Alimentada por bactérias

Conheça a biobateria que poderá funcionar mais de 100 anos

A equipe conseguiu alcançar o potencial de gerar energia e prolongar a vida útil da biobateria pelo processo de aceleração de reações químicas de endósporos

Biobaterias são dispositivos com grande potencial de armazenamento de energia em pequena escala, graças ao uso de matéria orgânica para fazê-las funcionar, seja de origem vegetal ou animal. Cientistas da Binghamton University, nos Estados Unidos, desenvolveram um dispositivo alimentado por bactérias, do tamanho de uma moeda de 10 centavos, para a geração de energia portátil e armazenável. Os cálculos indicam que ele tem capacidade de funcionar por mais de 100 anos.

Inspirado em um estudo anterior do Laboratório de Bioeletrônica e Microssistemas, em que desenvolveram uma biobateria ingerível ativada pelo Ph do intestino humano, os pesquisadores decidiram desenvolver um dispositivo para o uso fora do corpo. A equipe conseguiu alcançar o potencial de gerar energia e prolongar a vida útil da biobateria pelo processo de aceleração de reações químicas de endósporos — mecanismos de defesa das bactérias —, associado à liofilização, método de desidratação que permite a conservação de produtos.

A célula de combustível microbiana (CCM) criada utiliza a capacidade dos endósporos de oferecer resistência a condições nocivas ou extremas, como calor e produtos químicos, que são processos necessários para ativar essas estruturas na biobateria. "Os esporos podem persistir por longos períodos de tempo nesse estado fortalecido e dormente. Essa capacidade torna a bateria capaz de armazenar energia por 100 anos", explica Seokheun Choi, responsável por liderar o estudo.

Recarga

A CCM foi selada com um pedaço de fita Kapton, um material que pode suportar temperaturas de 200°C a 300°C. A remoção da fita permite a germinação da bactéria com produtos químicos para encorajar os micróbios a produzirem esporos, ativando o dispositivo. "A umidade absorvida move os germinantes para os esporos e desencadeia a sua germinação. Isso ativa instantaneamente a biobateria e maximiza seu desempenho de energia em 20 minutos", detalha o também professor do Departamento de Elétrica e Engenharia da Computação no Thomas J. Watson College of Engineering and Applied Science.

A ativação por calor dos esporos bacterianos reduziu o tempo de potência total de 1 hora para 20 minutos, e o aumento da umidade levou a uma maior produção elétrica. Após uma semana de armazenamento em temperatura ambiente, houve queda de apenas 2% na geração de energia. Os resultados, apresentados na revista Small, demonstram que a energia gerada na biobateria é suficiente para alimentar uma pequena lâmpada de LED, um termômetro digital ou um pequeno relógio.

Os criadores planejam, agora, criar embalagens mais compactas para evitar a invasão de umidade e outros gases no dispositivo, além de proporcionar condições de armazenamento mais otimizadas para o aumento de sua vida útil. "Embora tenhamos melhorado o desempenho da biobateria, a geração instantânea de energia continua sendo um desafio", afirma Choi.