As queimaduras são lesões que podem acontecer desde a parte superficial da pele até em camadas mais profundas dos tecidos do corpo. Em pets, elas podem ocorrer por diversos motivos, seja por acidentes domésticos, seja por exposição a altas temperaturas, e também por meio de choros, inquietação e até apatia.
Segundo Veridiane da Rosa Gomes, professora do curso de veterinária do Uniceplac, o animal pode reagir ao toque na área afetada — muitas vezes, o primeiro sinal para se desconfiar do problema. Dor, sensibilidade, vermelhidão, bolhas, queda do pelo e inchaço são alguns sintomas manifestados.
Embora o tratamento seja possível, os donos de pets podem tomar algumas medidas para prevenir as queimaduras em seus bichinhos de estimação. "Algo comum é o animal ficar rondando a cozinha ou o fogão, facilitando acidentes, o que deve ser evitado ao máximo, principalmente ao manipular o forno. Outro ponto interessante é evitar levá-los para passeios em horários de pico de calor, por conta do chão quente, que pode queimar as patas", orienta a médica veterinária Monique Rodrigues, que também é CEO e fundadora da Clinicão.
O dachshund stant Barão, de 16 anos, foi vítima de queimadura de 2º grau na parte das costas. Sua tutora, Adriana Barbosa, conta que, graças ao rápido atendimento, as consequências não foram maiores e piores. "Ele estava brincando com uma bolinha na cozinha, junto com a minha mãe. O almoço estava sendo preparado, quando a tampa de vidro do fogão, sem qualquer motivo aparente, se soltou, caindo sobre o fogão e empurrando uma panela de óleo quente, espirrando uma grande quantidade nas costas do Barão."
A primeira medida a ser tomada nesses casos é a ida imediata ao veterinário, especialmente se a queimadura for extensa ou profunda, pois o ferimento pode afetar outros órgãos do animal. Os primeiros socorros a serem prestados aos pets, de acordo com a veterinária Veridiane da Rosa, consistem na limpeza eficiente e na hidratação do local do ferimento. "Use uma gaze esterilizada ou pano limpo para proteger a área e evitar contaminação. Em casos graves, observe sinais de choque, como fraqueza, respiração ofegante e mucosas pálidas", recomenda.
Alguns cuidados devem ser tomados após esses acidentes. "Em razão da grande cicatriz, Barão não fica mais exposto ao sol sem a utilização do protetor solar indicado. E faz uso diário de antibióticos, anti-inflamatórios, analgésicos e pomadas, até a sua inteira e completa recuperação", completa a tutora Adriana.
As patas e as altas temperaturas
A queimadura nas patinhas dos animais é algo, infelizmente, muito comum. Em épocas de altas temperaturas, o passeio deve ser feito, preferencialmente, em horários com temperaturas mais amenas, como de manhã e fim de tarde.
Balu, vira-lata de 10 anos, foi adotado pela família da Helenisa Cavalcante e, por viver nas ruas antes de ganhar um lar, tem o hábito de fazer suas necessidades fisiológicas fora de casa. "Balu tem o costume de fugir pelo portão quando meu marido chega em casa, por volta do meio-dia. Embora sempre retorne, em dias mais quentes, ele volta mancando e com as patinhas vermelhas devido às queimaduras provocadas pelo asfalto quente."
Durante o processo de recuperação, os tutores devem realizar curativo diário no pet, que inclui a limpeza e não permitir o acesso a outras sujeiras, como terra ou areia. Em casos mais graves, uso de medicamentos e curativos especiais é recomendado para prevenir infecções e promover uma boa cicatrização. "É importante, ainda, impedir contato com outros animais, para que não haja complicações causadas por brigas ou, até mesmo, brincadeiras", acrescenta Monique Rodrigues.
Tipos de lesão
Todo tipo de queimadura, seja de primeiro, segundo ou terceiro grau, merece atenção especial e estado de alerta. Elas são classificadas como:
- Térmicas: causadas pelo contato em superfícies, líquidos ou vapores quentes.
- Químicas: contato com substâncias corrosivas, como produtos de limpeza ou ácidos.
- Elétricas: devido à mordida em cabos elétricos ou contato com correntes elétricas.
- Fricção: quando o animal arrasta partes do corpo em superfícies abrasivas (como asfalto).
- Por radiação: queimaduras solares ou exposição a fontes de radiação.
- Uso de produtos tópicos de maneira inadequada na pele.
Tratamento com uso de pele de tilápia
A utilização da pele de tilápia no tratamento de feridas, especialmente queimaduras, apresenta inúmeros benefícios para animais domésticos e silvestres. Segundo a médica veterinária Ana Carolina Malvezzi, profissional atuante na clínica My Pet Life, que adota esse tipo de procedimento, cada caso, porém, é único, particular e deve ser avaliado por um profissional. “A incidência de queimaduras também em gatos aumenta no período da chuva e no inverno, pois os mesmos procuram abrigo e aquecimento nos motores de carros.”
Estudos apontam que o curativo com pele de tilápia, por ser rica em colágeno, acelera a cicatrização em comparação aos curativos convencionais com ataduras, atuando como uma barreira protetora e mantendo a umidade.
Ana Carolina explica que esse tipo de curativo não precisa ser trocado diariamente, mas, ainda assim, deve ser feito com uma certa periodicidade para resultar em um processo menos doloroso e menos estressante para os animais. “Com o passar dos dias, a pele de tipo de tilápia vai secando e tornando-se menos eficiente, então fazemos a troca por uma pele nova”, complementa.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte