
Quando falamos em moradia, as pessoas podem ser divididas em duas categorias, as que preferem casas e as que preferem apartamentos. A predileção é, na maioria das vezes, justificada pelas vantagens de cada modalidade, e é embasada também pelo hábito. Quem sempre morou em um costuma ter dificuldade de se adaptar ao outro.
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Entre os benefícios de morar em casa, os mais citados são a privacidade, o espaço para quintais, hortas, árvores e piscina, além de uma facilidade para ter animais de estimação. Uma maior liberdade para reformar e personalizar os espaços também é um ponto positivo.
"As casas possibilitam a criação de espaços privativos, como piscinas, churrasqueiras e áreas de lazer personalizadas, promovendo momentos de convivência e lazer sem precisar compartilhar esses espaços com outros moradores", acrescenta Bruno Bertaglia, sócio da Pilottis, agência de marketing imobiliário.
Já os que valorizam mais os apartamentos ressaltam a segurança, afinal, na grande maioria, existe o monitoramento 24 horas por meio das portarias, além de um controle de acesso rigoroso. A facilidade de manutenção também é uma das maiores vantagens de morar em um prédio. Bruno acrescenta que a manutenção das áreas comuns é compartilhada entre os condôminos, reduzindo custos e eliminando a necessidade de cuidar individualmente de jardins, fachadas e outras estruturas.
No entanto, além do gosto e de quais vantagens mais trazem brilho aos olhos do morador, é necessário considerar o estilo e o momento de vida. A designer de interiores Cybele Barbosa comenta sobre um fenômeno que acontece no Lago Sul e que ilustra esse aspecto.
"A população tem se tornado mais nova. Os pais estão fazendo doações em vida de suas casas para os filhos e se mudando para apartamentos em busca de vidas mais práticas. Os mais jovens começam a vida com filhos em casas com jardins, área verde e muita qualidade de vida", comenta a especialista.

Cybele explica que as necessidades e as questões de saúde também devem ser consideradas na hora de definir a moradia. Pessoas mais velhas ou com dificuldades de locomoção, por exemplo, vão ter mais dificuldade vivendo em uma casa muito grande e com muitas escadas. Já pessoas com filhos vão preferir espaços em que as crianças possam explorar e correr, mas dentro de casa. "Então as duas coisas existem, são boas e atendem a perfis de públicos diferentes", completa.
Particularidades do Quadradinho
Em Brasília, de forma mais específica, mesmo as pessoas que gostam de espaços mais abertos e natureza se sentem bem em apartamentos. "A cidade foi planejada e funciona muito bem. Temos apartamentos muito arborizados, com pilotis e tudo integrado, sobretudo nas asas Sul e Norte", comenta Cybele Barbosa.
Já no Sudoeste e no Noroeste, as quadras são cercadas de parques e espaços para que as pessoas tenham contato com a natureza, ao mesmo tempo que se beneficiam da segurança dos apartamentos.
Nos condomínios horizontais fechados espalhados pela cidade, os moradores também encontram um certo intercâmbio, unindo os quintais, as piscinas e os espaços abertos das casas com a segurança das guaritas e dos vigilantes.

Mas os empreendimentos imobiliários resolveram dar um passo além. São vistas, em Brasília, diversas inaugurações de apartamentos com enormes terraços, onde é possível ter quintais e piscinas, assim como nas casas. E, embora, não sejam a mesma coisa que um enorme terreno, são alternativas para quem busca um meio-termo.
Júlio Crosara, arquiteto de empreendimentos que trazem essa característica, acredita que a integração entre os conceitos de casa e apartamento é uma forte tendência no mercado imobiliário. Segundo ele, as townhouse, como são chamadas, são projetadas com a intenção de proporcionar ao cliente a experiência de morar em um imóvel que se assemelha a uma casa, mas dentro de um condomínio fechado, com toda a infraestrutura coletiva.
"As pessoas buscam um estilo de vida mais equilibrado, em que possam desfrutar de espaço e privacidade sem as preocupações com manutenção excessiva e segurança, e é exatamente isso que esse conceito oferece", completa.
Cybele acrescenta que a ideia é transcender as fronteiras comuns de um apartamento, incorporando a natureza de forma íntima. Ela defende que, nesse tipo de moradia, a natureza se entrelace à arquitetura de uma forma diferente, afinal, para que tudo funcione bem, é necessária uma integração cuidadosa.

"É ideal para quem quer a tranquilidade e a segurança de não precisar se preocupar. Quer viajar? Fechou a porta e pronto. Ao mesmo tempo, tem essa pegada de ter o verde dentro de casa e se sentir verdadeiramente em uma casa", completa.
Bruno Bertaglia acredita que a tendência vai continuar se expandindo, impulsionada pelo desejo das pessoas de terem tudo o que precisam sem sair de casa. Ele menciona também o envelhecimento da população, que aumenta a busca por residências que exijam menos manutenção, sem abrir mão da qualidade de vida. Para famílias com crianças, Bruno ressalta o espaço privativo onde os pequenos podem brincar livremente, mas dentro de um ambiente controlado e protegido.