Apple e Google retiram o Fortnite de suas lojas de aplicativos

A Epic Games instalou um método de pagamento alternativo, que permite aos jogadores economizar dinheiro ao evitar os sistemas integrados pré-determinados e obrigatórios

Apple e Google retiraram na quinta-feira o Fortnite de suas lojas de aplicativos, depois que Epic Games, desenvolvedora do jogo de grande sucesso, tentou evitar os sistemas para pagar as comissões aos dois gigantes da tecnologia.

Os desenvolvedores devem pagar às plataformas de download de aplicativos (App Store e Google Play Store) uma comissão de 30% sobre as transações dos usuários.

A Epic Games instalou um método de pagamento alternativo, que permite aos jogadores economizar dinheiro ao evitar os sistemas integrados pré-determinados e obrigatórios.

"Hoje, a Epic Games tomou a infeliz decisão de quebrar as regras da App Store, que se aplicam a todos os desenvolvedores e são projetadas para manter a loja segura para nossos usuários", afirmou a Apple à AFP.

"Como resultado, o Fortnite foi retirado da loja."

As pessoas que utilizam dispositivos Apple poderão continuar jogando, mas não receberão mais atualizações, que passam pela App Store.

Em resposta, a Epic Games decidiu levar a Apple aos tribunais. O estúdio acusa o grupo com sede na Califórnia de abuso de posição dominante e práticas "anticompetitivas".

"A Apple é maior, mais poderosa, mais arraigada e mais perniciosa que os monopólios de antigamente", afirma a denúncia apresentada na quinta-feira a um tribunal federal.

O Fortnite foi jogado por cerca de 350 milhões de pessoas no mundo todo desde seu lançamento em 2017.

Os jogadores devem sobreviver buscando armas e recursos enquanto tentam eliminar adversários em um mundo virtual, em um produto que virou uma das principais competições dos e-sports.

A Epic Games pediu à corte que obrigue a Apple a mudar as regras para todos os desenvolvedores de aplicativos.

"A Apple impõe restrições irracionais e ilegais para monopolizar os dois mercados", afirma a denúncia do estúdio, que chama a comissão de 30% de "imposto tirânico".

"A Apple se tornou o que um dia criticou: o gigante que busca controlar os mercados, bloquear a competição e reprimir a inovação", argumenta a defesa da Epic.

A empresa fundada pelo falecido Steve Jobs é foco nos últimos meses de diversas críticas pelo forte controle que exerce em sua loja virtual de aplicativos, que é a única forma de adquirir os 'apps' nos telefones Iphone e nos tablets Ipad.

A gigante do Vale do Silício defende que sua posição é necessária para manter os aplicativos e seus usuários a salvo de hackers e golpistas, afirmando que cobrar 30% de tarifa nas transações é um valor legítimo para administrar da loja. O percentual pode cair a 15% a partir do segundo ano.

A situação é diferente no sistema operacional da Google, Android, que permite aos desenvolvedores oferecer seus aplicativos em diferentes plataformas.

Mas "para os editores de jogos que optam por passar pela Play Store, temos regulamentos consistentes que são justos para os desenvolvedores e garantem a segurança da loja para os usuários", afirmou Google à AFP.

"Fortnite segue disponível no Android, mas não podemos mais oferecê-lo na Play Store porque viola nossas regras", completa o grupo, ao mesmo tempo que expressa sua vontade de discutir com o editor para que o jogo possa retornar.

Ao levar o caso aos tribunais, a Epic Games "está tomando um caminho arriscado e calculado" no momento em que a Apple "está no centro das atenções das autoridades em Washington e Bruxelas a respeito da questão da App Store", afirmou o analista Dan Ives, da Wedbush.

A Apple é acusada de ser juiz e parte na App Store, já que administra a plataforma e também oferece os próprios produtos.