O lipedema é uma doença crônica que se caracteriza pelo acúmulo excessivo e desproporcional de gordura no corpo, especialmente nas pernas, nos braços e nos quadris. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), essa condição afeta predominantemente mulheres, atingindo mais de 11% da população feminina no Brasil.
A principal distinção entre a gordura do lipedema e a comum está na distribuição anormal e simétrica, além das características do tecido adiposo, como explica a cirurgiã vascular e angiologista Camila Helena, da clínica Venous. "Enquanto a gordura comum está distribuída de forma mais homogênea e pode ser perdida com dieta e exercícios, a do lipedema se acumula em regiões específicas e é resistente a essas intervenções, não diminuindo facilmente com perda de peso convencional", afirma.
Além disso, a gordura associada ao lipedema é inflamada e patológica, o que provoca uma série de alterações no tecido adiposo e contribui para os sintomas e a progressão da doença. "Isso leva a dor, sensibilidade ao toque e facilidade na formação de hematomas e nódulos", acrescenta a cirurgiã.
Sem tratamento, o lipedema pode impactar severamente a qualidade de vida e desencadear problemas emocionais significativos. Por isso, todo cuidado é pouco.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
Causas
Embora as causas exatas do lipedema ainda não sejam totalmente compreendidas, o diretor médico do Spaço Vascular e membro efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, Eduardo Toledo, destaca que a doença provavelmente resulta de uma combinação de fatores genéticos, hormonais e inflamatórios. "As alterações hormonais ocorridas durante a puberdade, a gravidez e a menopausa, por exemplo, podem desencadear ou agravar a doença", alerta.
Sintomas
Os principais sinais e sintomas do lipedema incluem:
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Acúmulo simétrico de gordura nas pernas, nos quadris e/ou nos braços;
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Sensação de peso ou dor nas áreas afetadas;
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Sensibilidade ao toque e facilidade para formar hematomas;
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Inchaço (edema), que pode piorar ao longo do dia;
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Discrepância entre a parte superior e a inferior do corpo;
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Pele com aspecto de “casca de laranja”, causada por nódulos de gordura proeminentes, o que leva a uma aparência irregular da pele.
Diagnóstico
O diagnóstico do lipedema é feito principalmente por meio de uma avaliação clínica realizada por um angiologista. “O médico especializado avalia a distribuição da gordura, a presença de dor, a sensibilidade e outros sintomas característicos”, descreve Camila. Em alguns casos, exames de imagem, como densitometria de corpo total, ultrassom ou ressonância magnética, podem ser utilizados para diferenciar o lipedema de outras condições, como a obesidade.
Estágios
O lipedema pode ser classificado em quatro estágios, conforme sua gravidade. No inicial, observa-se o acúmulo de gordura com leve inchaço e dor, embora a pele ainda apresente aspecto normal. Se não tratado, o lipedema pode evoluir para estágios mais graves.
No segundo estágio, surgem irregularidades na pele e nódulos de gordura. “Nessa fase, há um aumento do volume dos membros e o paciente experimenta dor intensa”, comenta Eduardo. O terceiro estágio é marcado por uma pele ainda mais irregular, com aspecto de casca de laranja. O volume dos membros e a dor também aumentam significativamente nesse ponto.
Na quarta e última fase, a doença provoca deformidade dos membros, dor intensa e limitação de movimentos. “Nesse estágio, o lipedema pode se associar ao linfedema, levando ao acúmulo adicional de líquido e ao aumento do inchaço”, explica Camila.
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Tratamento
Atualmente, não há cura para o lipedema, mas existem diversas opções de tratamento que ajudam a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Os tratamentos conservadores incluem terapia de compressão com meias, drenagem linfática manual, fisioterapia e exercícios de baixo impacto”, enumera Camila.
Além disso, segundo Eduardo, o tratamento do lipedema é individualizado e pode envolver o uso de medicamentos para controlar dores e inflamação e a realização de procedimentos como a lipossucção, que remove o excesso de gordura. A adoção de uma dieta equilibrada também é recomendada. “Embora a gordura do lipedema não responda bem à dieta e ao exercício convencionais, uma alimentação saudável pode prevenir o ganho de peso que agrava a condição”, acrescenta Camila.
Palavra do especialista
Em quais casos de lipedema é necessário a realização de cirurgia?
A cirurgia, mais comumente a lipoaspiração específica para lipedema, pode ser recomendada em casos mais graves, em que o tratamento conservador não é suficiente para aliviar os sintomas. A cirurgia é indicada para reduzir o volume de gordura, aliviar a dor e melhorar a mobilidade e a qualidade de vida.
Como funciona o procedimento?
A lipoaspiração para lipedema é um procedimento cirúrgico seguro quando realizado por um cirurgião plástico experiente. Durante a cirurgia, a gordura do lipedema é removida para melhorar a forma e reduzir os sintomas.
Quais são os resultados da cirurgia e como é o processo de recuperação?
A lipoaspiração para lipedema pode proporcionar uma redução significativa dos sintomas, como dor e inchaço, além de melhorar a aparência física e a mobilidade. No entanto, a cirurgia não cura o lipedema, e cuidados contínuos, como dieta e atividade física, são necessários para um resultado duradouro. A recuperação envolve o uso de roupas de compressão por várias semanas para ajudar na cicatrização e evitar complicações, além de drenagem linfática por aproximadamente três meses.
Camila Helena é cirurgiã vascular e angiologista da Clínica Venous