Os clássicos estão sempre sendo reinterpretados com um toque contemporâneo, tanto na moda quanto na arquitetura. Um exemplo disso são as famosas boiseries, que continuam a embelezar paredes em projetos de diversos estilos, provando sua durabilidade ao se adaptarem às novas tendências sem perder seu charme atemporal.
“Sem sombra de dúvidas, elas sempre terão seu lugar de destaque no décor de interiores. A mudança está nas características que marcavam os projetos dos séculos passados e que carregam a essência, os valores e os comportamentos que ditavam as grandes residências daquelas épocas”, afirma a arquiteta Cristiane Schiavoni, que comanda seu escritório homônimo.
Ela, apaixonada pelo recurso, assegura que o caminho é pensar em formas de ressignificar a boiserie no contexto de cada ambiente. “Sua presença não está apenas no fato de adornar, mas sim de transmitir e valorizar o sentimento desejado”, acrescenta.
Boiserie clássica vs. boiserie moderna
Diferentemente de como são aplicadas atualmente, as boiseries inicialmente eram feitas de madeira — bois em francês, o que dá origem à palavra —, esculpidas delicadamente para dar vida aos ornamentos que as fazem tão charmosas. Com o avanço tecnológico, elas ganharam outros materiais que, além de diminuírem o custo de produção, elevaram a durabilidade e não exigem tantos cuidados de manutenção.
A arquiteta destaca sua predileção pelo poliestireno justamente por não requerer o uso de massa e o lixamento. “Como ela já vem pronta, basta colar e, dependendo da cor da parede, não é necessário pintar”, detalha. No período em que surgiram, as boiseries de outrora eram bem trabalhadas e repletas de detalhes. Dessa forma, ela ressalta a necessidade de encontrar equilíbrio para a inclusão nos projetos atuais. “Precisamos usá-las de uma forma mais limpa e sem tantos detalhes”, afirma.
A seguir, acompanhe 3 dicas da arquiteta para incluir a boiserie na decoração a partir de projetos realizados pelo seu escritório!
1. Onde aplicar a boiserie?
A arquiteta Cristiane Schiavoni defende que as boiseries são bem-vindas em todo lugar da casa e não há contraindicação sobre sua instalação nos ambientes residenciais. “Podemos considerá-la nos dormitórios, na sala de estar, que eu adoro, no home theater, lavabos e no banheiro, visto que, hoje em dia, existem boiseries produzidas com materiais resistentes à umidade”, esclarece.
2. Usando o décor para valorizar este elemento
Existem várias maneiras de combinar as boiseries nos estilos decorativos atuais e, em se tratando de um item que chama atenção, Cristiane se atenta ao pensamento de enaltecê-lo junto à disposição de peças de arte ou mobiliários. “A boiserie resgata sentimentos e, com isso, se torna um meio interessante para combinar com peças de memória afetiva ou aqueles adquiridos em leilões e lojas de antiguidades”, observa.
Quanto ao emprego das cores, a arquiteta explana a necessidade de averiguar com cuidado, pois, uma vez que as molduras “preenchem” a parede, a decisão tanto pode acrescentar destaque ou mesmo se camuflar. Ela aponta que ambas as possibilidades promovem uma composição sofisticada, embora com objetivos completamente diferentes. Para exemplificar, uma dessas formas requer pintar a parede de uma cor e a boiserie, de outra.
Por outro lado, também é possível pintar estes elementos no mesmo tom, pois, conforme pontua a profissional, não há uma regra. “Eu sou mais adepta a acompanhar a boiserie com a cor da parede. Entretanto, esse é um viés que denota a linguagem que gosto de trazer para os projetos”, opina.
3. Iluminação
A iluminação é outro ponto fundamental e tem como propósito a valorização das boiseries. Para tanto, Cristiane recomenda o uso de uma luminária ou arandela a fim de realçá-las dentro de algumas perspectivas. Uma delas admite a luz de foco em um jogo de luz e sombra, enquanto também é possível destacá-la de uma forma mais lavada e sem muito foco na parede para se dispersar de uma forma geral.
Por Alexandre Agassi