Saúde

Cuidado com a exposição solar: saiba mais sobre o câncer de pele

A doença representa 33% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Conscientizar e adotar hábitos preventivos desde cedo é indispensável

É importante procurar um profissional assim que perceber qualquer sintoma ou sinal -  (crédito: Reprodução/ Freepik)
É importante procurar um profissional assim que perceber qualquer sintoma ou sinal - (crédito: Reprodução/ Freepik)

Conhecido por ser o câncer mais comum entre os brasileiros, o câncer de pele é um tumor maligno que se desenvolve através do comportamento anormal das células da pele, quando elas se multiplicam sem controle. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são registrados mais de 185 mil casos de câncer de pele, todos os anos, no país.

Simone Jung Matos, bióloga de 47 anos, notou algo diferente quando uma pinta rosada em sua coxa esquerda estava aumentando de tamanho. Em dezembro de 2016, recebeu o diagnóstico de melanoma, um tipo agressivo de câncer de pele, e no ano seguinte a doença foi tratada. Após a retirada da pinta e monitoramento da doença, em 2019, três anos depois, uma lesão no fígado trouxe um novo diagnóstico, dessa vez de neoplasia.

A cura de Simone se deu através da imunoterapia, com sessões a cada 21 dias por 5 anos, acompanhada pelo médico oncologista Fernando Vidigal de Pádua, diretor regional da Dasa Oncologia Brasília. "O processo todo é desafiador, ainda que eu não tenha sentido nenhum efeito colateral, o desafio maior é lidar com as questões emocionais, psicológicas, mentais, principalmente nos períodos de fazer exames de acompanhamento e a espera do resultado", conta a bióloga.

O diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura, assim como foi o caso de Simone. O oncologista afirma que o tratamento é mais simples e eficaz nas fases iniciais, e tumores detectados tardiamente podem ser mais agressivos e difíceis de tratar

Sinais e sintomas

De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sinais e sintomas da doença a serem observados são:

Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor.

Feridas que não cicatrizam em quatro semanas.

Manchas que coçam, descamam ou sangram.

As manchas podem aparecer como pintas, feridas, verrugas ou outras lesões
As manchas podem aparecer como pintas, feridas, verrugas ou outras lesões (foto: Reprodução/ Freepik)

Tipos

Os principais tipos de câncer de pele são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular e o melanoma.

O carcinoma basocelular é o mais comum, ocorrendo frequentemente em áreas expostas ao sol, como cabeça, pescoço e mãos, e costuma afetar pessoas mais velhas. Pode se manifestar com áreas de descoloração na pele ou feridas avermelhadas e com aspecto brilhante.

O carcinoma espinocelular também ocorre em áreas expostas ao sol e se manifesta como lesões ásperas ou feridas que não cicatrizam. Ele pode afetar as camadas mais profundas da pele e se espalhar se não for tratado.

O melanoma, embora seja o menos comum, é considerado o mais perigoso e responsável pela maioria das mortes relacionadas ao câncer de pele. Surge a partir de pintas já existentes, que podem crescer ao longo do tempo, ou como novas manchas com formas irregulares e com mudanças significativas na cor.

Causas

A principal causa é a exposição solar, mas alguns fatores também podem aumentar o risco de desenvolver câncer de pele, como: ter algum caso da doença na família, já ter tido câncer de pele anteriormente e ter passado por queimaduras solares ao longo da vida. O risco aumenta com o envelhecimento, devido à exposição acumulada à radiação solar com o passar dos anos. Dessa forma, pessoas que se expõem muito ao sol sem proteção ou têm histórico de queimaduras, principalmente as com pele mais clara ou albinas, são as mais vulneráveis.

Tratamento

Segundo o médico e diretor regional da Dasa Oncologia Brasília, Fernando Vidigal de Pádua, os tratamentos são:

Para carcinomas (basocelular e espinocelular), a cirurgia é o tratamento principal. Em casos específicos, podem ser usados cremes tópicos, radioterapia ou, em situações mais graves, medicamentos como imunoterapias.

