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Kitsch: descubra a tendência que celebra o brega e sua autênticidade

O estilo kitsch surge com a ideia de uma decoração despojada e fora do comum, com objetivo de criar uma explosão visual e um toque de humor

Caracterizada pela mistura de texturas e estampas, cores chamativas e objetos diferenciados, a estética kitsch carrega em si muita ousadia e personalidade. Originalmente, o termo, de origem alemã, surgiu para definir obras de arte consideradas de "gosto duvidoso" para a época, além de serem exageradas e superficiais ao mesmo tempo. A palavra alemã "verkitschen" significa sentimentalizar, derivando assim a estética kitsch.

Nos dias de hoje, o estilo é visto como uma forma popular e autêntica de decoração, caracterizado pela diversidade, reunindo elementos criativos, muitas vezes, com um valor sentimental, e sem medo da crítica. Não se prende a regras, tendo uma liberdade criativa única, desprendendo-se de padrões minimalistas ou tradicionais, por exemplo.

O conceito de feio e brega é relativo e polêmico. Para o artista e empresário Ricardo Benucci, proprietário de uma casa repleta de itens decorativos do kitsch, essa estética exagerada e brega é justamente o que lhe atrai. Ele gosta de ser um pouco fora da curva e ir para o lado que a maioria das pessoas não estão indo. " Eu acho que quem julga essa estética como brega é porque não é para a pessoa. Comecei a montar minha casa com a ideia de ser bem maximalista e carregada com muita informação, que é o que eu amo." 

Arquivo Pessoal - Ricardo diz que muitas vezes se pega olhando para sua decoração, pois o inspira

Apesar da fama como um estilo exagerado, nem sempre o kitsch precisa ser assim. De acordo com o professor de arquitetura, história e teoria da arte Marcelo Teixeira, basta ser fora de contexto, proporção e sem sentido. "Por exemplo, uma estátua de porcelana branca de um cachorro em uma mesa de centro ou na porta de entrada. Porém, o exagero é o coração do kitsch, pois é ele que transforma um espaço 'comum' em uma experiência visual multifacetada."

Desafios na busca pelo equilíbrio 

Um dos principais desafios encontrados na decoração kitsch é encontrar o ponto de equilíbrio entre a estética em si e a funcionalidade do ambiente. "É fácil que o kitsch se torne visualmente poluído ou incoerente. Saber escolher bem as peças e criar uma harmonia dentro do excesso é crucial", afirma Marcelo.

Reprodução: Lula Lopes - Projeto para a loja Armaria, realizado pelo arquiteto Marcelo Teixeira

Diferente da antiga ideia de ser "brega", a tendência do kitsch moderno passou por algumas transformações. Esse novo kitsch tem ganhado popularidade com uma abordagem mais humorística e intencional, que mistura o excêntrico e o sofisticado, não se distanciando da ideia original do maximalismo. "As principais características desse novo kitsch são as cores vivas e saturadas, como rosa, amarelo e verde-limão. Estampas variadas, como animal print, florais exagerados e formas geométricas", destaca a designer de interiores Aline Silva.

O kitsch "mais jovial" também é uma novidade, com ambientes instagramáveis, visualmente atraentes e descolados na decoração. Uma parede colorida repleta de quadros, discos de vinil e esculturas de animais é um exemplo que pode inspirar projetos. Outro ponto importante é o resgate de elementos vintages, referências com objetos de cultura pop e móveis retrôs, que criam uma atmosfera nostálgica e divertida. Muitas peças remetem aos anos 1950 até os 1990 e são combinadas com itens modernos, criando um contraste que agrega personalidade ao ambiente.

Reprodução/Pinterest - Mistura de estampas, formas e cores são o forte do kitsch

Como começar 

Para aqueles que desejam implementar e nunca exploraram o kitsch, encontrar o ponto de equilíbrio é essencial e pode ser desafiador. Um dos pontos de partida pode ser adicionar pequenas referências e poucos objetos, sem correr o risco do estranhamento e sem se comprometer completamente. Explore a essência do estilo e combine esses elementos aos que já possui ou a elementos clássicos, como um sofá vintage ao lado de uma mesa simples e clássica, por exemplo. 

Usando a criatividade, é possível adotar o estilo kitsch tanto em todos os cômodos da casa quanto em apenas alguns cantos. Para a designer Aline Silva, cada ambiente pode ter uma interpretação diferente do kitsch, o que traz variedade e personalidade a cada espaço. "Na cozinha, os eletrodomésticos vibrantes e os utensílios estampados podem transformar o espaço e trazer um clima alegre para o dia a dia. Até no banheiro, com azulejos coloridos e um espelho de moldura incomum, o kitsch pode dar uma nova cara ao ambiente." 

Fotos: Reprodução/Pinterest - Cozinha inpirada no modelo vintage

Evitar o ambiente inteiro carregado e aplicar o kitsch apenas em cantos específicos também é uma ótima referência. "Um canto de leitura, com uma poltrona colorida, almofadas estampadas e uma luminária divertida para dar um toque de kitsch sem comprometer o restante do ambiente. Outra ideia é usar o estilo kitsch em corredores ou paredes vazias, criando uma galeria de arte pop ou vintage", sugere.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

 


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