Quando acolhemos um animal de estimação, além de toda a empolgação e felicidade pelo momento, sabemos que eles não viverão tanto quanto nós e, mesmo que evitemos pensar no assunto, precisaremos lidar com a partida dos amigos pets. Os avanços da medicina veterinária e o cuidado atento dos tutores, no entanto, têm permitido que a despedida aconteça mais tarde. Animais domésticos têm uma longevidade cada vez maior.
Mas, além da óbvia alegria de conviver com eles por mais tempo, são necessários alguns cuidados para garantir que esse tempo a mais de vida não seja de sofrimento ou dor. O médico veterinário e diretor-geral da VetFamily no Brasil, Henry Berger, afirma que, atualmente, a expectativa de vida de cães domésticos varia de 10 a 15 anos, considerando fatores como raça, porte, genética, nutrição e cuidados veterinários. Já os gatos domésticos, vivem, em média, de 12 a 16 anos. "Mas com os cuidados adequados, muitos deles podem viver mais de 20 anos", afirma.
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A médica veterinária e proprietária da clínica Smarfisio Veterinária, Catherine Lara, comenta que, atualmente, os cães de pequeno porte vivem em média de 10 a 15 anos e os de grande porte, de 10 a 13 anos, tempo consideravelmente maior do que há alguns anos, quando a maioria dos cães não passava dos 10 anos. "Claro, esses números podem variar. Vemos pacientes de pequeno porte com até 18 anos", comenta.
Essa é a expectativa de pets domésticos com tutores que cuidam da saúde e fazem visitas frequentes ao veterinário. Os animais de rua, ou até mesmo os que têm casas, mas não recebem cuidados, costumam viver menos, afinal, estão mais expostos a doenças e a diversos acidentes, além dos maus-tratos. Segundo Henry, cães de rua costumam viver de três a cinco anos, enquanto os gatos ficam entre dois e cinco.
Avanço da ciência
Existem alguns aspectos que contribuem para que os animais domésticos vivam mais, entre eles o diagnóstico precoce. "Isso é possível graças à evolução dos exames de imagem como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia, além de testes laboratoriais mais precisos, que permitem o diagnóstico precoce de doenças", explica Henry. Ele acrescenta que a democratização do acesso a esses cuidados é outro fator importante.
O médico veterinário destaca ainda a medicina preventiva, que inclui protocolos adequados de vacinação, controle estratégico de parasitas e checapes regulares, além da nutrição de qualidade e mais atenção aos exercícios físicos e mentais, que fazem toda a diferença na vida do pet.
Porém, mesmo que tenham uma boa saúde, que os permita uma maior longevidade, conforme a velhice chega, algumas doenças se tornam, inevitavelmente, mais frequentes. A médica veterinária da My Pet Life, Ana Carolina Malvezzi, comenta que os cães passam a ser considerados idosos aos 7 anos e é importante ter mais atenção com a saúde do animal.
"Olhar com esse cuidado de forma preventiva garante que os animais tenham mais qualidade de vida, propicia a descoberta de anomalias no início, facilitando o tratamento e tendo mais chances de sucesso", comenta a médica. Entre as doenças mais comuns nos cães idosos, destacam-se
as de ordem crônica, como artrite e problemas articulares, insuficiência cardíaca, problemas renais, câncer e declínio cognitivo e demência.
Henry ressalta que a depender do tamanho do animal, ele pode entrar na idade geriátrica um pouco antes ou depois — em cães pequenos, isso pode acontecer entre os 8 e 9 anos, enquanto em animais muito grande, pode começar um pouco antes dos 7 anos.
Os gatos demoram um pouco mais para serem considerados idosos, a partir dos 10 anos, e são tratados como geriatras a partir dos 15. Nos felinos, as doenças renais crônicas são as mais prevalentes, seguidas de hipertireoidismo, diabetes, problemas dentários e câncer.
Saiba Mais
Gabriela Ramos Monteiro Tavares, 49 anos, sempre teve muitos gatos e cães, e afirma, feliz, que a maioria deles teve ou está tendo o privilégio de envelhecer. "Porque é um privilégio, seja você humano ou animal", completa.
Ela comenta que à medida que seus pets ficam mais velhos, os gastos e preocupação se intensificam, mas o amor também. "Eu acredito que o pet deve ser preparado para a velhice sempre, é esse o objetivo de se ter um animal de estimação, de vê-lo envelhecer ao seu lado".
Gabriela acredita que ter um veterinário de confiança é essencial, mas entender que os animais idosos podem precisar de mais de um médico e de cuidados específicos também é necessário. Alex, seu poodle de quase 17 anos, precisou operar a coluna três vezes, além de se submeter a duas cirurgias cervicais e uma tóraco-lombar.
"Na primeira cirurgia, ele tinha quase 5 anos, e fez as outras com 8 e 10 anos. Desde a primeira, ele começou a fazer fisioterapia e tem acompanhamento veterinário há quase nove anos", comenta Gabriela. Os benefícios da fisioterapia são visíveis, elas garantem que Alex permaneça ativo e interessado nas atividades diárias.
Apesar de saber que Alex está idoso, Gabriela comenta ser difícil pensar na sua partida. "Ninguém está preparado, mas, por mais doloroso que seja, ter um amigo ao nosso lado por tanto tempo é muito gratificante. Fica esse sentimento e o consolo de ter proporcionado uma vida boa para eles", completa.