Os humanos não são os únicos que recorrem a cirurgias e a médicos, quando ocorre uma emergência de saúde. É o que aponta um estudo internacional feito com as formigas da espécie Camponotus floridanus, bastante comuns na Flórida (EUA). Esses insetos podem amputar membros de suas companheiras, em caso de necessidade, como revela vídeo.
Através de análise comportamental dos insetos e de experimentos em laboratório, os pesquisadores descobriram que essas formigas tratam, de forma seletiva, os membros feridos de outras companheiras de ninho.
Em alguns casos, elas apenas limpam os ferimentos, mas, em outras circunstâncias, podem realizar uma amputação completa do membro comprometido. Essa “cirurgia” leva menos de 40 minutos, segundo estudo publicado na revista Current Biology.
"Quando falamos sobre comportamento de amputação, este é literalmente o único caso em que uma amputação de um indivíduo é feito por outro membro de sua espécie no reino animal", afirma Erik Frank, pesquisador da Universidade de Würzburg (Alemanha) e autor do estudo, em nota. Até então, o comportamento era exclusivo dos humanos.
Como as formigas realizam amputações?
Segundo os pesquisadores, as formigas parecem avaliar o tipo de ferimento antes de determinar o tratamento ideal para aquela lesão. Basicamente, elas analisam se o problema está no fêmur ou na tíbia. Independentemente do caso, elas usam o aparelho bucal, durante a terapia definida.
Com os ferimentos no fêmur, a formiga com função de médica realiza inicialmente a limpeza do corte. Em seguida, mastiga a perna da companheira ferida, realizando a amputação. Quando o problema é na tíbia, a questão é resolvido apenas com a limpeza local.
A seguir, veja como ocorre a intervenção:
“Lesões no fêmur, onde elas sempre amputam a perna, têm uma taxa de sucesso [na recuperação] em torno de 90% ou 95%. E para a tíbia, onde não é feita a amputação, elas ainda alcançam uma taxa de sobrevivência de cerca de 75%”, pontua Frank.
Por outro lado, quando os procedimentos não são realizados, as taxas de sobrevivência são de menos de 40% e 15% para problemas no fêmur e na tíbia, respectivamente. Então, a intervenção é completamente positiva.
Formigas médicas e enfermeiras
“As formigas são capazes de diagnosticar uma ferida, verificar se ela está infectada ou estéril e tratá-la adequadamente”, destaca o pesquisador Frank. É como se esses insetos fossem realmente médicos e enfermeiros.
Agora, a equipe busca entender se formigas do gênero Camponotus ou ainda de outros gêneros têm o mesmo comportamento e instinto médico. As novas pesquisas comportamentais ainda não começaram.
Anteriormente, biólogos tinham documentado outro tipo de comportamento médico entre as formigas da espécie Megaponera analis. Elas têm uma glândula especial, capaz de gerar compostos antimicrobianos. Quando alguma companheira é ferida ou elas se machucam, essas formigas depositam essa substância (que impede infecções) nos ferimentos.
Fonte: Current Biology e Universidade de Würzburgo