Saúde

Doença do beijo: fique atento ao vírus do carnaval

As doenças contagiosas são mais frequentes na época de folia. A mononucleose, por ter sintomas iguais aos de outras patologias, pode ser confundida com infecções respiratórias

A transmissão ocorre principalmente por contato íntimo, como beijos -  (crédito: Reprodução/ Pinterest)
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A transmissão ocorre principalmente por contato íntimo, como beijos - (crédito: Reprodução/ Pinterest)

Apesar de ser conhecida por doença do beijo, a mononucleose não é transmitida apenas assim. Por se tratar de uma infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV), o contágio se dá por meio da saliva, ou seja, pode ser transmitida por meio do contato com pessoas contaminadas, do compartilhamento de objetos pessoais, como copos e talheres, do sangue, de seringas ou transfusão, e pelo sexo desprotegido. 

Durante o carnaval, a atenção deve ser redobrada, pois as chances de contaminação aumentam devido às aglomerações e às interações típicas da época, compartilhamento de utensílios e baixa imunidade, pelo excesso de álcool e alimentação inadequada, que podem enfraquecer o sistema imunológico.

Segundo o Ministério da Saúde, a doença é considerada comum no mundo inteiro e afeta, principalmente, jovens e adultos com idade média entre 15 a 25 anos. Por não ter um método de prevenção específico, a melhor forma para se expor menos à doença é fortalecer o sistema imunológico. A recuperação completa pode levar de duas a quatro semanas.

 

A mononucleose infecciosa é relativamente comum, principalmente em adolescentes e jovens adultos
A mononucleose infecciosa é relativamente comum, principalmente em adolescentes e jovens adultos (foto: Reprodução/Freepik)

Sintomas

Normalmente, os primeiros sintomas apresentados são:

Fadiga

Febre

Dor de garganta

Linfomas, especialmente no pescoço e axilas

Manchas avermelhadas pelo corpo

Dor de cabeça 

Dor muscular

Perda de apetite

De acordo com Arthur Seabra, clínico geral e coordenador da Emergência do Hospital Santa Lúcia Sul, é importante ter muita atenção aos sintomas. "Esses sintomas podem ser facilmente confundidos com os de outras doenças, como gripe e amigdalite bacteriana, devido à semelhança nas manifestações clínicas", explica. 

Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças
Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças (foto: Reprodução/ Freepik)

Em casos mais graves: 

Aumento do baço e do fígado

Anemia

Hepatite

Hemorragia

Trombocitopenia: redução no número de plaquetas

Complicações neurológicas: como meningite e encefalite 

Obstrução das vias aéreas, devido ao inchaço das amígdalas e linfonodos

Prevenção

O infectologista Marcelo Cordeiro, consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde, orienta alguns cuidados básicos. "As principais recomendações incluem o uso de preservativos em todas as relações sexuais, a não partilha de copos, garrafas ou utensílios pessoais e cuidados gerais, como manter-se hidratado, moderar o consumo de álcool e higienizar as mãos antes das refeições."

Tratamento

Segundo Arthur Seabra, não existe um tratamento específico para a mononucleose, o foco é no alívio dos sintomas com:

Repouso

Hidratação

Uso de medicamentos

Evitar esforços físicos

Palavra do especialista 

Existem casos assintomáticos? Como identificar a doença nesses casos?

Sim, muitos indivíduos podem ser assintomáticos ou ter sintomas leves, semelhantes aos de um resfriado. A infecção pode ser identificada por exames laboratoriais, mas que, no caso de pessoas sem sintomas, dificilmente são realizados. 

Quem já teve mononucleose pode contrair a doença novamente?

Geralmente, não. Após a infecção, o organismo desenvolve imunidade permanente. O vírus, no entanto, permanece latente no corpo e pode ser reativado em algumas situações, como em pessoas com a imunidade comprometida, mas isso raramente causa sintomas semelhantes à mononucleose inicial.

Quanto tempo após os sintomas desaparecerem o paciente ainda pode transmitir o vírus?

O vírus é eliminado na saliva, então a transmissão ocorre principalmente por contato íntimo, como beijos, compartilhamento de utensílios ou gotículas respiratórias. Mesmo após o desaparecimento dos sintomas, os indivíduos podem continuar a carregar e a eliminar o vírus na saliva. Não se sabe exatamente por quanto tempo. Portanto, é possível transmitir o vírus, mesmo sem apresentar sintomas.

Marcelo Cordeiro é infectologista e consultor médico do Sabin Diagnóstico e Saúde

*Estagiária sob a supervisão
de Sibele Negromonte

 

  • A mononucleose infecciosa é relativamente comum, principalmente em adolescentes e jovens adultos
    A mononucleose infecciosa é relativamente comum, principalmente em adolescentes e jovens adultos Foto: Reprodução/Freepik
  • Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças
    Os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças Foto: Reprodução/ Freepik
Loanne Guimarães
postado em 03/03/2025 10:00 / atualizado em 02/03/2025 10:00