Turismo

Paixão gastronômica: queijo minas artesanal é atrativo para turistas

Municípios que compõem o território da famosa serra mineira fazem parte do circuito turístico selecionado pelo Governo de Minas Gerais como um dos melhores para visitar no inverno. O Correio foi conferir e traz detalhes da região onde é produzido um dos queijos mais amados do Brasil

O queijo minas artesanal produzido na Serra da Canastra é um dos atrativos que têm fomentado o turismo na região. O roteiro, que passa por municípios que compõem o território da famosa serra mineira, faz parte do circuito Inverno em Minas, divulgado pelo governo do estado como um dos melhores para visitar no frio. Produzido artesanalmente e famoso em todo o mundo, o queijo canastra tem atraído turistas para a região, que também abriga a nascente do Rio São Francisco e é conhecida pela importância hidrográfica.

Produzido há mais de 200 anos, o queijo canastra representa mais do que um marco da gastronomia mineira e uma mola propulsora da economia da região. O modo de fazer a saborosa iguaria foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural imaterial brasileiro e, em breve, tem grandes chances de se tornar o primeiro item gastronômico produzido no Brasil a ser tombado como patrimônio imaterial da Humanidade.

Em 2022, a enciclopédia gastronômica americana Taste Atlas classificou o queijo canastra como o melhor do mundo. Após o merecido destaque recebido, o governo de Minas pleiteou a candidatura ao título de patrimônio cultural imaterial da Humanidade. A Unesco aceitou o pedido de candidatura, que está sendo avaliado. No fim deste ano, em Assunção, no Paraguai, haverá uma nova reunião da Unesco onde o queijo minas artesanal produzido na Serra da Canastra deve ser reconhecido como patrimônio imaterial da Humanidade. Será o primeiro item gastronômico produzido no Brasil a receber o título. "Isso vai resultar em mais turismo, mais gastronomia e mais eventos", destacou o produtor de queijo João Carlos Leite, da queijaria Roça da Cidade, que fica em São Roque de Minas, um dos municípios que compõem o território da Serra da Canastra.

Fotos: Rodrigo Zeferino - João Carlos Leite é proprietário da queijaria Roça da Cidade

Outro município que compõe o território é São João Batista do Glória. O Correio visitou duas famosas queijarias localizadas na cidade. A primeira foi a Tradição Vilela, administrada por Laís Vilela com os pais Ebenézer e Luciana. As queijarias da região são administradas por famílias que tocam todo o ciclo de produção seguindo o caderno técnico determinado pelo Iphan, uma vez que o modo de produção do queijo é tombado. "Vimos no queijo canastra uma oportunidade de negócio", afirmou Laís, que é formada em administração e fez como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) uma análise da viabilidade técnica e operacional da queijaria, hoje uma das mais conhecidas da região.

A Quintal do Glória também é uma queijaria localizada na Serra da Canastra onde todo o processo produtivo é tocado em família. Nilseia Vilela é responsável pela produção do queijo enquanto o marido, Renato Vilela, fica responsável por cuidar do gado. "A energia da gente vai sempre no produto, porque o processo de produção é bem manual. Tanto no caso do meu marido, que cuida das vacas, como no meu caso, que faço o queijo. É uma parceria. Ele precisa cuidar muito bem da pastagem, das vacas, da ordenha", detalhou Nilseia.

RODRIGO ZEFERINO - Nilseia faz queijo canastra em parceria com o marido, Renato

Em Vargem Bonita, a Queijaria do Reinaldo Costa é outra referência na produção da iguaria. "Produzo queijo desde 1989 e tenho orgulho de ser um produtor de queijo da Serra da Canastra. Isso mudou minha vida. Sou mais feliz ainda por poder trabalhar com a minha família", disse Reinaldo Costa, que trabalha com o filho e a esposa.

RODRIGO ZEFERINO - Reinaldo produz queijo desde 1989

Produção artesanal

Apesar de ter um caderno técnico a ser seguido na produção do queijo canastra, o gado, o clima, a água e outros fatores diferenciam os queijos produzidos em cada propriedade. Uma das exigências é que o processo seja todo artesanal, não é permitido usar prensa ou nenhum outro equipamento do tipo, tudo precisa ser manual. Além disso, o gado que produz o leite utilizado na produção deve ser criado na propriedade onde o queijo é feito. A principal orientação é quanto à maturação do queijo, que deve ser de 15 dias, no mínimo. A maturação torna o queijo canastra um produto livre de lactose, podendo ser consumido por intolerantes.

Inverno em Minas

Com o objetivo de posicionar Minas Gerais como um dos principais destinos turísticos da estação, o governo do estado lançou a campanha Inverno em Minas. Até 22 de setembro, estão previstas mais de 500 ações em todo o território mineiro, com destaque para a gastronomia. O projeto conta com cinco circuitos, entre eles, o que passa pelo território da Serra da Canastra, carinhosamente conhecida como Mar de Minas.

O governador Romeu Zema destacou o crescimento do potencial turístico do estado. "Temos procurado mostrar para o Brasil e para o mundo tudo que temos de bom em Minas Gerais. Nosso turismo tem crescido acima da média do Brasil. O IBGE aponta que Minas Gerais representa 9,5% da economia brasileira. Há cinco anos, esse percentual era de 8,8%. Esse percentual de 0,7% pode parecer pouco, mas é equivalente a um estado como o Piauí", salientou.

A repórter viajou a convite do governo de Minas Gerais

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