A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico) entraram em rota de colisão por conta da alíquota de importação sobre carros eletrificados importados.
Os dirigentes dos dois órgãos expuseram seus pensamentos conflitantes em relação às taxas estabelecidas pelo Governo Federal, que estão vigentes desde janeiro, e, pelo cronograma oficial, sofrerão reajustes em julho de 2025 e janeiro de 2026, até atingir o teto em julho daquele ano.
Em entrevista recente, Márcio de Lima Leite revelou que fará um pedido oficial para que a taxa máxima de 35% para a importação de carros elétricos (BEVs), híbridos (HEVs), híbridos plug-in (PHEVs) e micro-híbridos (MHEVs) seja antecipada para 2024.
A atitude do presidente da Anfavea não agradou ao dirigente da ABVE. Para Ricardo Bastos, o que a Anfavea está tentando fazer é uma “quebra de regra”. Na visão do executivo, se o Governo Federal ceder à pressão, causará insegurança jurídica no país e poderá afastar os investimentos no setor.
Bastos alega que “impostos já irão dobrar”
O presidente da ABVE foi além em sua defesa de não antecipar a alíquota máxima de importação para eletrificados em dois anos, como quer o colega da Anfavea. Para Ricardo Bastos, os impostos sobre os veículos do segmento já irão “praticamente dobrar” a partir de 1º de julho.
O executivo lembrou, com propriedade, que “o que é 10% vai virar 18%. o que é 12% vai virar 24% e o que é 15% vai virar 25%”, sintetizando os novos percentuais das alíquotas para carros elétricos puros, híbridos plug-in e híbridos leves, respectivamente.
A ideia da Anfavea, por sua vez, é bem clara: brecar a invasão dos carros importados eletrificados, especialmente os vindos da China. Vale lembrar que, pelos números recentes divulgados pela Associação de Carros de Passageiros da China (CPCA), o Brasil se tornou o maior importador de carros eletrificados chineses do mundo, com um salto de 536% em relação ao que foi registrado nos quatro primeiros meses de 2023.