Encontro com o chef

Unindo duas paixões: brasiliense se torna chef do próprio restaurante

Apaixonado por gastronomia desde a infância, chef trabalhou para realizar um segundo desejo antigo: tornar-se dono do próprio negócio

Chef Marcello Lopes, dono do Italianíssimo -  (crédito: Felipe Menezes/Divulgação)
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Chef Marcello Lopes, dono do Italianíssimo - (crédito: Felipe Menezes/Divulgação)

Quando criança, Marcello Lopes tinha dois sonhos: trabalhar com gastronomia e ser dono do próprio negócio. Hoje, aos 46 anos, pode-se dizer que é um homem realizado. Trilhou uma longa e bem-sucedida carreira como chef de cozinha e mantém três empreendimentos — com planos de expandir em breve.  

Mas para chegar a esse estágio, o brasiliense conta que o trabalho foi árduo. "Sou um workaholic assumido. Chegava a trabalhar 16 horas por dia. Sentava no sofá para assistir a televisão e cochilava de exaustão. Já acordava para ir trabalhar novamente", relembra.

E a inserção no universo das panelas começou cedo. Aos 14 anos, o brasiliense aproveitou as férias escolares para trabalhar no restaurante da família, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Fato que se repetiu nos anos seguintes. "Comecei lavando louça, limpando o chão, mas observava e aprendia muito. Sem falar que o meu tio me pagava bem. Eu também ia atrás de uns trocados", diverte-se.  

Em 2003, Marcello, então estudante de direito, decidiu que estava na hora de correr atrás dos seus verdadeiros sonhos. Comprou uma passagem para Perth, cidade australiana com importante tradição gastronômica, para estudar e, claro, fazer um pé de meia. De cara, ao chegar, conseguiu um emprego no Belíssimo Café, restaurante especializado em comida franco-italiana, com pegada mediterrânea. "Comecei lavando louça e terminei como chef executivo."

Nesse período, fez um curso de gastronomia e recebeu do dono do restaurante um visto sponsored, de habilidade, que lhe permitia trabalhar na Austrália patrocinado por um empregador regional. Parte da rápida ascensão do brasiliense na cozinha se deu pelo fato de que ele ficou responsável por preparar o cardápio especial do dia. 

"Pegava ingredientes sazonais ou que estavam na cozinha há mais tempo e criava um menu diferente todos os dias, que não faziam parte do cardápio formal. Um dia, preparei uma sopa de abóbora e gengibre, o pai do dono do restaurante comeu e ficou impressionado, queria saber quem tinha feito", lembra. Essa nova atribuição foi lhe dando fama e levando mais clientes ao Belíssimo, mas também foi dando uma sobrecarga de trabalho.

De volta

Em 2009, depois de cinco anos e sete meses morando na Austrália, Marcello decidiu que era hora de retornar ao Brasil. Em Brasília, depois de ter se tornado chef, realizou o segundo sonho: abriu o próprio restaurante, o The Gong, na Asa Norte. "Eu tinha passado uma temporada em Bali e, como estava pensando em voltar, comprei toda a decoração para montar o restaurante, inclusive, um gongo gigante."

No cardápio, saladas, pratos leves e coloridos, e pizza. Quando estava na Austrália, Marcello participou de um concurso e recebeu um prêmio de melhor pizza do mundo. Ela era um dos carros-chefes do The Gong, preparada em forno a lenha. 

Inquieto, em 2012, resolveu desfazer a sociedade e trabalhar como consultor de restaurante, não só de Brasília, mas de outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba. Também aceitou atuar na cozinha do Bottarga, tradicional casa da cidade que fechou as portas em 2016. 

O chef recebeu o convite da IMC (International Meal Company) — empresa do ramo de alimentação com forte atuação em aeroportos e companhias aéreas — para ser o chef executivo de companhias aéreas internacionais, como foco no cardápio da primeira classe. De quebra, ainda se tornou o responsável por preparar as refeições do avião presidencial, na gestão de Dilma Rousseff. "Trabalhava de dia para as companhias aéreas e de madrugada para o avião presidencial."

