Este é um dia especial para a Revista e para todos nós que trabalhamos para que este caderno chegue até vocês toda semana. Hoje, publicamos e celebramos a nossa edição de número mil, são mil domingos chegando até a casa dos nossos leitores para acompanhá-los no dia de descanso, seja pelo jornal impresso, seja pelo site, e quase 20 anos de história.
E é com muito orgulho e carinho que hoje invertemos a dinâmica. Em vez de contar as histórias de vocês, vamos dividir um pouco da nossa e, claro, de quem trabalha e trabalhou por aqui, transformando a Revista no que ela é hoje.
Para começar, não há lugar melhor que o início. Em 2005, a então responsável pela editoria chamada Internacional, Graciela Urquiza, recebeu a tarefa de reformular o caderno dominical do Correio Braziliense, que era um conteúdo mais lúdico e literário, chamado Revista D.
Ela brinca que o conteúdo era muito conservador e até mesmo um pouco careta e, na hora de começar de novo, não teve dúvidas sobre qual deveria ser a identidade da nova revista. Conteúdos frescos, com ar de novidade e matérias que pudessem ser apreciadas por todos que tivessem interesse nos diferentes temas abordados.
Assim nasceu a Revista do Correio. E para chegar causando e chamando atenção, a então editora conseguiu trazer para a capa da primeira edição a mulher número um do momento, símbolo do Brasil — naquela época e até hoje — Gisele Bündchen. "Foi a grande sensação tê-la na capa, com uma entrevista enorme! Puxou o público de uma maneira incrível, e foi a tradução ideal do que seria a Revista".
Bichos, Casa e Arquitetura, Comportamento, Fitness & Nutrição são algumas das seções que estavam presentes desde o início e fazem parte do DNA da Revista, permanecendo ativas e fazendo sucesso até hoje. "Tenho muito orgulho em dizer que fui a primeira editora — e idealizadora — da Revista. A ideia era fazer algo leve, mas, ainda assim, com muito conteúdo interessante e relevante, e acho que fomos bem sucedidos nisso. Fico muito feliz de ter feito parte de um projeto com essa longevidade inacreditável", completa.
Outra sacada de Graciela foi convidar a atriz Maria Paula para ser cronista. Segundo a jornalista, o discurso moderno da artista combinava com o conteúdo e, quando descobriu que ela era brasiliense, não hesitou. A parceria deu certo e até hoje Maria Paula tem espaço cativo nas nossas páginas.
Como acontece com muitas pessoas que se envolvem com a Revista, trabalhando, lendo ou participando das matérias, Maria Paula conta sobre o impacto que a publicação teve em sua vida. "Sempre gostei de escrever, mas o convite para fazer as crônicas foi o que me transformou em uma escritora de verdade. Entrei no ritmo de escrever toda semana, tomei gosto e, quando vi, estava escrevendo e publicando livros. Tudo começou na Revista", revela.
Desde a número um
Na Revista desde a primeira edição, a atriz e escritora afirma que a mudança em sua trajetória foi para melhor, que a aproximou mais de si mesma e do que gosta de fazer. E seus textos também a aproximam de Brasília e de seus moradores. Ela conta que se impressiona com a força que as crônicas têm na cidade e com a quantidade de pessoas que a aborda na rua para conversar sobre este ou aquele texto.
"Sinto muito orgulho de fazer parte desse projeto e penso nas sementes que estou plantando em diversas mentes de todo tipo de pessoas — mulheres, homens, jovens, adultos, idosos. É muito lindo".
Outro motivo de orgulho para Maria Paula é a relevância dos temas que pode abordar, como sustentabilidade, mudança climática, tecnologia, pacifismo e saúde mental, entre muitos outros. Esta semana, ela falou sobre a escritora e poeta Adélia Prado, que venceu o Prêmio Camões 2024.
