Em meio a todo o desgaste emocional e medo pelo filho que está na UTIN, os pais de prematuros extremos ainda precisam se esforçar para entender e aprender uma série de novos termos e condições de saúde.
Acompanhar o peso do bebê, medido todos os dias, se torna quase um ritual, afinal eles precisam alcançar pelo menos dois quilos para ter alta. As classificações entre os prematuros também ficam na ponta da língua. A pediatra neonatal e coordenadora da UTI Neonatal da Maternidade Brasília, Ana Amélia Fialho, ensina que abaixo de 29 semanas, os pequenos são os prematuros extremos, entre 29 e 33 semanas e seis dias, são os prematuros e acima disso, a partir de 34 semanas, são os prematuros tardios.
Segundo a Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais, a prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil e quanto mais novo o bebê, menores as chances de sobrevivência. Dados da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (RBPN) mostraram, excluindo-se os bebês com diagnóstico de malformação congênita e óbitos na sala de parto, que cerca de 17,1% dos bebês com idade gestacional menoe que 24 semanas tiveram sobrevida mais expressiva, número que subiu para 47% quando avaliados os nascidos entre 24 e 27 semanas.
Por isso, quando ocorre o risco de parto antecipado, é feito todo um esforço para segurar os bebês o máximo possível, aumentando assim suas chances de sobrevivência e diminuindo as intercorrências de saúde.
Ana Amélia comenta que os principais problemas de saúde que afetam os prematuros extremos são os riscos de infecção, em virtude do sistema imunológico incompetente; problemas respiratórios pela imaturidade pulmonar — o pulmão é o último órgão a ficar "pronto" antes de um bebê nascer e os alveolos precisam de ajuda para abrir e poder iniciar a troca de gases; problemas no sistema nervoso central causados por hemorragias; alterações na retina; icteíricia; alteração na calcificação dos ossos; doenças metabólicas e até mesmo riscos de fraturas espontâneas.
E a pediatra ressalta que além de todos os cuidados médicos, a presença dos pais na UTIN é essencial na recuperação dos bebês. "Costumo dizer que apenas pegamos os bebês emprestados para fazer o que os pais não conseguem, mas que eles fazem parte da equipe e são os principais e mais importantes cuidadores desses recém-nascidos", completa.