Expor o corpo a níveis de estresse extremo em atividades de alto rendimento pode ser um perigo. Afinal, ninguém é programado para performar como se fosse uma máquina. Agir dessa forma, por vezes, é colocar em xeque seu descanso e atrair lesões de diversos tipos. No entanto, até mesmo quem não é atleta profissional já sentiu aquela fisgada na coxa quando se divertia com os amigos no futebol de domingo.
As lesões musculares, populares entre os esportistas, podem ou não acontecer em momentos de atividade física. De acordo com o professor de educação física Emanuel Victor, elas geralmente ocorrem devido à sobrecarga muscular ou a movimentos bruscos, como durante um sprint ou ao levantar pesos de forma inadequada. "Até mesmo movimentos simples do dia a dia, como levantar algo pesado de maneira errada, podem causar lesões", afirma.
De acordo com o especialista, as lesões musculares mais comuns são as distensões, quando o músculo é alongado além do seu limite, e os estiramentos, uma lesão parcial. Além disso, existem as rupturas, que podem ser parciais ou completas. As lesões mais frequentes acontecem nos músculos posteriores da coxa e da panturrilha, especialmente em esportes de alta intensidade. Essas áreas, na avaliação de Emanuel, são mais suscetíveis devido à demanda de movimentos rápidos e explosivos.
Para prevenir e evitar que essas lesões aconteçam, além de aquecer e alongar, o fortalecimento muscular específico para cada esporte é fundamental. "Um fator que muitas pessoas ignoram é a importância do descanso. Ou seja, treinar excessivamente sem dar tempo para o músculo se recuperar, aumenta muito o risco de lesões. A nutrição adequada, com foco em proteínas e eletrólitos, também ajuda a manter os músculos saudáveis", completa.
Tipos de lesões musculares
O educador físico Emanuel Victor explica que lesões de grau 1 são leves e podem ser confundidas com uma simples dor muscular pós-exercício, enquanto as moderadas, de grau 2, envolve um rompimento parcial das fibras musculares e causa dor mais intensa. “Lesões de grau 3 são as mais graves, com a ruptura completa do músculo, muitas vezes necessitando de cirurgia. Nem sempre uma lesão de grau 3 provoca dor aguda imediata; algumas pessoas só percebem a gravidade horas depois.”
Lesão inesperada
No final de maio, Wilson da Silva, 43 anos, saiu para passear com seu pet, em mais um dia normal para o tutor. No entanto, percebeu que não tinha levado a chave que abre o portão de casa. Assim, resolveu pular o muro para buscá-la rapidamente. Na hora de descer, conta que sentiu o músculo do peitoral rasgando, em uma dor que ele jamais tinha conhecido.
"Senti muita dor, parecia um pano rasgando. Dois dias depois, o braço ficou roxo. Fiz a ressonância e confirmou que rompi o tendão do peitoral. Tive que fazer a cirurgia em menos de 15 dias", destaca. O processo de recuperação até aqui tem sido lento e resiliente para Gustavo. Ele, que passou 45 dias de tipoia, ficou sem mexer o braço com risco de romper a cirurgia.
Assim que tirou a proteção, percebeu que o braço estava totalmente atrofiado e quase não conseguia movê-lo. "Comecei a fisioterapia e, em poucas sessões, já ganhou uma grande mobilidade. Mas, até hoje, não consigo realizar todos os movimentos. Só com três meses após a cirurgia pude retornar a fazer força, o processo é bem lento. Tem que ser muito paciente para ter uma recuperação completa", ressalta Gustavo.
Depois de tantas dificuldades e uma lesão em um momento inesperado, Gustavo percebeu que fazer uma força extrema sem que o músculo esteja preparado pode ser um perigo. Por mais que treine todos os dias há duas décadas, quando está na academia, existe toda uma preparação antes de começar as atividades. "Alongamento, aquecimento, movimento controlado. Diferentemente de quando estamos frios e distraídos para pular um portão, carregar um móvel, pegar uma sacola no banco de trás do carro. É nesse momento que lesionamos em uma bobeira."
Fatores de risco
— Falta de flexibilidade
— Frouxidão ligamentar
— Desalinhamento ósseo
—Assimetrias de membros
— Má postura
— Sedentarismo
Fonte: fisioterapeuta e quiropraxista Renato Coriolano
Tratamento e diagnóstico
Segundo o fisioterapeuta e quiropraxista Renato Coriolano, o diagnóstico para identificação de lesões musculares acontece a partir da ressonância magnética e da ultrassonografia musculoesquelética, muito utilizadas para detectar se o músculo sofreu alguma alteração na lesão.
Em caso de lesão muscular detectada, o especialista dá algumas orientações para minimizar a dor. "Colocar gelo imediatamente e procurar um médico ortopedista para avaliar a gravidade da lesão e encaminhar para a fisioterapia. No caso de lesões posturais, iniciar uma rotina de atividade física e alongamentos", recomenda.
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Recuperação
Lesões leves (grau 1) podem se resolver em uma a duas semanas.
Lesões moderadas (grau 2) demoram de quatro a seis semanas.
Lesões graves (grau 3) podem levar meses para cicatrizar completamente. "O retorno completo à atividade pode variar. Mesmo após a cicatrização, o músculo nunca volta a ser exatamente como antes; há sempre uma pequena alteração estrutural nas fibras musculares", esclarece Emanuel Victor.