"E tem tudo a ver com a Revista, as pessoas a diminuem (Adélia Prado) porque ela escreve sobre coisas cotidianas, relacionamentos, espiritualidade, e, na verdade, isso é tão nobre que ela acabou de ganhar o mais importante prêmio literário da língua portuguesa", completa.
A Revista do Correio, para muitas pessoas, é um produto feito para ser guardado. Matérias atemporais, que revelam a importância de cada assunto em determinado período. Para Flávia Duarte, 44 anos, esse pensamento não é diferente. A jornalista participou da edição de número 1, além de ter passado cerca de 16 anos na Redação. "Eu era da equipe e fiquei por muito tempo. Nossa ideia era levar um material nobre aos leitores, todos os domingos", detalha.
De estagiária a subeditora, fez de tudo um pouco. Saúde, moda, beleza e, claro, as preciosas matérias de capa. Na visão da jornalista, a Revista nasceu para ser algo mais pensado e elaborado, capaz de comover inúmeras pessoas com as histórias contadas semanalmente. Mais que isso, um produto feito para resistir à força do tempo, daqueles que são lidos em um consultório, escolas e outros lugares.
"Pessoalmente, faz parte da minha história profissional. Fui a primeira brasileira a ganhar um prêmio pela Revista, em uma série de reportagens sobre doenças raras. Para mim, foi uma forma de apresentar o meu nome e o nome do jornal. Viajei várias vezes pela Revista, sentávamos nas primeiras fileiras dos eventos. É uma história que se mistura com a de Brasília, acredito que não tivemos nada igual aqui", afirma Flávia.
Tirar as pessoas do dia a dia, sobretudo pelo factual que os engole com o cotidiano visceral. A Revista veio ao mundo com o objetivo de ir mais além, com detalhes profundos, encontrados à base de muita pesquisa e dedicação. Matérias leves, que pudessem apresentar uma nova perspectiva de mundo. Da edição número 1 até a milésima, nada fugiu do esperado. Muito pelo contrário, emocionar e estimular mudanças de vida, tanto para Flávia como para qualquer um, é a chave do sucesso da Revista.
Desafio aceito de bom grado
Mesmo com as mulheres como principal público-alvo, desde o início, a ideia da Revista não era abordar apenas temas considerados femininos, mas tudo que pudesse ser de interesse de quem buscava um material informativo e leve, com conteúdo diverso.
E essa missão continuou com a segunda editora da Revista, Cristine Gentil, que assumiu o caderno ainda em 2005 e permaneceu no cargo até 2017. "Era um grande desafio, pois existia a preocupação de não falar só de mulher, mesmo que fôssemos voltadas para o público feminino. Sempre trouxemos uma diversidade muito grande de assuntos, tanto nas seções quanto nas matérias especiais."
A mescla de assuntos atuais, tendências e as histórias de Brasília deu certo, e a Revista ganhou uma identidade própria, que a diferencia, até hoje, de outros materiais semelhantes. Cristine ainda lembra de leitores que diziam que o caderno era a primeira coisa que liam aos domingos. Ela define o conteúdo como uma leitura leve e agradável, mas que, ao mesmo tempo, atualiza sobre assuntos que não aparecem normalmente no factual.
"Acho que isso continua valendo. É um conteúdo que impacta diretamente na vida das pessoas, que as pessoas conseguem encaixar no dia a dia delas imediatamente. Você encontra um novo exercício que quer experimentar, um lugar que quer visitar, lê sobre os sintomas de uma doença e reflete que pode ser o que você ou um parente tem. A Revista tem essa proximidade com a vida das pessoas", completa.
Cristine também se orgulha da atualidade e importância dos temas abordados pela Revista. Lendo edições antigas, encontra conteúdos que poderiam ter sido escritos hoje, com reflexões atemporais, e outras que conversam com o tempo que vivemos no passado e que podemos ver os resultados atualmente.
