Especial para o Correio — Orlando Pontes
Chega dezembro e começa o ciclo de festas e confraternizações que (re)aproxima — ou afasta de vez —
velhos amigos e parentes próximos ou distantes. Não é exagero dizer que muitos desses (re)encontros só acontecem mesmo uma vez por ano. E neste período. Talvez, impulsionados pela mensagem de amor trazida por Jesus Cristo ou pelas fortes campanhas publicitárias do comércio nos meios de comunicação.
Despretensiosamente, pergunto à minha companheira de mais de três décadas qual assunto a inspiraria, por esses dias, caso lhe fosse dada a oportunidade de escrever uma mensagem de fim de ano. Em geral — me responde ela, sem titubear —, as pessoas concluem o ciclo de 365 dias, a que se convencionou chamar de ano (período de 12 meses contados de 1º de janeiro a 31 de dezembro, ensina o Google), fazendo balanços daquilo que não realizaram.
À lista de promessas menos cumpridas não podem faltar aquela visita ao nutricionista para iniciar a sempre adiada dieta para perder peso; o início de uma jornada de prática de exercícios para melhorar a saúde e a forma física; a viagem dos sonhos ao exterior ou a uma praia do Nordeste; fazer uma reeducação financeira, para escapar do consignado ou da ciranda do cartão de crédito.
Mais raro é encontrar pessoas que olham no retrovisor do tempo e enxergam coisas boas que fizeram. Claro que as primeiras lembranças que lhes vêm são conquistas materiais: a troca de carro por um modelo mais novo; a compra de um imóvel próprio; a substituição da velha geladeira, que há séculos derramava água do congelador, por uma novinha em folha financiada no carnê da Casas Bahia.
Há ainda quem, em sua retrospectiva mental, poderá se orgulhar de ter ajudado ao próximo, na angústia de uma doença, com uma visita, um telefonema de apoio, uma mensagem de incentivo ou uma oração sincera. Tudo isso não tem preço, mas gera no beneficiado uma impagável dívida de gratidão. Infelizmente, no mundo de hoje, poucos têm esse crédito junto ao Divino. Afinal, as coisas mundanas são mais urgentes e inadiáveis.
Por último e mais importante — enumera minha companheira —, ela aproveitaria a oportunidade de escrever uma mensagem para agradecer por tudo que lhe foi concedido: a saúde, a cura de uma doença (própria ou de alguém de quem se gosta), o progresso moral e profissional dos filhos, a chegada do primeiro neto, a conquista de novos amigos.
E, assim, vamos nos aproximando do Natal e do ano-novo. Que em meio à comilança da ceia natalina não nos esqueçamos que, no dia 25, o mais importante é exaltar o aniversariante; e na virada de 31 de dezembro para 1º de janeiro, de renovar nossos propósitos. Não só aqueles repetitivos e raramente cumpridos. Mas, também, na perspectiva de que o Sagrado é mais edificante do que o profano; que o carinho e a solidariedade estejam sempre acima do dinheiro.
A vida é muito breve para se perder tempo com o que não nos eleva. Que venha 2025! Meu agradecimento especial a Tatiana pelo roteiro destas mal traçadas.