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Fóssil de denisovanos é encontrado em caverna no Tibete

Em caverna no Tibete, paleontólogos encontram fóssil de um denisovano e aprendem mais sobre o comportamento desses primos extintos dos humanos modernos

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Neandertal denisovano homininio -  (crédito: Neil Howard/Flickr)
Neandertal denisovano homininio - (crédito: Neil Howard/Flickr)
Fidel Forato - Canaltech
postado em 04/07/2024 19:21

Os denisovanos são considerados uma espécie de primos extintos dos humanos modernos, mas a ciência e a paleontologia sabem muito pouco sobre os seus hábitos enquanto sociedade. Isso se deve aos poucos vestígios conhecidos desses hominídeos, mas um fóssil recém-encontrado no Tibete pode mudar essa história.

Na caverna tibetana de Baishiya, localizada a 3.280 m acima do nível do mar, uma equipe internacional de cientistas identificou o osso de uma costela proveniente de um denisovano. No mesmo local, cerca de 2,5 mil ossos animais foram identificados. 

A teoria é que todos esses ossos de animais seja o resultado da caça dos denisovanos, segundo estudo publicado na revista Nature. Mais do que isso, os pesquisadores conseguiram, pela primeira vez, compreender o comportamento desses hominídeos, extintos aparentemente depois dos neandertais.

Através da análise dos ossos, “pudemos identificar que os denisovanos caçavam, matavam e comiam uma variedade de espécies animais”, explica Geoff Smith, arqueólogo da Universidade de Reading (Inglaterra) e coautor do estudo, em nota.

Fóssil de denisovano encontrado no Tibete ajuda a contar a história desses primos extintos dos humanos modernos (Imagem: Xia et al, 2024/Nature)

Por conta da localização da caverna no Tibete e da datação dos achados, também foi possível descobrir que esses hominídeos conseguiam se adaptar a uma vida em elevadas altitudes e a climas mutáveis.

“Estamos apenas começando a entender o comportamento dessa extraordinária espécie humana”, lembra o pesquisador Smith.

Origem dos denisovanos

Diferente dos neandertais, esses hominídeos só foram descobertos por volta do ano de 2010. A primeira evidência de que eles existiam foi localizada na caverna de Denisova, na Sibéria. Inclusive, o nome vem justamente deste local. Hoje, os achados arqueológicos desse grupo ainda são raros. 

Com o novo estudo, os cientistas consideram que a caverna do Tibete foi ocupada entre 48 mil e 32 mil anos atrás. Isso significa que a extinção foi bem mais tardia do que o pensado anteriormente. Inclusive, devem ter se relacionado com outras espécies humanas.

Dieta do hominídeo de Denisova no Tibete

Usando a técnica da zooarqueologia por espectrometria de massa (ZooMS), o que permite extrair informação de ossos antigos a partir da concentração de colágeno, os cientistas descobriram quais espécies eram caçadas pelos denisovanos. Entre elas, estavam:

  • Rinoceronte-lanudo;
  • Carneiro-azul, também conhecido como bharal;
  • Iaque selvagem (um bovino);
  • Hiena-malhada;
  • Equinos;
  • Pequenos mamíferos, como marmotas;
  • Pássaros.

É interessante notar que, segundo os pesquisadores, os denisovanos removiam a carne dos ossos antes do consumo, algo que os difere dos animais e os aproxima dos humanos modernos. Outro ponto é que esses hominídeos também usavam os ossos como matéria-prima para produzir ferramentas, demonstrando elevado nível cognitivo.

Fonte: Nature, Universidade de Reading  

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