Especial para o Correio — Cláudio Ferreira
Os primeiros dias do ano nos dão um sopro de esperança. O ritmo vai aumentando aos poucos, o funcionamento da vida nem sempre está a pleno vapor, tem muita gente de férias, o trânsito está bom, os calendários estão sendo trocados e os planos começam a ser feitos. O que não deu certo em 2024 pode ser descartado ou reciclado.
No geral, desejo que 2025 venha mais leve. O ano que passou terminou pesado — duas guerras em curso, acidentes de avião de grande e pequeno portes, ponte que cai, bolo envenenado, balas perdidas, enchente devastadora no Sul, artistas queridos que se foram... Ao completar um quarto de sua existência, o século 21 já está precisando de um refresco.
Para quem gosta, é hora de fazer a lista dos desejos. Afinal, desejar (ainda) não custa nada. E desejar com muita força pode dar bons resultados, dizem alguns. Na dúvida, minha relação já está pronta, misturando desejos para a vida individual e a coletiva:
Que o mundo perceba que não adianta ficar de um lado ou de outro da guerra, porque guerra não tem vencedor.
Que o mundo sobreviva tanto às guerras quanto a tudo que fazemos para maltratá-lo — por enquanto, é o único que temos.
Desejo menos polarização, mais tolerância com quem pensa diferente, menos regras ditadas por quem acha que é dono da verdade.
Que a gente viva mais a nossa vida, de acordo com as nossas convicções, e se importe menos com a vida dos outros e as convicções deles.
Quero mais farinha de mandioca, mais doce de leite, mais bolo de cenoura com cobertura de chocolate e menos circunferência abdominal em 2025.
Quero encontrar mais os amigos, não adiar aquele café que pode fazer toda a diferença em um dia mais nublado.
Que as redes sociais sejam nossas aliadas, mas que não tentem nos impor ideias, destilar ódio ou substituir os encontros presenciais, que são nosso combustível.
Que a inteligência artificial venha para somar, ajudar, facilitar — e não para tomar o lugar ou pasteurizar.
Que a sexualidade das outras pessoas não nos importe tanto, a não ser que estejamos interessados nelas.
Quero mais metrô, mais ônibus e menos carros.
Quero que exercícios físicos se transformem mais rapidamente em perda de peso e boa saúde.
Desejo mais livros pra mim e pra todo mundo — ainda prefiro os livros físicos, mas cada um fica à vontade para escolher o formato que quiser.
Que a gente julgue menos as pessoas, seja pela aparência, sejau pelas atitudes, e que não tentemos disfarçar "julgamento" atrás de "opinião".
Que a gente opine menos, aliás. Nosso ponto de vista sobre todos os assuntos do Universo não é tão importante quanto a gente pensa.
Quero entrar no caminho da aposentadoria, porque acho que 39 anos ininterruptos de trabalho já são contribuição suficiente.
Quero viajar mais, para lugares pouco badalados e dos quais trarei lembranças de todo tipo, na mala e no coração.
Desejo mais respeito aos mais velhos, agora que já cheguei na idade mais madura.
Desejo ter listas de desejos para o resto da vida, porque desejar é preciso.
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