Cidade Nossa

Crônica Cidade Nossa: doar o tempo, precioso desafio

Diariamente, todos se deparam com dilemas e questões sociais. A escritora Maria Lúcia Verdi acredita que o amor é a melhor forma de lidar com essas problemáticas

Trabalho faz bem e é necessário para o nosso equilíbrio tanto quanto o amor, já dizia o velho Freud -  (crédito: Caio Gomez)
Trabalho faz bem e é necessário para o nosso equilíbrio tanto quanto o amor, já dizia o velho Freud - (crédito: Caio Gomez)

Por Maria Lúcia Verdi, escritora

São tantas as situações humanas degradantes, inaceitáveis, que vemos cotidianamente ao transitar pela nossa capital, que constantemente nos perguntamos sobre o que poderíamos fazer para ajudar, além de comprar algo na padaria, na farmácia, no supermercado, e/ou contribuir com alguma quantia para a causa mais urgente. E as urgências só se somam — enchentes, incêndios, invasões, extermínios, amigos doentes.

As questões sociais são responsabilidade do Estado, certo, mas será que não podemos contribuir um pouco mais, frente ao tamanho desafio que o governo enfrenta, sendo praticamente dirigido por um Congresso como o que temos?

Pois vou lhes contar de uma iniciativa meritória para a qual podemos contribuir. Não apenas com dinheiro — cada vez mais escasso — como com nosso trabalho voluntário e um pouco do nosso tempo. Sermos voluntários do que inicialmente se chamou Food for Life (FFL — Alimentos para a Vida), e teve começo na Índia, na década de 1970, por iniciativa de Srila Prabhupada, é algo especial.

Atualmente, é conhecida como Food Yoga International. A FYI é uma organização com 65 países afiliados, que desenvolve 250 projetos sociais e serve mais de um milhão de refeições por dia, sendo a maior organização de distribuição alimentar do mundo. Aqui em Brasília, esse programa oferece refeições veganas para pessoas em área de vulnerabilidade social no DF e é mantida por voluntários. Quem quiser saber mais, entre no link do Instagram (@ffl.df) criado pelo coordenador do programa no DF, o professor de hatha yoga e de práticas com mantra yoga, Paulo César Jordão.

Os voluntários podem contribuir por Pix (ffl.iskcondf@gmail.com), com a doação de alimentos, ou ajudar na preparação das refeições e/ou na distribuição das mesmas, na Rodoviária do Plano Piloto, toda última terça ou quinta feira de cada mês. A preparação dos alimentos é um bom momento, também, para que se aprenda a rica culinária vegana; para tal, as pessoas se reúnem no restaurante Veganese, na CLN 204, a partir das 16h. A distribuição, na rodoviária, ocorre às 19h30. A próxima Ação Alimentos para a Vida será a sétima, em setembro.

Alguns dos outros projetos desenvolvidos pela FYI são relacionados à jardinagem orgânica, projetos
agrícolas, educação à base de plantas, resgate de animais e atividades em escolas. A FFL nasceu da revolta e da tristeza de Srila Prabhupada ao ver crianças indianas brigarem com cães pelos restos de um almoço que havia tido em seu templo. Fundador da Sociedade internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON), conhecido como Movimento Hare Krishna, Prabhupada foi um líder religioso e figura icônica do movimento de contracultura norte-americano.

Diplomado em sânscrito, inglês, filosofia e economia, o mestre indiano foi grande divulgador de conhecimentos védicos em língua inglesa. Tradutor e autor de 80 volumes, traduziu do sânscrito ao inglês os 18 mil versos de um dos maiores clássicos da literatura indiana, o Bagavata Purana (O Livro de Deus), fundamental para os estudos de bhakti yoga (yoga da devoção) e temas da filosofia Advaita (monismo) e da filosofia Dvaita (dualismo). Falecido em 1977, Prabhupada deixou seguidores em todo o mundo, adeptos de uma religião sem radicalismos ou ortodoxias, comprometida com a busca do bem-estar da humanidade.

Trabalho faz bem e é necessário para o nosso equilíbrio tanto quanto o amor, já dizia o velho Freud. Dedicarmos parcela do nosso precioso tempo é talvez a maior das doações.

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postado em 08/09/2024 07:00
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