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Maximalismo, o estilo de design que abraça o excesso com personalidade

Ele chegou para ficar e é muito mais do que um estilo decorativo; é uma expressão de criatividade, autenticidade e memória. Veja como adaptá-lo em uma casa grande ou em um espaço compacto

O maximalismo é uma forma de arte que expressa a personalidade de quem habita o espaço -  (crédito: Reprodução/Pinterest )
O maximalismo é uma forma de arte que expressa a personalidade de quem habita o espaço - (crédito: Reprodução/Pinterest )

O maximalismo é o oposto do tão famoso e queridinho minimalismo. Uma casa maximalista é como uma galeria viva, onde todo canto conta uma história e cada objeto tem algo a dizer. Imagine um espaço onde paredes brancas ganham pinceladas de cor vibrante, coleções pessoais viram obras de arte, e o caos transforma-se em uma harmonia visual única. É o lar que abraça o excesso com intenção e personalidade.

Para Aline Silva, design de interiores da InteriorAS, o estilo é a celebração da expressão pessoal. "É um mosaico no qual cada detalhe importa. Não existe espaço vazio para equilibrar; o equilíbrio está na mistura. É um estilo que desafia as regras e exalta a autenticidade do morador", explica.

Quando Daphne Ramos, profissional de marketing, se mudou para sua casa, em 2021, o espaço não refletia sua energia vibrante. "Eu sempre fui muito colorida, mas a casa era toda branca. Passei por um término de relacionamento e estava muito triste. Ver aquelas paredes brancas só piorava. Então, meus amigos vieram com várias tintas coloridas, e juntos pintamos tudo. O glow up veio, e assim nasceu minha casinha colorida", lembra.

No maximalismo, nada é neutro ou "apenas funcional", tudo precisa ter presença e personalidade, seja pela cor, pelo design ou pela história que carrega
No maximalismo, nada é neutro ou "apenas funcional", tudo precisa ter presença e personalidade, seja pela cor, pelo design ou pela história que carrega (foto: Arquivo Pessoal )

O maximalismo para Daphne é mais do que um estilo decorativo; é uma filosofia de vida. "Minha casa abraça. Uso muitas cores quentes porque elas criam um ambiente solar e acolhedor", ressalta. Ela também é criteriosa na escolha dos objetos. "Não tenho regras fixas. Acredito que tudo pode ser decoração se você tiver o olhar certo. Cada item tem uma história e desperta uma emoção. É como se minha casa fosse um museu de memórias", completa.

Obstáculos 

Apesar de ser uma decoração marcante e única, Aline alerta que o estilo exige cuidado e uma certa curadoria. "Um erro comum é acumular objetos sem intenção, o que pode criar um ambiente visualmente cansativo. No maximalismo, cada peça deve ter um propósito, seja funcional ou emocional, e é essencial ter uma paleta de cores base para unir os elementos. Também é importante equilibrar áreas cheias e vazias para evitar sobrecarregar o olhar, assim como conectar diferentes estilos por meio de cores, materiais ou formas", adiciona a design de interiores. 

Daphne, na mesma sintonia que a especialista, destaca que o maior desafio da decoração maximalista é não poder colocar tudo ao mesmo tempo. Para ela, é necessário ter muito cuidado para não virar um grande acúmulo de coisas. É como uma dança de decoração, na qual vai guardando, revezando e mudando os objetos. Mesmo em uma casa maximalista, não dá para colocar tudo junto. 

Ela acrescenta, ainda, que a limpeza é outro empecilho. "Acaba sendo outro obstáculo, pois quanto mais itens, principalmente objetos pequenos de decoração, mais coisas para limpar. Mas sinto que vale a pena", acrescenta.

Daphne coloca sua marca pessoal em cada canto. "Acredito que tudo pode ser decoração se você tiver o olhar. Por exemplo, encontrei umas barras de chocolate que gostei das embalagens, e transformei em um quadro. Também tenho uma parede só de itens da Bahia, outra dedicada à França, com quadros que trouxe de viagem. Acho que o principal é que cada item tem uma história e cada história desperta uma emoção", conta. 

