Biovestimentas

Tecido feito com tinta de microalgas

Pela primeira vez, uma equipe de pesquisadores americanos e holandeses imprimiu materiais 3D feitos com microalgas. O produto, uma mistura de elementos vivos e não vivos, poderá ser usado em diversas aplicações — como na confecção de roupas para expedições espaciais. Empreendimentos de energia, medicina e moda também estão entre os possíveis beneficiados. Detalhes da solução inovadora foram publicados na última edição da revista especializada Advanced Functional Materials.

A equipe também usou no projeto uma celulose bacteriana não viva — um composto orgânico que é produzido e excretado por bactérias e também pelas microalgas. “A celulose bacteriana tem muitas propriedades mecânicas, incluindo flexibilidade, dureza, resistência e capacidade de reter sua forma, mesmo quando torcida, esmagada ou fisicamente distorcida”, detalha Srikkanth Balasubramanian, pesquisador da Delft University of Technology, na Holanda, e um dos autores do estudo.

A celulose bacteriana funciona como o papel, enquanto as microalgas, como a tinta. A junção dos dois produtos só foi possível graças ao uso de impressoras 3D. A combinação deu origem a um material resistente e resiliente, além de ecologicamente correto, biodegradável e fácil de ser produzido em escala comercial

Multiúso
O aspecto sustentável da iniciativa também chama a atenção. “A impressão tridimensional é uma tecnologia poderosa para a fabricação de materiais funcionais que têm diversas utilidades e que agridem menos a natureza”, afirma, em comunicado, Balasubramanian. O projeto conta com a ajuda de pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos.

O grupo acredita que a nova tecnologia poderá ser usada principalmente na produção de biovestimentas, com roupas produzidas de forma sustentável e totalmente biodegradáveis. “Também abre a porta para o uso de trajes especiais, feitos para quem precisa ir para o espaço, por exemplo. Poderemos, no futuro, incluir ainda mais funcionalidades nesse material. É um mundo de possibilidades a ser explorado”, aposta Balasubramanian.