recriação de uma memória importante para Belo Horizonte. O lugar ficou duas décadas abandonado pelo poder público e, após ser ocupado em 2013 por um grupo de artistas e ativistas, se transformou em um centro autogestionado de cultura e abrigo para exposições, oficinas e shows. O espaço homangeia Luis Otávio da Silva, o Estrela, homem homossexual em situação de rua, assassinado em 26 de junho de 2013, durante os conflitos entre polícia e a população nos atos das Jornadas de Junho, na capital mineira.

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“O casarão do Espaço Comum Luiz Estrela teve como destinação vários espaços institucionais de poder. Foi construído para ser hospital da polícia, depois se tornou hospital psiquiátrico infantil e também um centro pedagógico, até ser abandonado. Depois, o Estrela foi devolvido à cidade com uma nova história de coletividade, troca, criação artística e, consequentemente, com uma nova memória. Por isso, a exposição foi desenvolvida também para interagir com o espaço e suas características arquitetônicas e históricas”, avalia Kenny Mendes.

Este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.

Para mais informações acesse aqui.

PROGRAMAÇÃO | Abertura da exposição – 3/8, sábado

10h – Abertura

12h – Almoço Comum

14h – Roda de Conversa: “Arte, Memória e Esquecimento”, com Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes, Patrick Arley e Pedro Kalil

15h – Lançamento do livro “O Desaparecimento dos Peixes”, com Júlia Moysés

16h – DJ Pedro Kalil

17h – Show de Orlando Scarpa Neto

18h – DJ Supololo

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Grazielle Guimarães
postado em 31/07/2024 11:47
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