Tudo pode ser decoração se você tiver o olhar
Tudo pode ser decoração se você tiver o olhar (foto: Arquivo Pessoal )

Personalidade em cada detalhe

Para criar ambientes únicos e harmônicos, Aline sugere combinar elementos de diferentes estilos e épocas com cuidado. "O segredo está em encontrar conexões, seja pela paleta de cores, materiais ou proporções. Por exemplo, uma peça vintage pode conversar com algo moderno se ambas tiverem tons semelhantes."

Apesar da abundância visual, a funcionalidade é essencial no maximalismo. "Mesmo com tantas camadas e texturas, é importante que o espaço seja prático e confortável," ressalta Aline. A iluminação, nesse processo, desempenha um papel crucial para destacar a riqueza de detalhes. A princípio, deve ser pensada para realçar as camadas visuais, sem criar desordem.

Usar luz difusa no teto com plafons ou luminárias pendentes. Destacar objetos importantes com spots ou arandelas, e escolher lâmpadas de temperatura quente (2.700K a 3.000K) são possibilidades para criar um ambiente acolhedor. Abajures e luminárias decorativas podem adicionar estilo e textura ao espaço. Aproveitar a luz natural com cortinas leves ou espelhos para realçar a iluminação e as camadas visuais também pode ser uma boa opção, segundo a designer.

Em qualquer espaço

Embora seja naturalmente associado a espaços amplos, Aline garante que, com a abordagem certa, o maximalismo pode funcionar lindamente em áreas pequenas. "Pode trazer personalidade e calor, desde que haja equilíbrio e uma curadoria cuidadosa dos elementos. Equilibrar a abundância característica do estilo com a funcionalidade necessária em um espaço reduzido é essencial", observa. O segredo está em equilibrar a abundância com escolhas estratégicas, como usar prateleiras altas, optar por um ponto focal e manter uma paleta coesa.

O maximalismo desafia o senso comum, nos lembrando que beleza e funcionalidade podem coexistir em um cenário de complexidade
O maximalismo desafia o senso comum, nos lembrando que beleza e funcionalidade podem coexistir em um cenário de complexidade (foto: Arquivo Pessoal )

Daphne é a prova viva de que o maximalismo vai além do espaço físico. "Desde pequena ,sempre fui uma pessoa muito criativa, colorida e estampada. Quando fui morar sozinha, a maior vontade sempre foi transformar a casa para que tivesse 100% a minha cara. Um lugar que as pessoas vejam e falem: 'Nossa, é você!'. E que contasse muitas histórias. Nunca tive um plano rígido de como seria, foi uma jornada bem orgânica e fluida. Queria que todos se sentissem bem", diz.

*Estagiária sob a supervisão de Ailim Cabral

  • Tudo pode ser decoração se você tiver o olhar
    Tudo pode ser decoração se você tiver o olhar Foto: Arquivo Pessoal
  • Daphne considera sua casa um livro de memórias
    Daphne considera sua casa um livro de memórias Foto: Arquivo Pessoal
  • No maximalismo, nada é neutro ou
    No maximalismo, nada é neutro ou "apenas funcional", tudo precisa ter presença e personalidade, seja pela cor, pelo design ou pela história que carrega Foto: Arquivo Pessoal
  • O equilíbrio está na mistura
    O equilíbrio está na mistura Foto: Arquivo Pessoal
  • O maximalismo desafia o senso comum, nos lembrando que beleza e funcionalidade podem coexistir em um cenário de complexidade
    O maximalismo desafia o senso comum, nos lembrando que beleza e funcionalidade podem coexistir em um cenário de complexidade Foto: Arquivo Pessoal
  • As paredes de sua casa são todas coloridas
    As paredes de sua casa são todas coloridas Foto: Arquivo Pessoal
  • O segredo está em encontrar pontos de conexão que unam as peças e criem uma harmonia visual
    O segredo está em encontrar pontos de conexão que unam as peças e criem uma harmonia visual Foto: Arquivo Pessoal
  • Para ela, todos os objetos que ela escolhe para sua casa a inspiram de alguma forma
    Para ela, todos os objetos que ela escolhe para sua casa a inspiram de alguma forma Foto: Arquivo Pessoal
Luiza Marinho*
postado em 12/01/2025 06:00 / atualizado em 12/01/2025 06:00
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