Saúde

Festas e férias: atenção à saúde física e mental

Férias e celebrações de fim de ano trazem momentos de alegria, mas também aumentam riscos para a saúde. Conheça as doenças mais frequentes nesse período e saiba como preveni-las

Fim de ano se aproxima e com ele também chegam as férias, as confraternizações e as ceias de Natal e de ano-novo. Calor, praia, piscina, comidas e bebidas vêm à mente logo quando pensamos no recesso. Muitos aproveitam para viajar, reencontrar e se reunir com familiares e amigos, e participar de diversas celebrações. No entanto, é justamente nesse período que algumas doenças se tornam mais comuns e se afloram, seja por descuido com a própria saúde, seja pelas mudanças climáticas, de hábitos e de rotina.

A primavera e o verão são as estações do ano em que ocorre o maior número de surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Embora as doenças respiratórias sejam mais comuns no inverno, os casos têm aumentado ao longo de todo o ano devido às mudanças climáticas e à frequente transição entre diferentes ambientes em viagens.

Este é o período em que devemos prestar uma atenção redobrada não só à saúde física, mas também à mental. O cansaço acumulado, junto com a pressão social de festas e reuniões de família, além das metas no trabalho, situação financeira e preparativos festivos, pode levar a um misto de emoções e conflitos internos, segundo a psicóloga Thirza Reis. "Para muitas pessoas, pode ser motivo de prazer e alegria, mas para muitas outras, pode ser o estopim para agravar sofrimentos e dores emocionais", completa.

Desconfortos gástricos

Reprodução: Freepik - Intoxicação alimentar, gastrites e pancreatites são muito comuns em meio aos exageros de fim de ano

Quando os alimentos não têm uma boa manipulação e são mal conservados, aumentam os riscos de quadros de gastroenterites, inflamações no trato gastrointestinal e intoxicações alimentares causados pela proliferação de bactérias e vírus. Segundo Carla Kobayashi, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês, os sintomas para essas doenças, geralmente, são diarreia, vômito, febre e mal-estar. "Essas doenças gastrointestinais são muito frequentes e recorrentes agora no fim do ano e estão relacionadas à infecção de bactérias, principalmente a salmonella, que tem muita relação com essa questão da conservação." 

 Doenças respiratórias e virais

A infectologista expõe que, devido aos frequentes encontros, reuniões, festas de trabalho e de família, que acabam formando aglomerações e aumentando o contato entre as pessoas, aumentam os riscos de circulação de vírus e contágios. Resfriados, gripes e covid-19 são doenças transmissíveis que são muito comuns durante esse período. "Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir, higienizar bem as mãos após qualquer tosse e não compartilhar objetos pessoais, como talheres e copos, ajuda a evitar uma maior circulação desses vírus." Já os sintomas são aqueles conhecidos, como febre, dor de cabeça, dor de garganta, coriza, tosse e dor no corpo.

Doenças dermatológicas 

Por conta das altas temperaturas durante as férias de verão, as doenças de pele são recorrentes. Queimaduras solares causadas pela alta exposição ao sol, sem proteção adequada, causam vermelhidão, ardência, bolhas e descamação da pele. Em casos mais graves, tem-se a insolação, que ocorre quando o corpo não consegue regular a temperatura corporal, devido ao calor excessivo, causando náuseas, tonturas e desmaios.

As micoses, infecção causada por fungos, podem ser causadas por diversos fatores, comuns e rotineiros nas férias: passar muito tempo com um roupa molhada, andar descalço na praia ou na piscina, compartilhamento de itens pessoais e contato direto com feridas de pessoas infectadas. Atente-se às coceiras, à vermelhidão, às feridas, às manchas e aos corrimentos.

Transtornos psicológicos

Segundo a psicóloga Thirza Reis, os transtornos mentais mais frequentes e aflorados no fim de ano são:

Depressão — Quando há luto de pessoas queridas, comparações entre membros da família, términos de relacionamentos ou reflexões sobre o ano, muitos sentem que conquistaram menos do que gostariam ter alcançado ou vivido.

Ansiedade — A pressão para atender expectativas e cumprir compromissos, além da sobrecarga financeira com presentes, viagens, confraternizações e ceia, pode elevar os sintomas ansiosos.

Síndrome do pânico — Festas lotadas, ruídos excessivos e interações sociais intensas podem ser gatilhos.

"Oferecer uma escuta empática, um colo pode ser o melhor presente que você pode dar a alguém", afirma a psicóloga.

Palavra do especialista 

Por que nesta época do ano há maior incidência dessas doenças?

Alguns fatores contribuem para a prevalência dessas patologias: mudança de hábitos e de rotina e aglomerações, que aumentem a transmissão de doenças respiratórias e de viroses.  A exposição ao clima quente favorece desidratação, infecções e doenças de pele. Já o uso excessivo de álcool impacta na saúde mental e metabólica. 

 

Quais são as principais medidas preventivas que você recomenda para evitar essas doenças? 

Consumir alimentos bem cozidos e armazenados corretamente; evitar exageros e excessos com comidas e bebidas alcoólicas; ingerir bastante água; lavar as mãos frequentemente; evitar aglomerações para reduzir o risco de infecções respiratórias, caso tenha problemas pulmonares; e manter uma rotina saudável mesmo durante as férias.  

 

Há alguma orientação específica sobre vacinas ou cuidados antes das férias e festas de fim de ano?  

Atualizar o calendário vacinal, especialmente de idosos, crianças e imunossuprimidos, e estar preparado para viagens e eventos. Leve medicação habitual e de emergência (analgésicos, antitérmicos, antialérgicos), conheça o serviço de saúde disponível no destino, tenha cuidado com doenças tropicais e faça o uso de repelentes e roupas adequadas em áreas com dengue, chikungunya e malária.  

Vinícius Carlesso é médico especialista em clínica médica e cardiologia

 *Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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