Com o mundo das redes sociais cada vez mais dominante, no qual as pessoas leem apenas títulos e manchetes e, algumas vezes, informam-se apenas por meio de vídeos curtos, ter um espaço para notícias aprofundadas se torna ainda mais importante. "É uma notícia duradoura, que conversa com o leitor. Você lê e fica com ela, guarda para ter referência".
Apesar do desafio inicial, Cristine — que tinha experiência em Cidades e como editora da primeira página e assumiu um produto novo, diferente de tudo que tinha feito e no qual o jornal apostava muito — não poderia ter ficado mais satisfeita com o resultado. "Acho que a Revista foi, de longe, o trabalho que mais me proporcionou prazer em fazer como jornalista. Também foi o que mais me trouxe conhecimento, em diversas áreas e discussões importantes."
Sempre abordando temas relevantes e de impacto imediato na sociedade, a Revista trouxe discussões sobre etarismo, maternidade, feminismo, saúde mental, longevidade e, claro, inúmeras histórias sobre Brasília e quem a construiu.
Cristine lembra de algumas matérias marcantes em seu período como editora. Uma delas, que escreveu em parceria com Flávia Duarte, falava sobre longevidade e doenças raras, material que rendeu diversos prêmios. Outro momento foi a capa histórica 30 anos depois do primeiro divórcio, contando a história da primeira mulher que se divorciou pela Lei do Divórcio e como a legislação tinha mudado desde então.
Voltando para o DNA brasiliense, ela destaca uma série sobre pioneiros de Brasília, que rendeu não somente excelentes reportagens, mas depoimentos em vídeos riquíssimos e sempre atuais.
Uma família
Cristine lembra que a Revista foi a primeira editoria do jornal a alimentar e montar o próprio site, além de cuidar de todo o processo produtivo do caderno. O repórter responsável pela especial, por exemplo, sempre pensou e executou tudo, desde a sugestão de pauta até como seria a foto de capa.
"Foi muito marcante, era um trabalho muito criativo e que nos envolvia, o que acabou fortalecendo muito as relações. As reuniões duravam horas, pensávamos juntos as pautas, e os colegas iam complementando o conteúdo um do outro", lembra.
A equipe, ela ressalta, sempre teve muito orgulho do material que produzia e esses sentimentos positivos no trabalho impactaram a vida de cada um deles, permitindo, inclusive, que as relações se fortalecessem e saíssem da redação para a casa de cada um. Hoje, ela conta que mantém contato com todos que passaram por ali, alguns mais próximos, outros menos, mas existe sempre um carinho. Diversas amizades nasceram e se fortaleceram na Revista e se mantiveram anos depois de essas pessoas seguirem diferentes trajetórias profissionais.
Sob nova direção
Em 2017, José Carlos Vieira assumiu como editor da Revista. Com uma reformulação, trouxe ainda mais diversidade para os temas trabalhados, para as páginas e, até mesmo, para a diagramação do caderno. E ofereceu — ainda mais — liberdade para a subeditora, Sibele Negromonte, responsável pela Revista no dia a dia, e para os repórteres e os estagiários, que sempre acompanharam as pautas que sugeriam desde a concepção até a impressão, passando pelas entrevistas, escrita e escolha das fotos.
"Isso deixa a Revista ainda mais orgânica e próxima do leitor, ela é feita por quem está ali todo dia, não é só uma pessoa, mas uma equipe. E, assim, ela conversa com o leitor, é um bate-papo que traz legitimidade e confiança", afirma.
Com 34 anos de Correio e há oito anos à frente do caderno, ele lembra de uma das primeiras reuniões que fez com a equipe, quando falou do desejo de que a Revista fosse uma publicação que passasse por toda a família, com conteúdo que interessasse a todos, um aspecto que buscamos sempre atualizar, mas que também faz parte da nossa história.
E assim como as editoras anteriores, José Carlos ressalta a identidade brasiliense da Revista. "Ela é muito candanga, dita e reflete o comportamento dos brasilienses e traz as pautas da cidade", completa.
Do lado de cá!
E depois de contar a história da nossa publicação, que tal ouvir um pouquinho sobre quem faz a Revista atualmente? Ao longo dessas quase duas décadas, muitos profissionais passaram por aqui.Confira depoimentos da nossa equipe atual!
Sibele Negromonte, subeditora
Comecei a trabalhar na Revista do Correio meses depois de ela ser lançada, ainda em 2005. Durante essas quase duas décadas, exerci outras funções no Correio, mas a Revista sempre foi o meu xodó e, de certa forma, estive ligada a ela mesmo quando distante, já que escrevo, semanalmente, a coluna Encontro com o Chef.
Posso dizer que a Revista faz parte da minha vida, tanto profissional quanto pessoalmente. Enquanto exercia a função de subeditora, tive dois filhos, trabalhei com profissionais incríveis, conheci “fontes” que se tornaram amigas e fiz amizade sque seguem firmes até hoje.
Portanto, qual não foi minha alegria quando, em 2017, voltei a trabalhar na Revista. Os tempos eram outros, mas a essência do caderno continuava a mesma. Eu me orgulho de, alguma forma, termos impactado ou feito a diferença na vida de um leitor que seja. E sei que foram muitos! Vida longa à Revista!
Ailim Cabral, repórter
A Revista do Correio foi meu primeiro estágio dentro da redação de um jornal, em 2013, e mesmo que ainda não fosse formada, sabia que seria, de longe, a melhor decisão profissional que poderia tomar. Logo depois de me formar, fui trabalhar em Cidades, mas, poucotempo depois, voltei correndo para a editoria do meu coração.
Na Revista, aprendi muito, com as matérias, personagens e chefes e colegas excepcionais. Aprendi como repórter e ser humano, já me arrisquei até mesmo a brincar de editora e perdi as contas de quantas vezes me emocionei com as matérias que tive o privilégio de escrever. Viajei para lugares que nunca iria por conta própria, li e escrevi sobre assuntos que fugiam totalmente do meu lugar-comum, desabafei e dividi boas notícias, acolhi e fui acolhida.
Penso que, nas entrelinhas do queescrevo para a Revista, consigo ler pedaços importantes da minha história. Completando cerca de 10 anos de Revista, com o privilégio de escrever a nossa reportagem especial da milésima edição, finalmente pude viver a minha única vocação que ganha do jornalismo: a maternidade. Um grande marco da vida profissional coincide com o maior marco da minha vida pessoal, e, assim ,sigo, minha trajetória misturada com a desta publicação que amo.
Eduardo Fernandes, repórter
Alcançar o máximo de seu potencial em um lugar tão precioso quanto a Revista do Correio é uma forma de ser grato ao universo. Isso, sobretudo, por morar tão longe, em Santa Maria. Conseguir tal feito parecia ser distante demais. Mas, aqui, nestas páginas e linhas semanais que precisamos preencher todos os dias, encontrei o melhor de mim.
Pude me reconhecer nas tantas histórias que escrevi. Me emocionei com pessoas que jamais achei que encontraria algum dia. Saí de Brasília, de avião, pela primeira vez. E nesses mais de dois anos, amadureci como pessoa e profissional. Sei que ainda existem muitas coisas para conquistar e aprender.
Mas chegar até aqui já é motivo de alegria e euforia. Ter escrito sobre temas que prometi a mim mesmo que levaria como bandeira. Estar na milésima edição é motivo de orgulho. Certamente, um privilégio em saber que, de alguma maneira, também estou marcado nas brilhantes memórias da Revista.
Tainá Hurtado, estagiária
Uma das matérias que fiz para a Revista que mais me marcou foi a das livrarias de rua, em janeiro deste ano. Coincidentemente, ou não, foi a primeira matéria que fiz quando entrei aqui. A primeira semana em um lugar novo pode ser um tanto desafiador e estranho, mas, quando peguei essa pauta, lembro de sentir que estava no lugar certo.
