Assim como os humanos, cães e gatos podem enfrentar a perda de visão ao longo da vida. A cegueira nos animais de estimação pode ser causada por diversas situações e fatores, de forma gradual ou repentina, permanentemente ou reversível. Entre os mais comuns estão envelhecimento, problemas congênitos (quando o animal já nasce com a deficiência na visão), herança genética, doenças oculares ou sistêmicas, traumas e acidentes. Para equilibrar a perda da visão, mesmo que parcialmente, os cães e gatos acabam desenvolvendo a audição e o olfato de maneira mais apurada, como uma forma de compensação natural.
Perceber os primeiros sinais de perda de visão no pet é fundamental para oferecer um melhor tratamento. A melhor medida preventiva é a atenção dos tutores às alterações oculares, como secreção, lacrimejamento excessivo, vermelhidão, piscar contínuo e, principalmente, no comportamento e na perda da noção de espaço. Além do monitoramento nesses casos, a não exposição direta ao vento e a luzes intensas, além de evitar e o hábito de aparar os pelos que possam cair sobre os olhos, são maneiras de evitar futuros problemas.
Os sinais de cegueira em cães e gatos podem não ser imediatamente visíveis, o que torna necessário também a atenção dos tutores a possíveis mudanças no comportamento desses pets. As principais mudanças são: esbarrar e tropeçar em objetos, agressividade ou retraimento, dificuldade em achar seus potes de água e comida, não interagir e errar saltos.
"As medidas preventivas se fazem com uma consulta ao oftalmologista veterinário. Para aquele cão ou gato que nunca foi, é importante uma consulta para prevenir doenças futuras. Recomendo check up a cada 12 meses, quando o animal tem menos de 8 anos, e após essa idade, a cada seis meses", explica o oftalmologista veterinário Anderson Gouveia. A prevenção, aliada ao tratamento profissional e à higiene ocular diária proporcionam maior qualidade de vida aos pets.
Segundo Anderson, os cães braquicefálicos, aqueles que têm um focinho mais curto, são mais predispostos a problemas oculares devido ao maior tamanho e exposição dos olhos. Shih tzus, pugs, buldogues, boxers, spitz alemão, gatos persas e exóticos tendem a serem raças mais predispostas à perda de visão.
Atenção redobrada
Bibi, cadela da raça shih tzu de 14 anos, tem a visão totalmente prejudicada no olho direito e parcialmente no esquerdo. Seu tutor, Danilo Lucena, desconfiou do problema por conta de alterações físicas nos olhos da Bibi. "Percebemos o olho esquerdo um pouco esbranquiçado, bem semelhante ao de uma pessoa com catarata, e decidimos marcar uma consulta com uma oftalmologista veterinária. Na consulta, descobrimos que, além da catarata no olho esquerdo, ela tinha glaucoma no olho direito, já com a perda da visão totalmente configurada nesse olho. Porém, os sintomas para quem não é da área são menos evidentes, por isso é importante estar sempre atento", conta.
Se esses sinais forem observados, é importante buscar ajuda veterinária para um diagnóstico preciso. De acordo com o veterinário Mário Falcão, especialista em saúde ocular para cães e gatos, o diagnóstico da cegueira nos pets envolve uma combinação de histórico clínico, exame físico geral e testes oculares específicos. Os exames visam determinar o local que pode estar causando a dificuldade visual no paciente.
Cuidados especiais
Para cães e gatos com cegueira ou visão reduzida, a adaptação dos ambientes e da rotina são fundamentais para evitar acidentes, sendo possível proporcionar uma vida feliz e confortável para eles. Alguns cuidados se fazem necessários. Remover objetos pontiagudos ou perigosos que possam causar ferimentos; não mudar os móveis de lugar para que o pet possa se locomover com segurança; colocar portões ou barreiras em escadas e varandas para evitar que ele tropece ou caia; ensinar comandos sonoros para orientá-lo; manter o animal na coleira para que ele se sinta seguro; e definir horários fixos para alimentação e passeios são exemplos de alterações a serem feitas.
Principais causas de cegueira
Doenças oculares: catarata, glaucoma, úlcera na córnea e atrofia retinal são algumas das doenças oculares mais comuns que podem levar à cegueira.
Doenças sistêmicas: são aquelas que não se relacionam somente à visão, mas também a outros órgãos, como diabetes, hipertensão (mais comum em gatos), doenças renais e leishmaniose.
Infecções e inflamações: uveíte, conjuntivite, infecções bacterianas e virais são exemplos.
Traumas: acidentes, queimaduras e lesões oculares podem causar danos irreversíveis.
Envelhecimento: a degeneração macular relacionada à idade é uma causa comum de cegueira em cães mais velhos.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte