Há uma constante busca tecnológica por dispositivos médicos em miniatura que possam ser integrados à vida diária para monitoramento da saúde. No entanto, alcançar essa possibilidade é difícil em razão dos métodos caros e trabalhosos para produzi-los. Uma tecnologia criada por pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne e da Universidade de Melbourne, ambos da Austrália, superou esse problema. O pequeno equipamento vestível consegue transformar o movimento da curvatura de um dedo em eletricidade utilizável, além de memorizar o formato de imagens em microminiaturas armazenadas. A ideia é que, no futuro, ele possa ser aplicado em diversos aparelhos biomédicos.
A solução tecnológica é constituída por ferrugem de bismuto, um tipo de metal líquido. Para produzi-lo, a equipe imprimiu instantaneamente camadas do composto químico por meio da técnica de fusão de baixa temperatura, formando um material estável, fino e flexível. Segundo os pesquisadores, os componentes ferroelétricos permitem que o dispositivo memorize deformações, além de converter energia mecânica em elétrica quando o dedo com o vestível é flexionado.
"Demonstramos que essa tecnologia pode ser impressa em polímeros flexíveis. Nossos aparelhos são candidatos adequados, e com alimentação própria, para pacientes que necessitam de monitoramento contínuo dos sinais vitais", explica Ali Zavabeti, líder do estudo, recentemente publicado na revista Advanced Functional Materials.
Sem rejeição
O pesquisador também destaca que, por não provocar rejeição no organismo humano, o bismuto é ideal para desenvolver tecnologias vestíveis, superando outros materiais utilizados para a mesma finalidade. "Há estudos que sustentam que os óxidos e compostos de bismuto são biocompatíveis. No entanto, a fricção dos materiais inventados é superior em comparação aos equivalentes de silício, o que significa menos irritação potencial quando em contato com a pele", afirma Zavabeti.
Segundo os autores do estudo, nos testes, o dispositivo memorizou ações de "ler", "escrever" e "apagar", desenhos do logotipo da universidade e uma insígnia quadrada. A tecnologia, que não foi utilizada por nenhum paciente durante os experimentos de memória, redigiu e armazenou essas informações em um espaço que poderia caber 20 vezes na largura de um fio de cabelo humano.
A equipe pretende, agora, ampliar a incorporação da tecnologia em diversas aplicações médicas, como sensores ultrafinos e dispositivos biomédicos vestíveis. "Os próximos passos envolvem estender a estratégia de fabricação a outros materiais para obter outras funcionalidades. Também queremos integrar esses dispositivos com tecnologias vestíveis do dia a dia", almeja Zavabeti. (AG)
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