Os livros sempre foram meu lugar seguro. Poder conhecer outros amantes de histórias e palavras, e os espaços que nascem desse fascínio, foi muito especial. Transformar minhas paixões em histórias é o que me move, e compartilhar um pouco sobre as pequenas livrarias que vibram essa cidade foi um grande passo para isso.
Gabriela Sena, estagiária
Minha memória favorita da Revista é de março deste ano, quando fui ao Rio de Janeiro a convite da Globo. Foi a primeira vez que trabalhei em uma pauta em outra cidade, e a experiência foi transformadora. Visitei os estúdios, participei da gravação de um programa, fiz passeios em cidades cenográficas e conheci várias personalidades famosas da televisão brasileira. Foi maravilhoso!
O mais especial é que, ao mesmo tempo em que me diverti muito durante a viagem, também trabalhei intensamente e tive a oportunidade de aprender várias coisas novas. Por ter viajado completamente sozinha para outra cidade,me senti obrigada a sair da zona de conforto e assumir funções que nunca imaginei ser capaz de desempenhar. No final, consegui produzir matérias das quais me orgulho muito. Essa foi umas das experiências que a Revista me proporcionou que guardo com mais carinho.
Do lado de lá das páginas
Como falamos tanto sobre o impacto da Revista nos nossos leitores, por que não ouvir um pouco dos próprios? Assinante do Correio há mais de 15 anos, o aposentado José Hil de Serpa Sales, 74 anos, tem um carinho especial pela Revista. O jornal impresso chega a sua casa toda sexta, sábado, domingo e segunda. Nos outros dias da semana, ele acompanha as notícias do dia a dia pela versão digital.
O impresso fica reservado para os momentos de relaxamento. "Tenho a minha rotina com o jornal, gosto de ler no impresso, no papel. Gosto de folhear, e sempre tem um conteúdo diferente", conta.
Aos domingos, junto com o café da manhã e a esposa, a Revista do Correio é a sua companhia. As reportagens preferidas de José são as de saúde, mas ele lê o caderno todo. Saudoso, comenta que, além da saúde, os textos preferidos eram as crônicas de Paulo Pestana, que morreu em março deste ano.
O primeiro caderno, ele não costuma guardar, por seu caráter de notícias mais imediatas, mas a Revista é colecionada com orgulho. "Gosto de guardar e ler de novo, tenho um bocado, mas como eu tenho muita coisa, minha esposa acaba descartando algumas de vez em quando."
E como leitor do Correio, José viveu uma história curiosa. Embora não tenha sido na Revista, ele reencontrou um amigo perdido há anos após ler o suplemento especial de aniversário de Taguatinga há quatro anos. Por meio da entrevista do dono de um bar, que mencionou um de seus clientes fiéis, José reconheceu um antigo amigo com quem tinha trabalhado no Banco Nacional. "Tinha perdido o telefone dele e não o encontrava. Liguei para o dono do bar e pude reencontrar um amigo querido", lembra.
De leitora a personagem
A psicóloga Marilza Saraiva, 59, tem uma longa história com a Revista. Assinante do jornal desde 2000, lia o caderno desde antes da reformulação e revela que sempre foi — e continua sendo — a primeira coisa que lê aos domingos. Quase 15 anos depois de se tornar assinante e sendo uma leitora assídua da Revista, Marilza foi personagem de uma matéria em 2015, experiência que a marcou de uma forma especial.
A ideia foi diferente, juntamos duas mulheres, uma de 50 e outra de 22 anos que não queriam ter filhos. A mais jovem pôde conversar com Marilza, segura e zero arrependida de sua escolha. "Foi importante para mim porque as pessoas sempre me julgaram por isso, e eu sempre estive tão satisfeita que até hoje fico feliz com minha escolha de não ser mãe", comenta.
