Medicar um animal pode ser desafiador, mas com algumas técnicas é possível driblar as dificuldades e tornar o processo menos doloroso e estressante, tanto para o pet quanto para o tutor. A forma de manipulação do medicamento deve ser feita, junto a um profissional, da forma mais adequada, levando em consideração a raça, o comportamento e o temperamento do animal.
É essencial estabelecer um vínculo com o pet para saber como agir durante esse processo e tentar dar o remédio em um momento em que ele esteja calmo. Na primeira tentativa, deve-se oferecer o medicamento diretamente, colocando a cápsula na mão, e deixá-lo sentir o cheiro. Alguns animais podem achar que é um petisco, aceitando sem perceber. Importante lembrar que, após algumas tentativas, o peludo pode entender a situação e não aceitar mais esse método.
Se o pet for muito dócil, uma opção é abrir a boca do animal, com cuidado, colocar o comprimido na parte de trás da língua e fechar a boca para garantir que ele engula. Kenai, de 8 anos, costuma aceitar melhor comprimidos do que remédios líquidos, segundo sua tutora, Yasmin Ibrahim, 25 anos. "Eu começo a fazer sinal para ele abrir a boca, pego o meu dedo indicador e espero ele abrir a boca inteira. Coloco a cápsula dentro e passo por trás dos últimos dentes, na parte superior. É muito rápido e tranquilo", comenta a social media.
Disfarce o medicamento
Umas das técnicas mais comuns é camuflar o medicamento junto a um alimento que o bichinho já goste, como a ração, um patê ou um petisco. Paulo Almeida, tutor de Faro, oferece o medicamento com um alimento que atrai seu cachorrinho: a salsicha. Ele afirma que antes desse método, Faro e os seus outros dois cães cuspiam os medicamentos. "Costumo colocar o comprimido em um pedaço de salsicha, mas se for algo contínuo, passo o medicamento junto com aquelas rações úmidas de pacotes, próprias para cães."
Se optar por outro tipo de comida, certifique-se de que o alimento escolhido seja seguro e adequado para o pet. O procedimento precisa ser rápido para que o animal não tenha tempo de notar que há algo diferente. O veterinário João Neto explica que não existe um tipo de alimento ideal para o manejo dos medicamentos. "Os mais indicados são aqueles que já tenham o histórico de o animal aceitar e que não cause nenhuma reação indesejada com a medicação", afirma o veterinário.
Para os remédios em forma de cápsulas, o MedSnack é uma opção de petisco, que funciona como um "porta-remédio", camuflando o cheiro e gosto do medicamento. O produto foi criado para cães e gatos de todas as idades, e se adapta a diferentes tamanhos e formatos de remédios, segundo Isadora Borba, fundadora da Frebo Pet, marca do produto. "Em casos de condições como obesidade, alergias ou restrições alimentares, recomendamos que o tutor consulte o veterinário antes de oferecer o produto."
Se o medicamento for líquido, a tarefa pode ser ainda mais difícil. A maneira mais fácil de administrá-lo é por meio de seringas, sem agulhas. O ideal é que elas sejam inseridas nas laterais da boca do animal, de forma lenta, para evitar engasgos. Quando o líquido é diluído em água, o sabor do medicamento é percebido pelo animal, o que pode fazer com que ele não consuma a quantidade ideal, acabando por desperdiçar o medicamento.
De acordo com a médica veterinária Cristianne Cunha, cada técnica pode ser mais indicada dependendo das características individuais de cada animal. "Se o pet, mesmo assim ,cuspir a medicação, será necessário repetir a administração, utilizando uma técnica mais eficaz do que a anterior. Caso o paciente vomite o medicamento, pode ser que parte dele tenha sido ou não absorvido, e, nesse caso, não é recomendado administrar novamente o remédio, pois pode ocorrer de dobrar a dose", explica.
É importante considerar a saúde geral do pet ao administrar os medicamentos e estar atento a qualquer reação adversa. Manter uma rotina de visitas regulares ao veterinário para monitorar a saúde do bichinho e discutir as preocupações ou dificuldades é importante.
Respeite os limites do seu pet
Cada pet é único e pode reagir de maneira diferente. No caso de filhotes e idosos, o trabalho pode ser redobrado. A melhor opção é sempre administrar de maneira que não cause dor ou trauma ao bichinho, com calma e, se necessário, com o auxílio de uma segunda pessoa, para ajudar a segurar o animal com delicadeza e conforto. Em muitos casos, a combinação de técnicas, o cuidado e a paciência podem fazer toda a diferença, tornando a administração de medicamentos uma tarefa mais tranquila e eficaz.
O treinamento com recompensas, em que o pet recebe um petisco por cada tentativa bem-sucedida de tomar a medicação, pode ser uma técnica muito útil, segundo a veterinária. "Após a administração, é importante reforçar a boa ação com carinho ou uma recompensa, para que o pet associe o momento com algo agradável", orienta.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte