Turismo e Inovação

Economia Criativa e Turismo, mais do que matéria-prima para boas experiências

A economia criativa e o turismo possuem grande interface, e aliar games e turismo, por exemplo, pode ser uma excelente oportunidade para destinos e empresas

Economia Criativa e Turismo, mais do que matéria-prima para boas experiências -  (crédito: Uai Turismo)
Economia Criativa e Turismo, mais do que matéria-prima para boas experiências - (crédito: Uai Turismo)
Economia Criativa e Turismo, mais do que matéria-prima para boas experiências
Economia Criativa e Turismo, mais do que matéria-prima para boas experiências (O famoso jogo da década de 80 foi, inclusive, relançado no Google Earth em 2019 (Foto: reprodução Google))

Comentei por aqui, algumas vezes, o meu real apreço, interesse, e fascínio pelos temas de economia criativa, especialmente, turismo criativo. Quando escutei sobre economia criativa pela primeira vez, a conexão que fiz com turismo foi pelo conceito de produção associada ao turismo, muito forte no começo dos anos 2000, quando da criação do Ministério do Turismo.

Com certeza, uma das principais inovações que o turismo brasileiro teve. Não porque o MTur da época tenha sido responsável por criar o tema, ou que antes disso não existissem iniciativas e atividades que concretizassem o conceito, mas sim, por ter conseguido promover um alinhamento conceitual, em âmbito nacional e difundir o tema de forma tangível, e que impactou diretamente diversos destinos.

Foi a partir daí que vieram à tona, e passaram a compor a cesta de produtos turísticos brasileiros, as oficinas gastronômicas, visitas orientadas à produção de cachaça, cursos de artesanato e visita aos ateliês e associações de artesãos, conhecimento e participação em bastidores de produções artísticas entre tantas outras oportunidades.

LEIA TAMBÉM: Celebre o melhor da gastronomia da Serra do Cipó em agosto

Posso citar como uma das referências, o Programa de Produção Associada ao Turismo para a Estrada Real, realizado pelo então Instituto Estrada Real e Ministério do Turismo, com foco nos setores de queijos finos, artesanato, gemas e joias e cachaça. Na ocasião, foram mapeados empreendedores e associações das 4 atividades, localizados no Caminho Velho, para que preparassem suas propriedades, adaptassem produtos e atividades, de forma a receber, além de clientes, turistas que estivessem realizando o percurso.

Por isso, quando conheci o conceito de turismo criativo, compreendi então, de forma simples, que o turismo criativo poderia ser um desdobramento, ou um “avanço” da produção associada ao turismo. Porém, as oportunidades da economia criativa são ainda mais amplas.

Os setores criativos sim podem ser uma forma de qualificar e diversificar as possibilidades turísticas de um destino, mas não se restringem a experiência do turista. São também uma excelente ferramenta de promoção dos mais variados destinos.

Tive este primeiro entendimento quando, em 2016, participei do International Congress InternationalCongress on World Civilizations and Creative Tourism, realizado pela Organização Mundial do Turismo em Sofia, capital da Bulgária. Dentre os vários temas, foram tratadas as experiências turísticas, a renovação de produtos turísticos, as novas tendências e demandas para destinos, entre outros. Porém, também tivemos apresentações que trouxeram um olhar
diferente sob a perspectiva da economia criativa para o turismo criativo, uma perspectiva de proteção, preservação e promoção dos destinos e seus mais diversos patrimônios, especialmente os patrimônios da humanidade.

Em destaque a apresentação do Sr. Zahi Hawass, arqueólogo egípcio que demonstrou a importância da realidade aumentada e vídeos em 3D como formas de registrar, preservar patrimônios, mas também, permitir que turistas em geral tivessem acesso à bens que por vezes, estivessem com visitação restrita ou proibida. Na época, ele deu o exemplo das pirâmides de Gizé que, eventualmente, uma das três, passa por restauros ou períodos de fechamento, causando frustração nos visitantes e turistas.

LEIA TAMBÉM: Montanha-russa invertida mais alta e mais longa da América do Norte será inaugurada dia 21

A ferramenta em questão contribuiria para permitir que a experiência fosse de alguma forma vivenciada, equilibrando a preservação e controle dos espaços, além da experiência turística. Um dos temas tratados no painel foi que, uma visita virtual não substituiria a presença real, o que concordo plenamente. Entretanto, após um período, inimaginável, de pandemia e o avanço das tecnologias, podemos dizer que elas não substituem a visita, mas contribuem muito para sanar nossa ansiedade, permitem uma prévia do que é possível e claro, alimentam o desejo dos turistas a partir de ações de promoção.

Afinal, quem aqui, em uma feira de turismo, loja de agência de viagem ou navegando pela internet, não brincou de viajar com óculos 3D, visitas virtuais, ou interagiu de formas distintas com o destino, sem sequer estar próximo a ele. Essas experiências, que lembravam muito as experiências com vídeo games na infância, não são assim lembranças tão distantes. Visto que a produção de jogos eletrônicos vem crescendo muito, por que não, incluir os temas de turismo junto? Está aí, mais uma contribuição dos setores criativos, especialmente audiovisual e mídias, para a promoção da atividade turística.

Para aqueles da minha geração, ouso dizer que um dos primeiros exemplos que temos de jogos eletrônicos que agregaram imagens e informações de cidades diversas do mundo foi o Where in the World is Carmen Sandiego? Ou “Em que lugar do mundo está Carmen Sandiego?”. Com uma alma de detetives, os jogadores deveriam levantar pistas, informações das mais variadas cidades do globo para descobrir o paradeiro de Carmen. Lançado na década de 80, ganhou diversas versões e teve um papel importante na promoção de diversas cidades para um público de aficionados por jogos, fosse este resultado já previsto ou não.

O setor de jogos eletrônicos vem crescendo consideravelmente, apenas no Brasil, a estimativa, segundo pesquisa da MindMiners, indica que a indústria movimenta cerca de R$ 13 bilhões. Então, porque não agregar ao setor, temas de promoção turística?

Pensando nessa estratégia que a Embratur lançou recentemente o Desafio O Brasil Tá Pra Game que irá “ reconhecer e premiar iniciativas que colaborem com a promoção do turismo em ambientes criados por jogos digitais.” O momento não seria mais propício, visto os avanços na promoção internacional e recuperação da imagem turística do Brasil em esfera internacional.

LEIA TAMBÉM: Descubra a essência da Flórida, além dos parques temáticos e praias badaladas

Iniciativas como esta reforçam as oportunidades que os setores criativos podem proporcionar ao turismo, especialmente, em trazer diferentes propostas, projetos inovadores que, além de movimentar a cadeia produtiva do turismo, incentivem e fomentem o desenvolvimento destes setores.

Finalizo o texto demonstrando uma outra forma de ampliar as oportunidades de investimento, valorização do setor e ampliação dos clientes impactados, neste caso, turistas ou não. Aproveitando o período de férias, já pensou em visitar um local, com toda a família, amigos, onde, além da oportunidade de praticar as habilidades com os jogos eletrônicos, vivenciar um espaço totalmente ambientado, onde personagens se misturam a nós, reles mortais? Exato, esta é a proposta do Estação Camargos Choperia, um espaço dedicado aos games e aos amantes dosJogos, sejam eles crianças, ou crianças saudosas, como eu. Aliás, pergunto, será que lá tem o jogo do Alex Kidd?

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Marina Simião
postado em 31/07/2024 07:17
x