Mesmo para um workaholic assumido, estava na hora de dar uma pausa. Quer dizer, em tesa, já que Marcello decidiu voltar a ter o próprio restaurante. Em julho de 2018, abriu a primeira boucherie (espécie de butique de carne) de Brasília. A proposta do Blend Boucherie (@blendboucherie) é trabalhar com cortes nobres de carne. O cliente escolhe a proteína desejada e um rodízio de 20 acompanhamentos, armazenados em panelinhas, vai até a mesa.

Expansão

O projeto deu super certo e conseguiu, inclusive, sobreviver aos anos de pandemia, maior desafio vivido, segundo o chef. Com o fechamento do restaurante ao lado do Blend, na 412 Norte, Marcello fez a proposta de ocupar o espaço e abrir uma nova casa: a Italianíssimo Cucina & Pizza (@italianissimobsb), em 2022. O nome é uma homenagem ao Belíssimo, restaurante em que trabalhou em Perth, e tem a mesma pegada do que ele fazia por lá. No cardápio, principalmente, massas clássicas e pizzas. 

Em setembro de 2023, recebeu o convite para abrir uma filial do Italianíssimo no Mané Mercado. Lá, por conta da própria proposta do negócio, os pratos são servidos em versão pocket. Com a expansão do Mané para o Lago Sul, prevista  para este ano, Marcello deverá também marcar presença no local. Para o futuro, ele ainda pretende abrir uma nova casa, de preferência na Asa Sul, em que possa mesclar o cardápio do Blend com o do Italianíssimo.

Enquanto esse dia não chega, Marcello tem investido na criação de um novo cardápio para as duas operações, sendo a grande novidade a inclusão de um menu executivo em três etapas, de segunda a sexta, a R$ 79,90, no Blend. Já o Italianíssimo ganhará novos pratos, como lagosta e bacalhau servidos com massa caseira. "Quando voltei para o Brasil, tinha muita dificuldade de encontrar ingredientes de qualidade. Era difícil achar aspargos e cogumelos frescos, assim como bons cortes de carne como os da raça angus. Hoje, temos excelentes produtos", comemora. Uma facilidade a mais para o chef de cozinha.  

Carbonara do chef Marcello Lopes

Carbonara do hef Marcello Lopes
Carbonara do hef Marcello Lopes (foto: Fotos: Felipe Menezes/Divulgação)

Ingredientes

200g de espaguete

100g de pancetta ou bacon em cubos

2 gemas de ovo

1 ovo inteiro

50g de queijo parmesão ou pecorino ralado

Pimenta-do-reino a gosto

Sal a gosto

Modo de preparar

Cozinhe o macarrão: ferva água com sal e cozinhe o espaguete até ficar al dente. Reserve um pouco da água do cozimento (cerca de ½ xícara). 

Prepare a mistura de ovos e queijo: em uma tigela, misture as gemas, o ovo inteiro, o queijo ralado e bastante pimenta-do-reino. Mexa bem até formar um creme homogêneo.

Frite o bacon: em uma frigideira, doure a pancetta ou o bacon até ficar crocante. Não precisa adicionar óleo, pois a própria gordura do bacon já é suficiente.

Misture tudo: assim que o macarrão estiver pronto, escorra e jogue na frigideira com o bacon. Mexa bem para incorporar os sabores. Desligue o fogo e adicione a mistura de ovos e queijo. Misture rapidamente para formar um molho cremoso, sem que os ovos cozinhem demais. Se necessário, adicione um pouco da água do cozimento para deixar o molho mais aveludado.

Finalize e sirva: ajuste o sal (cuidado, pois o queijo e o bacon já são salgados). Sirva com mais queijo ralado e pimenta-do-reino moída na hora.

Serve duas pessoas

 

Sibele Negromonte
postado em 23/03/2025 06:00