Saúde & Bem-estar

8 benefícios da tecnologia para crianças neurodivergentes

Quando bem direcionada e supervisionada, ela pode potencializar o desenvolvimento dos pequenos

A tecnologia pode ser uma aliada para o desenvolvimento de crianças neurodivergentes (Imagem: Monkey Business Images | Shutterstock) -  (crédito: EdiCase)
A tecnologia pode ser uma aliada para o desenvolvimento de crianças neurodivergentes (Imagem: Monkey Business Images | Shutterstock) - (crédito: EdiCase)

Crianças neurodivergentes são aquelas cujo desenvolvimento neurológico apresenta diferenças em relação ao que é considerado típico. Isso inclui condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), dislexia, entre outros. Essas variações no funcionamento neurológico afetam a maneira como elas processam informações, se comunicam e interagem com o mundo.

O uso da tecnologia pode ser um grande aliado no desenvolvimento de crianças neurodivergentes. Ferramentas digitais, como aplicativos educacionais, dispositivos de comunicação assistiva e softwares de organização, podem ser adaptados para as necessidades individuais delas.

Abaixo, confira 8 benefícios da tecnologia para crianças neurodivergentes!

1. Desenvolvimento do raciocínio lógico

A tecnologia pode ser uma grande aliada para ajudar no desenvolvimento cognitivo das crianças. “A programação e os jogos educativos ajudam os pequenos a resolverem problemas, estruturando seu pensamento de forma lógica e ordenada. Essas habilidades são fundamentais para o crescimento cognitivo”, explica o coordenador pedagógico Italo Pereira, da SuperGeeks, que promove ensino de programação e robótica.

2. Fortalecimento da comunicação

Segundo Italo Pereira, algumas crianças neurodivergentes podem ter dificuldade para se comunicar de maneira convencional. Neste contexto, “ferramentas tecnológicas, como aplicativos de comunicação alternativa, permitem que elas expressem seus sentimentos e ideias de forma mais clara”, completa.

3. Aumento da autonomia

Outra vantagem é auxiliar na promoção da autonomia dos neurodivergentes. “A tecnologia permite que as crianças realizem atividades sozinhas, seguindo instruções em plataformas interativas. Isso ajuda no desenvolvimento de independência e autoconfiança”, reforça o especialista da SuperGeeks.

4. Estimulação sensorial

Aplicativos e jogos interativos estimulam diferentes sentidos, oferecendo experiências controladas que ajudam as crianças a processarem informações sensoriais de forma mais eficaz.

“O uso da tecnologia na estimulação sensorial de crianças neurodivergentes oferece uma abordagem personalizada e envolvente. Aplicativos, jogos interativos e dispositivos de realidade aumentada proporcionam estímulos visuais, auditivos e táteis de forma controlada, permitindo que as crianças explorem seus sentidos em um ambiente seguro”, explica Damião Silva, psicólogo especialista em crianças neurodivergentes.

Além disso, segundo ele, a tecnologia ajuda a acompanhar o progresso da criança, bem como “permite adaptações em tempo real, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e motoras”.

mulher com criança mexendo em um tablet
Algumas ferramentas podem ajudar a estimular a criatividade das crianças (Imagem: DG FotoStock | Shutterstock)

5. Desenvolvimento da criatividade

Ferramentas tecnológicas, como softwares de desenho e programação, incentivam as crianças a criarem seus próprios projetos, estimulando a imaginação e a criatividade. “[…] Além disso, a tecnologia proporciona um ambiente de experimentação sem julgamentos, em que elas podem testar, errar e criar livremente, fortalecendo tanto a autoconfiança quanto as habilidades criativas”, diz Damião Silva.

6. Desenvolvimento emocional

Jogos e aplicativos que abordam inteligência emocional ajudam as crianças a reconhecerem e lidarem com suas emoções. Esse desenvolvimento é essencial para uma melhor adaptação social e pessoal.

“Quando usada de forma adequada, a tecnologia pode ser uma grande aliada no desenvolvimento emocional de crianças neurodivergentes. Aplicativos e jogos interativos ajudam a promover habilidades como autorregulação, empatia e comunicação, ao criar situações que simulam interações sociais e desafios emocionais”, explica Camila da Silva Conceição, psicóloga clínica e escolar da Legacy School.

Além disso, é um espaço que pode passar mais segurança para as crianças. “Essas ferramentas também oferecem um ambiente seguro e controlado para as crianças processarem suas emoções e experimentarem diferentes reações, o que facilita o aprendizado emocional de forma gradual e personalizada”, acrescenta.

7. Redução da ansiedade

Ambientes controlados e previsíveis, proporcionados por aplicativos e plataformas educativas, quando utilizados de maneira direcionada, ajudam a reduzir a ansiedade, principalmente em pessoas autistas, que se beneficiam de rotinas bem estruturadas.

“[…] Aplicativos de meditação guiada, jogos focados em mindfulness e plataformas que auxiliam na organização de rotinas diárias podem ajudar a proporcionar sensação de controle e previsibilidade, fatores que reduzem o estresse. Além disso, essas ferramentas oferecem estratégias práticas de relaxamento e autorregulação, contribuindo para o bem-estar emocional das crianças”, explica Camila Silva.

8. Inclusão digital

A tecnologia oferece uma plataforma de aprendizado acessível e adaptável, garantindo que crianças neurodivergentes também tenham acesso à educação de qualidade, de maneira inclusiva e personalizada.

“Ao criar um ambiente de aprendizado que valoriza as particularidades de cada aluno, a tecnologia se torna uma ponte para que alcancem seu potencial máximo, tanto no aspecto cognitivo quanto no social”, diz Marco Giroto, fundador e presidente da SuperGeeks.

Cuidados importantes

Apesar dos benefícios, é importante ficar atento às necessidades e particularidades de cada criança. “Concordo com o uso da tecnologia, mas é importante ressaltar que deve ser feita de forma adequada e controlada, especialmente porque pode haver alterações neurológicas pré-existentes”, alerta Damião Silva.

Além disso, é fundamental utilizar a tecnologia de forma comedida. “O uso excessivo pode causar mais danos do que benefícios. Portanto, sou a favor de um controle rigoroso e do uso supervisionado por profissionais capacitados. É essencial que os pais também recebam orientações de especialistas sobre o tempo de exposição às telas, de acordo com a faixa etária, e sempre considerem tanto os benefícios quanto os possíveis prejuízos”, acrescenta o profissional.

Aplicações da tecnologia na escola

A psicopedagoga Cátia Lopes Brasil, da escola Rede Daltro, compartilha orientações sobre como a escola pode auxiliar as crianças neurodivergentes com a tecnologia. Para ela, os professores desempenham um papel fundamental na identificação e apoio às crianças com TDAH, por exemplo.

“Eles podem adotar estratégias específicas para criar um ambiente de aprendizagem inclusivo e eficaz. Estruturar as aulas, dividindo as tarefas em etapas menores e oferecendo instruções claras e diretas, pode ajudar na compreensão e execução das atividades”, explica.

Por Sarah Monteiro

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Redação EdiCase
postado em 04/10/2024 16:03
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