Bichos

Baixa cobertura vacinal de pets aumenta riscos de zoonoses no Brasil

A vacinação, realidade para tantas pessoas desde a infância, também é fundamental para a saúde dos animais. No Brasil, cerca de 85% da população não anda realizando a vacinação dos peludos

Desde a infância, as vacinas fazem parte da rotina de qualquer pessoa. Ainda bebês, é comum marcar presença no posto de saúde mais próximo de casa. Na fase adulta, essa realidade continua se perpetuando por um bom tempo. Entre os pets, esse é um hábito mais do que necessário. Afinal de contas, os bichos também passam por esse período de imunização contra doenças. Por isso, é necessário estar atento ao calendário vacinal do seu amigo de quatro patas

Apesar da importância, cerca de 85% da população brasileira não anda realizando a vacinação de pets, de acordo com dados disponibilizados pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sidan, o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal, o número indica uma baixa cobertura vacinal contra zoonoses e doenças infecciosas que atingem animais domésticos, especificamente cães e gatos.

Na visão de Marina Bonfim, veterinária e gerente técnica da Agener Pet, linha de saúde animal da União Química, quanto maior o número de animais vacinados em uma população, menor o risco de transmissão de doenças. Mas, para que haja o controle das doenças infecciosas em uma população, pelo menos 70% dos animais devem ser vacinados, garantindo, assim, a chamada imunidade de rebanho.

"Os baixos índices de cobertura vacinal para animais domésticos no Brasil podem ser atribuídos a diversos fatores, principalmente ao fato de que muitos tutores de animais não têm conhecimento adequado sobre a importância da vacinação e os riscos de doenças", destaca a especialista. De acordo com Marina, é sempre importante que o tutor consulte um veterinário para determinar o calendário vacinal adequado e as vacinas específicas recomendadas para cada animal, considerando a região e o estilo de vida.

Amor e proteção

Na casa de Geovana Souto, 21 anos, a pequena Chloe é a mascote da família. A pet chegou em 2021, com meses de vida. "Nossa relação é incrível, ela é muito protetora com a minha família. Normalmente, ela é muito brincalhona e engraçada, faz todo mundo feliz. Hoje em dia, não imagino minha vida sem a presença dela", descreve a estudante de enfermagem.

Arquivo pessoal - A pet Chloe chegou na vida da tutora Geovana há três anos

É como se as duas fossem uma coisa só. Tutora e pet, juntas, com características parecidas e um amor mútuo. Diante de tamanho carinho, nada mais justo do que estar sempre atento à saúde da companheira canina. Isso porque Chloe chegou no lar de Geovana com problemas relacionados à imunidade. Dessa forma, os familiares prezam bastante pela segurança da animal. 

"Desde novinha, mantemos a carteira de vacinação dela em dia e acompanhamos as datas no cartão. Agora, por exemplo, tivemos a campanha da vacina antirrábica e ela já estava no período de precisar tomar", conta a jovem. De acordo com a tutora, Chloe nunca apresentou nenhum efeito colateral provocado pelas imunizações. Muito pelo contrário, está sempre muito bem disposta, embora fique um pouco arisca com desconhecidos. 

Para a estudante, deixar a pet sem vacinação não é uma opção. "As doenças que acometem nossos pets são muito cruéis, e acredito que é muito importante mantermos a vacinação em dia. Até porque, em relação à saúde pública, é muito importante também. Como tutora, não poderia negligenciar a proteção da minha pet", finaliza.

Mais recomendações

Cada vacina possui seus protocolos, que variam entre cães e gatos, bem como o histórico desses indivíduos. Se são animais de abrigo ou se mamaram na mãe ou não, muitos são os critérios descritos por Bruno Alvarenga, professor de medicina veterinária do Ceub. "De forma geral, os cães têm como as vacinas essenciais as que irão prevenir contra sinomose, parvovirose canina e adenovírus canino. A vacinação é iniciada a partir de 6 a 8 semanas de vida", explica.

A partir de 12 semanas, os cães já podem tomar a vacinação antirrábica. O reforço dessas vacinas, incluindo a de raiva, é recomendado com 1 ano de idade. A polivalente, entretanto, é indicada a depender do tipo de tecnologia da vacina com 6 meses ou 1 ano. Para os gatinhos, as vacinas também se iniciam a partir de 6 semanas de vida, sendo que as doenças de maior necessidade de prevenção são a panleucopenia felina, o herpesvírus felino e o cálice vírus felino — sendo recomendada, a partir da oitava semana de vida, a administração da vacina que irá prevenir a FeLV, a leucemia viral felina.

Em relação aos possíveis efeitos colaterais, em cães ou gatos, as reações vacinais, em parte, são iguais. É possível que esse animal, assim como uma criança nos primeiros três dias após a vacina, tenha um pouco febre, que o local da aplicação fique um pouco sensível ou que forme um ponto de inflamação, sintomas que normalmente passam após esse período. Vômitos e diarreias aparecem em casos mais raros.

Jhonatan Vieira, Ascom/Sejus - Cães e gatos têm um cartão vacinal a ser seguido, assim como os humanos

"Sempre que o animalzinho for vacinado, é importante que o seu responsável tenha um contato com o veterinário ou a clínica responsável pela administração do imunizante para que, havendo alguma dúvida ou alguma reação pós-vacinal indesejada, ele possa retornar para elucidar a sua dúvida ou para que as medidas necessárias sejam adotadas, buscando sempre o bem-estar desse indivíduo", finaliza.

Vai viajar? 

Como complemento, caso o responsável desse cão ou gato deseje ir para o exterior com esses indivíduos, a administração da vacina de raiva só é considerada se feita após a microchipagem do animal. “Eles, primeiro, precisam ser microchipados, posteriormente vacinados contra a raiva. Após o período de 30 dias, fazer a titulação dos anticorpos que o protegem contra a raiva, para adquirirem a autorização de entrarem em alguns países, sendo acompanhados dos demais documentos necessários”, orienta Bruno.

Vacinas obrigatórias 

Para cães

V8 ou V10, vacina polivalente, que protege contra várias doenças, como cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose e leptospirose. Vacina obrigatória para prevenção da raiva. Em algumas regiões, a vacina contra a gripe canina (influenza) também pode ser recomendada.

Para os felinos

V3 ou V4, vacina polivalente, que protege contra a rinotraqueíte viral, calicivirose e panleucopenia. “Assim como nos cães, a vacina contra a raiva é obrigatória. Embora não seja obrigatória em todos os locais, a para Leucemia Felina (FeLV) é altamente recomendada.” 

Fonte: Marina Bonfim, veterinária e gerente técnica da Agener Pet, linha de saúde animal da União Química

 

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