O setor industrial é um dos responsáveis pela emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, principal gás de efeito estufa. As tecnologias disponíveis para diminuir esses lançamentos, porém, são caras e não tão efetivas. Na tentativa de mudar essa situação, pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, trabalham em um nanomaterial de baixo custo com potencial de interceptar moléculas de CO2 emitidas pelas indústrias. A solução tecnológica foi apresentada, neste mês, na revista Cell Reports Physical Science.
A equipe americana adaptou os Metal-Organic Frameworks (MOFs) — redes de materiais constituídos por estruturas porosas nanométricas — para atuar como uma gaiola que captura moléculas de CO2. Muitas dessas redes organometálicas mostraram potencial de captura de carbono, mas perderam a eficácia em contato com as porções de água encontradas nas chaminés das fábricas. A modificação feita pela equipe permite que o nanomaterial funcione em condições úmidas e prefira o CO2 ao nitrogênio.
Em nota, Kyriakos Stylianou, líder do estudo, explica que superar essas dificuldades era um dos principais objetivos da equipe. "Procuramos criar um MOF para atender às várias limitações dos materiais atualmente usados na captura de carbono: alto custo, baixa seletividade para dióxido de carbono, baixa estabilidade em condições úmidas e baixa capacidade de absorção de CO2", lista.
Leonardo Giordano Paterno, professor do Instituto de Química (IQ) da Universidade de Brasília (UnB), avalia que essa capacidade é importante para capturar o maior agente do efeito estufa, sem interferir em outros elementos que compõem a atmosfera. "Isso é importante porque a atmosfera terrestre tem cerca de 78% de sua composição em nitrogênio. Portanto, o material absorvente deve ter poros cujo tamanho seja seletivo ao CO2", explica.
"Esse MOF é um excelente candidato para aplicações de captura de carbono pós-combustão úmida", afirma, em nota, Stylianou. "É econômico com desempenho de separação excepcional e pode ser regenerado e reutilizado pelo menos três vezes, com capacidades de absorção comparáveis", completa.
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