Quando sentem dor, diferentemente dos humanos, os animais não podem verbalizar suas sensações e pedir ajuda diretamente. No entanto, isso não significa que eles sofram em silêncio diante do desconforto. Nessas situações, os pets demonstram sinais específicos, e saber identificá-los é essencial para garantir a saúde e o bem-estar dos nossos companheiros.
De acordo com a médica veterinária Dafne Kleftakis, interpretar sinais de dor nos peludos permite que os tutores busquem ajuda profissional de forma rápida, o que impacta diretamente na resolução do problema. "Muitas doenças são mais bem tratadas quando o diagnóstico é feito nas fases iniciais, portanto, sem uma detecção precoce, o tratamento pode ser atrasado ou inadequado, podendo resultar em sofrimento prolongado ou até mesmo no óbito do animal", alerta.
Para garantir o diagnóstico precoce, é importante que o tutor conheça bem o comportamento usual do pet, familiarizando-se com os padrões alimentares e de sono, níveis de atividade e outros aspectos importantes da rotina do animalzinho, conforme explica a especialista. "Realize checapes regulares para verificar a saúde geral do pet. Também mantenha sempre boa comunicação com o veterinário, fazendo perguntas e tirando suas dúvidas. Não hesite em consultar o veterinário para obter esclarecimentos e orientações", orienta Dafne.
Com ajuda de especialistas, a Revista listou os principais sinais de alerta apresentados pelos bichos e como lidar com eles.
De olho nos sinais
De maneira geral, as manifestações de sofrimento demonstradas pelos pets podem ser classificadas como físicas ou comportamentais. De acordo com o médico veterinário, especialista em oftalmologia, Mário Falcão, esses sinais são variados. Alguns indicativos corporais de dor incluem:
- Claudicação (mancar) ou deixar de apoiar uma pata
- Inchaços ou vermelhidões
- Feridas ou erupções cutâneas
- Secreções ou vermelhidão dos olhos
- Dificuldade visual e auditiva
- Secreções nasais, tosses ou espirros constantes
- Vômitos ou diarreia
- Perda de peso
Além disso, Dafne Kleftakis destaca que alterações nos parâmetros fisiológicos, como aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da frequência respiratória ou respiração ofegante, mesmo em repouso, são alertas importantes. "Olhos semicerrados e orelhas achatadas também são indícios físicos de mal-estar", completa.
Quanto aos sinais comportamentais, podemos citar:
- Letargia ou perda de interesse em atividades
- Diminuição ou perda do apetite
- Agressividade ou medo fora do comum
- Isolamento, evitando interações com tutores e outros animais
- Aversão ao contato físico e à sensibilidade ao toque
- Postura corporal anormal
- Lambedura ou mordidas excessivas de uma área específica do corpo
- Vocalização excessiva e anormal, como gemidos ou choramingos
- Mudanças no padrão de sono
O que fazer
Mesmo conhecendo os sinais citados acima, é importante ressaltar que eles podem ser confundidos com dor, mas, na verdade, serem comportamentos anormais ou indicativos de outros problemas, como explica Mário Falcão. "Algumas situações e mudanças de ambientes podem desencadear também nos pets um sinal de estresse ou ansiedade, não necessariamente dor", pontua. "Apenas um veterinário pode determinar se os sinais apresentados são, de fato, indicativos de dor, ou se há outras causas subjacentes que precisam ser tratadas", completa Dafne.
Se o seu pet apresentar qualquer uma das manifestações listadas, especialmente se forem persistentes, é importante agendar uma consulta veterinária o mais rápido possível. "O cuidado precoce pode fazer uma grande diferença na recuperação e na qualidade de vida do seu animalzinho", garante Dafne. Assim, a especialista recomenda que se faça anotações dos sintomas observados, incluindo duração e frequência de cada um. "Leve com você o registro das observações feitas para que o veterinário tenha uma visão clara dos sinais, pois isso ajudará a fornecer um diagnóstico mais preciso", continua a médica.
Por fim, deve-se seguir corretamente as instruções sobre o tratamento, que pode incluir medicações, mudanças na dieta, terapias ou procedimentos cirúrgicos, caso necessário. Foi esse o procedimento de Rayanne Ribeiro, 27, tutora do Cheetos, shih-tzu de sete anos. A servidora pública conta que descobriu uma hérnia de disco no cãozinho após identificar mudanças comportamentais no animal.
Saiba Mais
"Na época, percebi que o Cheetos estava mais quieto e triste do que o comportamento habitual dele, evitando brincadeiras e festinhas, e até diminuiu o apetite", lembra ela. Após dois dias, a tutora resolveu levar o pet para uma avaliação com o veterinário de confiança. "Eu já o conhecia desde os quatro meses. Ele sempre foi um paciente ativo e brincalhão, mas, nesse dia, mal se mexia. Logo vi que havia algo errado", relata o veterinário Mário Falcão. Depois da realização do exame de imagem, o problema de coluna foi descoberto.
O tratamento indicado para o Cheetos consistia em medicamentos anestésicos, anti-inflamatórios, corticoides e sessões de fisioterapia. Segundo Rayanne, a identificação precoce dos sinais de dor transmitidos pelo pet foi crucial para que o problema não se agravasse. "Se demorasse mais, a lesão da coluna poderia ter se estendido, prejudicando ainda mais a mobilidade e até mesmo a alimentação e a eliminação fisiológica de fezes e urina, já que a dor forte estava fazendo ele poupar os movimentos", conclui.
Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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