Além do resultado publicado, ela conta que toda a experiência foi divertida. "Conheci a Redação do jornal, posei para as fotos e depois fiquei naquela ansiedade pela publicação. Aí eu compartilhei nas redes sociais, mandei para todo mundo que eu conhecia. Achei o máximo ser notícia na Revista do Correio."
Até pouco tempo, ela guardava uma grande coleção de revistas impressas, mas quando se mudou, por uma questão de espaço, doou os encartes e vários livros para algumas instituições. Ficaram apenas algumas edições especiais. Hoje, ela prefere ler o jornal pelo celular.
Leitor ávido
Carioca de nascença, sulista de coração e morador apaixonado de Brasília, o médico militar Ulisses de Santana, 58 anos, assina o Correio Braziliense desde 2013, quando chegou a Brasília depois de morar a vida inteira no Sul do país, em Porto Alegre e Pelotas. Desde então, Ulisses é um leitor ávido e amante da Revista.
Toda semana, ele espera ansiosamente pelas novidades e reflexões que a Revista irá trazer. "Eu consigo ler sobre diversos assuntos interessantes, às vezes, que não tenho muito conhecimento sobre", diz. "Acredito que a Revista é muito enriquecedora para os meus domingos."
Para Ulisses, a parte mais interessante do caderno é a reportagem de capa, principalmente as matérias de turismo. Há mais de 10 anos colecionando memórias, e fazendo parte dessa jornada, recentemente, a matéria sobre a Armênia, de Rodrigo Craveiro, se tornou a mais marcante na história do médico com a Revista do Correio.
"Achei muito interessante e com fotos muito bonitas, fez com que pensasse o país como uma possível viagem futura. Além disso, achei a matéria muito completa e compartilhei com outras pessoas que achei que poderiam se interessar", finaliza.
Coragem para se expor
Em novembro de 2013, o escritor Sérgio Viula dividiu com a Revista do Correio a sua experiência ao se assumir gay para os dois filhos. Depois de passar 14 anos em um casamento nos moldes heteroafetivos, em que não era feliz, e como integrante de uma igreja que sempre pregou que havia algo errado com homossexuais, ele pediu a separação e saiu do armário, enfrentando muito preconceito.
A filha mais velha, Larissa, com 11 anos na época, questionou por que todos estavam contra o pai e afirmou que ele deveria ser amado do jeito que era. Depois de contar sua história para a filha, ele perguntou o que ela estava sentindo, e a resposta foi acolhedora e dolorida: "Estou sentindo o quanto você sofreu".
Três anos depois, Sérgio lavava a louça e o então namorado estava na cozinha com os seus filhos. Para Isaac, o caçula, o namorado era apenas um amigo do pai, mas já tinha percebido algo além. Foi quando perguntou: "Quando você percebeu que era gay?". A partir dali veio uma conversa longa na qual o pai dividiu com o filho sua história.
Atualmente, Sérgio mora no Rio de Janeiro e está, há quase nove anos, casado com outro homem, que tem uma relação ótima com seus filhos, hoje com 29 e 32 anos.
A família continua unida e Sérgio se derrete ao falar sobre os filhos e sobre a netinha de dois anos e meio, que mora em Portugal, com a mãe, Larissa, e seu marido português, e mesmo de longe é apaixonado pelo vovô.
Sérgio ressalta que mais de 10 anos depois de dividir sua história na Revista, ele sente melhora na sociedade e no preconceito, mas afirma que ainda precisamos avançar muito, principalmente no que diz respeito às pessoas trans.
O escritor menciona o papel da imprensa e de reportagens como a que ele participou para mudar a sociedade por meio da informação. "Infelizmente, existem também os que são não mal informados, mas, sim, mau-caráter mesmo. Como os responsáveis pela chamada cura gay, que deveria ser crime", condena.
Apesar de não estar mais com a pessoa com quem era casado ao dar a primeira entrevista, Sérgio comenta que a reportagem é muito bonita e que tem um carinho especial pelo conteúdo.
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