O Instagram "pode ajudar" os adolescentes em dificuldades, afirmou nesta quarta-feira (8) o chefe do aplicativo, Adam Mosseri, durante audiência no Congresso americano, buscando dar uma imagem positiva à criticada rede social perante legisladores que se mostraram pouco convencidos.
O aplicativo de compartilhamento de imagens é acusado de ter ignorado estudos internos - vazados para a imprensa pela ex-funcionária do Facebook Frances Haugen -, que advertiram para riscos para os usuários mais jovens.
"Algumas vezes, os jovens vêm ao Instagram quando estão lidando com temas complicados em suas vidas. Acho que o Instagram pode ajudar muitos deles nestes momentos", escreveu Mosseri em seu testemunho preparado para a audiência.
"Isto é algo que nosso estudo também sugeriu", acrescentou o homem, à frente do Instagram por três anos.
Um dos estudos vazados, publicado em 2019, revelava que o Instagram refletia uma imagem pessoal negativa para um terço das jovens com menos de 20 anos.
Outro, de 2020, mostrava que 32% dos adolescentes consideravam que o uso da rede social tinha piorado a imagem que tinham de seus corpos, com os quais não se sentiam mais satisfeitos.
"As próprias pesquisas do Facebook alertaram para a direção, durante anos, do impacto prejudicial do Instagram sobre a saúde mental dos adolescentes", disse o senador Richard Blumenthal, que preside a subcomissão de proteção aos consumidores perante a qual Mosseri se apresenta.
Mas, "continuaram se beneficiando dos conteúdos porque significam mais tráfego, mais publicidade e dólares", disse, indignado, o legislador democrata.
"Temos o mesmo objetivo", respondeu Mosseri. "Queremos que os usuários jovens estejam seguros na internet".
Mas ele se negou a renunciar publicamente à criação de um Instagram para menores de 13 anos, prometendo simplesmente que a rede social não criaria contas para crianças e adolescentes de 10 a 12 anos, que pudessem ser abertas sem o consentimento dos pais.
"Estou frustrada porque é a quarta vez em dois anos que falamos com alguém da Meta (casa matriz do Instagram e do Facebook) e tenho a impressão de que a conversa se repete sem cessar", declarou a senadora Marsha Blackburn, líder dos republicanos na subcomissão.
"Minhas conversas com pais me impulsionam a pedir reformas e exigir as respostas que todo o país espera", havia dito Blumenthal na terça-feira.
Em meados de novembro, vários estados americanos abriram uma investigação para determinar se a Meta permitiu deliberadamente que crianças e adolescentes usassem a rede social apesar de saber que a plataforma poderia afetar sua saúde física e mental.
Medidas
Na véspera da audiência, o Instagram anunciou uma série de medidas para reforçar a proteção dos mais jovens.
O aplicativo vai impedir especificamente que usuários mencionem em suas publicações adolescentes que não os sigam em seus perfis e será mais estrito quanto ao que recomenda aos jovens.
A rede social também vai propor, em março de 2022, ferramentas para permitir aos pais ver quanto tempo seus filhos passam no aplicativo e estabelecer limites. E dará em breve acesso a um centro de informação com tutoriais e conselhos de especialistas.
Outra novidade: o Instagram lança, em todos os grandes mercados de língua inglesa, a opção "Faça uma pausa", que vai sugerir aos usuários parar por um tempo antes de continuar vendo conteúdo no aplicativo.
Mosseri também anunciou que em janeiro haverá um novo espaço no aplicativo, que permitirá aos adolescentes revisar toda a sua atividade no Instagram, do conteúdo publicado aos comentários, incluindo as curtidas, para eventualmente ter a possibilidade de eliminar uma parte, a fim de permitir-lhes "gerenciar mais facilmente sua pegada digital".
Os anúncios foram recebidos com desconfiança, e inclusive hostilidade, pelos senadores americanos.
Blackburn acusou o Instagram de tentar criar uma distração antes da audiência.
Enquanto isso, o presidente da Family Online Safety Institute, uma associação de defesa das famílias usuárias da internet, Stephen Balkam, saudou a decisão como um sinal "animador".
"Esta é a última de uma longa lista de melhorias que o Instagram fez nos últimos dois ou três anos", disse.
"O Instagram é mais seguro do que nunca", continuou. "Menos tóxico para os adolescentes. Nunca será perfeito, jamais completamente seguro. Mas é assim com todas as redes sociais".
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