As células do cérebro produzem resíduos, e por isso o órgão precisa fazer uma espécie de limpeza. Mas o que acontece com esse "lixo"? Estudos tentam responder a essa questão ao longo dos anos, e uma série de três artigos publicados na Nature pode ter finalmente ter decifrado esse enigma.
O artigo mostra que durante o sono, ondas elétricas empurram fluido ao redor das células, das profundezas do cérebro para sua superfície. Lá, os resíduos desse fluido são absorvidos pela corrente sanguínea, que os leva ao fígado e aos rins para serem removidos do corpo.
Um desses resíduos é o amiloide, substância que forma placas no cérebro de pacientes com Alzheimer. Acredita-se que o sistema de remoção de resíduos do cérebro fica prejudicado nessa condição, e a ideia dos especialistas por trás do estudo é que essas novas descobertas possam justamente ajudar a entender onde está o problema.
É claro que não é tão simples, e exige muito mais pesquisa, mas os autores acreditam que conseguir restaurar essa drenagem um dia pode ser um passo para prevenir o desenvolvimento da doença.
Limpeza do cérebro
A limpeza do cérebro está relacionada ao chamado sistema glinfático. Funciona como um "encanamento", em que a água entra limpa, e aí você lava as mãos e a água suja sai.
Estudos anteriores indicaram que quando se dorme, o fluido cerebrospinal começa a fluir rapidamente pelo cérebro, eliminando resíduos. Inclusive, você sabia que dormir de lado ativa sistema glinfático e é melhor para o cérebro?
De qualquer forma, para entender o que empurra o fluido e como ele transporta resíduos através da barreira que separa o tecido cerebral da corrente sanguínea, os autores deste novo estudo começaram a observar o que o cérebro faz durante o sono e mediram a potência de uma onda elétrica.