Para melanoma a cirurgia também é o principal tratamento. Em casos avançados, podem ser usadas imunoterapias ou terapias-alvo, que atacam o tumor de forma específica.

E mesmo após o tratamento, o acompanhamento regular com um profissional é fundamental para evitar a recorrência da doença. "No melanoma ou em casos mais avançados de outros tipos que se tem mais chances de recorrência. Além disso, quem já teve câncer de pele tem maior risco de desenvolver novos tumores. Por isso, o acompanhamento regular é fundamental."

Previna-se!

Qualquer pessoa está sujeita a ter câncer de pele e a prevenção é a forma mais eficaz de evitar a doença, manchas e o envelhecimento precoce. Por isso, a Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta:

Aplique diariamente protetor solar com fator de proteção solar (FPS) 30 ou maior.

Evite a exposição ao sol entre 9h e 15h, quando os raios ultravioletas são mais intensos.

Consulte regularmente um dermatologista.

O Ministério da Saúde alerta: tatuagens podem esconder lesões, por isso merecem atenção. 

A proteção solar é a melhor prevenção
A proteção solar é a melhor prevenção (foto: Reprodução/ Freepik)

Palavra do especialista

Quais as características de uma lesão que podem indicar algo grave? 

A regra ABCDE é amplamente usada para identificar sinais de melanoma, o tipo mais agressivo:

A - Assimetria: uma metade da lesão não é igual à outra.

B - Bordas: bordas irregulares, mal definidas ou com aspecto serrilhado.

C - Cor: presença de múltiplas cores (preto, marrom, vermelho, branco, azul).

D - Diâmetro: lesões maiores que 6 mm (tamanho de uma borracha de lápis).

E - Evolução: mudanças no tamanho, forma, cor ou sintomas (coceira, dor, sangramento).

Qualquer sinal novo, pode parecer até uma espinha, que não resolva em até seis semanas, procure um dermatologista. 

 

Durante as férias de verão, além dos cuidados diários redobrados, existem algumas dicas que podem ser abordadas?

Evitar exposição solar direta entre 9h e 15h, período em que a radiação UV é mais intensa, uso de roupas de proteção solar (chapéus de abas largas, camisas de manga longa com tecido de proteção UV e óculos de sol com proteção UV), reaplicar o protetor solar a cada duas horas e após nadar, suar ou secar-se com toalha.

 

Usar bronzeadores caseiros ou frequentar câmaras de bronzeamento dobra as chances do desenvolvimento do câncer de pele?

A exposição à radiação UV artificial é considerada uma causa direta de câncer de pele, tanto melanoma quanto carcinoma basocelular e espinocelular. Evite o bronzeamento artificial, pois a exposição às lâmpadas UV é um fator de risco direto para câncer de pele e o uso frequente de câmaras de bronzeamento antes dos 35 anos aumenta o risco de melanoma em 75%. Os bronzeadores caseiros não oferecem proteção contra radiação UV e podem incentivar a exposição prolongada ao sol, aumentando o risco de câncer de pele. Já os autobronzeadores são produtos que dão tom bronzeado na pele sem aumentar a chance do câncer, são uma opção segura. 

Dra. Luanna Portela é médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologista e ex-presidente da SBD Regional de Brasília

*Estagiária sob a supervisão de Ailim Cabral

 

  • As manchas podem aparecer como pintas, feridas, verrugas ou outras lesões
    As manchas podem aparecer como pintas, feridas, verrugas ou outras lesões Foto: Reprodução/ Freepik
  • A proteção solar é a melhor prevenção
    A proteção solar é a melhor prevenção Foto: Reprodução/ Freepik
Loanne Guimarães
postado em 12/01/2025 06:00 / atualizado em 12/01/2025 06:00
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