De acordo com a teoria das ondas de inovação desenvolvida por Joseph Schumpeter e amplamente utilizada por pensadores da área, a tecnologia e o empreendedorismo estão em constante renovação para atender às demandas de desenvolvimento econômico de cada período histórico.
Não é surpreendente que a sexta onda, iniciada em 2020, seja a da sustentabilidade. Marcada pelas emergências climáticas, essa onda deve ser o epicentro das discussões nos próximos anos em todo o mundo.
Dentro deste cenário, o Brasil possui uma grande chance de se destacar e emergir como uma potência de desenvolvimento sustentável. Com acesso a uma vasta diversidade de recursos naturais e enfrentando diferentes desafios em seu extenso território, as oportunidades de negócios são quase infinitas. No entanto, para que esse cenário se concretize, é necessário que existam incentivos para empreendimentos ligados a ESG e que os empreendedores estejam atentos às mudanças e desafios.
O futuro já começou
Todos que participam de eventos de empreendedorismo no território nacional e acompanham as movimentações do ecossistema, sabem que o número de startups desenvolvendo soluções para um futuro mais sustentável é cada vez mais expressivo. O mais interessante é observar como a atuação dessas empresas abrange os mais diversos nichos.
A gestão de resíduos é um dos caminhos mais comuns e, ainda assim, indispensáveis para o futuro do meio ambiente. Não é possível falar de tecnologias mais complexas se antes, não estivermos lidando com nossos resíduos, não apenas os domésticos, tanto os domésticos quanto aqueles gerados pela indústria e pelo agronegócio. A Recicla.club é um exemplo de startup que trabalha diretamente com outras organizações, coletando os resíduos de qualquer natureza e encaminhando-os para o destinatário correto. A Valora segue o mesmo caminho, mas atua também junto a condomínios. Para atingir o público B2C, existem soluções como a Flori, que transforma o processo de reciclagem por meio da gamificação.
A maior aposta do desenvolvimento sustentável é a geração de energia limpa. As Cleantechs e Greentechs brasileiras estão crescendo nesse setor, e o modelo de negócio mais utilizado é o repasse de energia por meio de planos de assinatura. É o caso da Enliv que repassa energia gerada em suas próprias usinas aos assinantes, ou a Volters, que faz a ponte entre produtores e consumidores.
Estes são apenas alguns exemplos dos movimentos que estão acontecendo no cenário inovador do Brasil, mas as oportunidades de atuação são infinitas. Conheço desde casos de startups que atuam com nanotecnologia para aproveitamento de matéria-prima, até as que usam a tecnologia a favor da neutralização de carbono.
Desafios na conquista de um mercado sustentável
Uma das primeiras barreiras que startups precisam romper é a de acesso ao mercado, especialmente quando oferecem soluções que visam modificar a forma como pessoas e empresas já interagem com suas rotinas. Startups que propõem novas formas de consumir energia, lidar com resíduos ou utilizar matéria-prima precisam convencer seu público-alvo e os investidores de que o esforço vale a pena, não apenas para o meio ambiente, mas também para o ganho de capital.
Atingir um público B2C é um desafio ainda maior. Atualmente, as startups parecem encontrar mais visibilidade atuando diretamente com outras empresas, já que o retorno financeiro é maior e mais evidente. Por outro lado, startups buscando atingir o consumidor final encontrarão um caminho menos saturado de concorrentes e com mais oportunidades a serem exploradas.
Outro desafio, é a parte regulatória da operação desses empreendedores. Além das métricas oficiais a serem definidas para que as empresas estejam dentro da conformidade da lei.
Por outro lado, o Brasil já apresenta medidas de incentivo governamental para empresas que adotem práticas sustentáveis e de preservação ambiental, além de benefícios fiscais para aquelas que investem em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o futuro.
O empreendedorismo global está evoluindo em direção a um desenvolvimento mais sustentável e consciente do meio ambiente, e o Brasil não está ficando para trás nessa tendência. Pelo contrário, o país parece avançar a passos largos rumo a um futuro em que essa sustentabilidade se torne um dos maiores diferenciais de nosso mercado.