Mais que uma decoração, um conceito artístico. Nos últimos anos, algumas técnicas despontam como primorosas e queridas dentro do universo dos projetos de interiores. O crochê no lar e as artes desenhadas na parede estão entre esses tantos exemplos. Há algum tempo, acredita-se que o tufting, produção têxtil e artesanal, também aparece como um elemento bastante procurado para dar um toque adicional ao lar. Diferente de tudo, a criatividade é, certamente, parte crucial desse trabalho.
Esse projeto tem como desejo imprimir uma nova evolução e acessibilidade ao mundo das tapeçarias. De acordo com a arquiteta mineira Maísa Flora (@ateliemaisaflora), o tufting é uma técnica de artesanato e produção têxtil que envolve a criação de tapetes utilizando uma ferramenta específica conhecida como tufting gun. "Essa técnica permite a formação de texturas únicas ao introduzir fios em uma base de tecido, criando uma superfície densa e macia", explica.
As tufting guns manuais, utilizadas para introduzir os fios na base de tecido, criando laçadas ou pontas cortadas, são as que Maísa usa em seu ateliê. Na visão da profissional, o surgimento dessa ferramenta revolucionou a indústria, tornando a produção mais eficiente e diversificada, o que permitiu uma ampla gama de designs e texturas. As máquinas de tufting desempenharam um papel fundamental na democratização da fabricação têxtil e na diversificação de produtos.
"No ateliê, tenho uma produção autoral de tapeçarias para parede, na qual cada uma delas é a materialização de uma história. Mais do que uma decoração, cada obra representa uma memória afetiva. Meus clientes desempenham um papel fundamental na criação, pois é a partir das nossas conversas que surgem as melhores inspirações", completa. As obras são confeccionadas a partir das necessidades do cliente, em relação a tudo o que ele espera da peça.
Formada em arquitetura, Maísa encontrou como artista têxtil seu lugar no mundo. O trabalho manual, parte importante da vida dela, foi o que lhe motivou a empreender desde muito jovem. Hoje, ela é um dos nomes de destaque no setor. "Ainda criança, comecei a fazer as primeiras tapeçarias com retalhos de tecido da confecção da minha avó. Durante a pandemia, voltei a explorar as técnicas de tecelagem e descobri o tufting, um processo que despertou meu interesse em criar obras de arte com liberdade formal", conta.
Paixão artística
Bruna Zanatta (@brunazanatta), 35 anos, também descobriu seu propósito neste campo da arte. Advogada, servidora pública, mas artista de nascença. Os trabalhos manuais, de certa forma, sempre estiveram presentes em sua jornada. Mas, na pandemia, acabou assistindo a vários vídeos sobre tufting, até que decidiu adentrar e se interessar mais por esse universo. "Comprei os materiais e fui aprendendo sozinha, assistindo na internet e desbravando tudo", relata.
Desde 2022, ela divide o tempo com a advocacia e a produção de tapetes regados a muita criatividade. Até aqui, ressalta que sente orgulho em tudo o que a tapeçaria lhe proporcionou, já que foi graças a essa nova empreitada que Bruna pôde se encantar ainda mais com a arte. Inclusive, ganhou mais conhecimento e vontade de continuar estudando sobre o tema.
Para aqueles que sonham em seguir pelo mesmo caminho, a advogada afirma que o ideal é começar fazendo oficinas para aprender um pouco mais e ganhar maturidade. "A ideia é iniciar com materiais de punch needle antes de investir nos materiais de tufting, que são mais custosos e demandam mais espaço. Existem vários cursos on-line com profissionais renomados brasileiros e estrangeiros", ressalta.
Fios de lã ou sintéticos, tecido base primária e um bastidor são os materiais básicos dentro do tufting. Além das tapeçarias tradicionais para utilizar no chão é possível criar tapeçaria para parede adicionando texturas para compor a decoração. Aliás, ainda é possível revestir objetos, deixando-os felpudos e bonitos.
Dicas valiosas
Tufting Gun: utilizada para introduzir os fios na base de tecido, criando laçadas ou pontas cortadas.
Tecido Base: Geralmente uma tela de algodão ou poliéster, que é esticada em um bastidor para servir como base para os fios.
Bastidor: Um quadro usado para esticar o tecido base, mantendo-o firme durante o processo de tufting.
Fios: Podem ser de vários tipos, incluindo lã, algodão, acrílico ou uma mistura de diferentes fibras. A escolha do fio depende da textura e aparência desejadas para a peça final.
Cola: Aplicada na parte de trás da tapeçaria após o tufting para fixar os fios no lugar e evitar que se soltem.
Como incorporar no lar?
Para Maísa Flora, a imaginação é o limite. As maneiras mais comuns de incorporar o tufting na decoração incluem tapeçarias de parede e piso, almofadas, mantas, quadros e estofados. Cada artista pode explorar diferentes formas de levar o tufting para o mundo, tornando as possibilidades quase infinitas.
Curiosidade
Embora "tufar" na língua portuguesa tenha outras definições, no ateliê Maísa Flora, onde produz peças autorais, a especialista gosta de usar o verbo para se referir ao ato de criar tufos que, por sua vez, estão correlacionados a um grupo compacto de filamentos, como cabelos, pelos ou vegetação, que crescem ou estão agrupados juntos. “O verbo tufar significa, dentro do universo têxtil, formar tufos. É o processo realizado pela tufting gun, que empurra o fio através do tecido para formar uma área densa de laçadas ou um campo fofo de pontas de fios cortados", acrescenta Maísa Flora.