Tatuar símbolos e imagens na pele é, muitas vezes, uma forma de eternizar memórias e afetos. Mas o que ocorre quando essas marcas adquirem um valor negativo? Para o psicólogo Giovane Alves, quando elas se tornam indesejáveis, podem desencadear emoções ruins tais como ansiedade, humor depressivo e isolamento social em casos mais graves.
Seja por insatisfação com o próprio desenho da tatuagem, seja por mudança no estilo de vida, fim de um relacionamento, necessidade de se adequar a certos grupos sociais ou ambientes profissionais, a sensação de arrependimento é algo normal e comum. Felizmente, graças à tecnologia, é possível remover as tatuagens de forma segura e eficaz. De acordo com dados divulgados pela plataforma Preply, o Brasil é o segundo país com o maior demanda sobre remoção de tatuagens, com 275 mil casos por ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, com 1 milhão.
Diversas celebridades já passaram pelo procedimento, como a cantora Anitta e as atrizes Deborah Secco e Megan Fox. A modelo Yasmin Brunet, durante uma conversa no Big Brother Brasil 24, contou sobre as tatuagens que foram feitas quando tinha 15 anos para o então namorado, o ator Kayky Brito, que foram removidas. "A caveira também foi, porque a gente ia ficar junto até a morte. E a fênix foi porque a gente terminou e eu ia ressurgir das cinzas", contou aos seus colegas de confinamento.
Como funciona?
O método mais conhecido e eficiente do mercado é o laser. A intervenção cirúrgica e a dermoabrasão são outras opções procuradas, com procedimentos mais invasivos. A cirurgia é recomendada, normalmente, para a remoção de tatuagens pequenas, por conta da retirada da pele que envolve o desenho. Já a dermoabrasão funciona como uma descamação da pele, por meio do procedimento que envolve uma escova de rotação rápida, uma lixa ou ácidos e sal (salabrasão). Ambas deixam cicatrizes e imagens residuais.
Já o laser emite uma radiação que atua diretamente no desenho e provoca uma reação, como uma "explosão" do pigmento em micropartículas, em que essas, extremamente fragmentadas, são mais fáceis de serem absorvidas pela pele. A dor é algo relativo e individual. O procedimento pode ter ou não uma anestesia local, normalmente em forma de pomada ou creme anestésico. Esse recurso é solicitado, principalmente, para pacientes que tenham uma certa sensibilidade, não interferindo diretamente no resultado quando utilizada.
Cada tatuagem tem um nível de dificuldade para a sua retirada. O número de sessões varia de acordo com o tamanho, a localização no corpo, a cor da pele e a idade da pessoa. "Indivíduos mais jovens, com um metabolismo mais acelerado, tendem a ter uma resposta mais rápida", explica Giancarlo Pincelli, biomédico esteta, fundador da Hell Tattoo e especialista em remoção de tatuagem a laser.
Até mesmo a cor do pigmento da tattoo influencia o processo. Cores mais claras, como branco, amarelo e verde são mais difíceis de serem removidas comparadas com tons escuros, como preto e azul, que absorvem a radiação com mais facilidade, tornando o processo mais eficiente.
Além disso, para o procedimento funcionar, é preciso aguardar um intervalo médio entre as sessões. "Isso é algo imprevisível, pois depende muito da tatuagem, da profundidade, das cores, da complexidade, se há coberturas ou não, e o tipo de pele", detalha Pincelli. A individualidade também é uma questão, já que o resultado e a resposta ao procedimento varia de acordo com cada pessoa.
Impacto no emocional
A remoção de uma tatuagem pode melhorar a autoestima e ressignificar a vida de uma pessoa. Leandro de Souza, conhecido por ser o homem mais tatuado do Brasil, com 170 tattoos em 95% do corpo, está passando pelo processo de remoção das faciais. Seu caso viralizou após ele falar de sua conversão religiosa, como evangélico, abandono das drogas e profundo arrependimento, não se reconhecendo mais com suas marcas. Atualmente, ele é fotógrafo e realiza suas sessões de remoção que ganhou do estúdio Hell Tattoo.
Para Ademar Schultz, dermatologista e professor de medicina do Ceub, a remoção de tatuagens a laser é geralmente segura, porém com algumas contraindicações: gestantes, lactantes, pessoas com alguma infecção ativa ou feridas, com hipopigmentação ou hiperpigmentação significativa (aqueles com vitiligo ou melasma) podem ser mais propensas a alterações indesejadas na cor da pele após o tratamento.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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