O maximalismo, a grandiosidade e o exagero são palavras de ordem nas atuais tendências de moda e beleza. Acessórios enormes, estampas e cores fortes e intensas e cabelos cheios de volume e enfeites são um pouco do que tem sido visto tanto nas passarelas quanto nas ruas.
E o mais interessante é que a atual tendência pode ser adaptada para todos os estilos e gostos, cada um, dentro da sua vibe, pode incorporar o maximalismo e a intensidade em seus looks e visuais.
Em seu relatório anual de tendência, o Pinterest divulga que há uma busca latente entre exaltar a própria personalidade ao mesmo tempo em que se dá uma nova roupagem a elementos clássicos. É uma ramificação da mistura entre o novo e o vintage.
Dentro da tendência cheia de hipérboles, alguns elementos se destacam e aparecem com muita frequência tanto na moda quanto na beleza. Os laços e pérolas, em suas mais diferentes roupagens roubam a cena e podem trazer ares de romantismo ou ousadia, a depender de como são combinados.
Laços e pérolas
A consultora de imagem Jaqueline Placeres explica que a moda romântica, surgida na década de 1920, sempre volta a aparecer em diferentes roupagens. “O que observamos é que tudo sempre é cíclico e a tendência atual costuma vir se contrapondo, quase oposta a anterior, justamente com a ideia de quebrar e ser diferente”.
E enquanto a ascensão da moda exagerada, cheia de acessórios e elementos diferentes é facilmente vista como um contraponto a moda comfy que dominou durante, e logo após, a pandemia, a tendência ultra feminina ainda pode ser lida como uma repercussão do filme da Barbie, estrelado por Margot Robbie.
“Nos anos de pandemia, aconteceu a simplificação do estilo de vida e, consequentemente, da moda. Depois veio o quiet luxury, também muito minimalista e, agora, em contrapartida, chega essa coisa da cor, do exagero, do acessório, que vem junto com o essa estética girlhood”, acrescenta Jaqueline.
O termo em inglês pode ser traduzido como adolescência ou infância feminina e lidera as buscas e hashtags nas redes sociais. A tendência, que exalta a sensibilidade, a expressão das emoções e as empolgações típicas das meninas mais jovens, vem carregada de rosa, brilho e elementos do universo romântico.
E o que antes era visto como algo que diminuía a mulher, está se tornando motivo de orgulho. “A Greta (Gerwig, diretora do filme da Barbie) trouxe a feminilidade de uma maneira forte. A mulher feminina não é frágil e eu acho extremamente positivo isso ter virado uma tendência”, comenta Jaqueline.
Além dos diferentes tons de rosa, flores e sapatilhas, os laços voltaram com tudo. Aparecendo em diversas passarelas de alta-costura e bombando no street style, o acessório está em alta nas peças de roupa, em sapatos e bolsas, brincos, colares e pulseiras e nos cabelos.
“Os laços estão realmente em tudo. E em todos os climas e estilos, porque ele pode ser de tecidos leves, como o linho e a seda em tons claro, pode ser em veludo em cores mais sóbrias. São inúmeras possibilidades”, comenta a pesquisadora MBA em Fashion Business Ivone Alice.
Em contraponto ao observado por Jaqueline, Alice acredita que moda romântica e ultra feminina também pode ter influência de um movimento não muito positivo, que é a volta do conservadorismo.
Segundo Alice, tudo que vivemos no mundo, em todas as esferas, influencia a moda. Com uma volta do conservadorismo, vemos pessoas querendo retomar modelos ultrapassados de configuração familiar, com a mulher restrita ao papel de esposa e mãe, o que traz esse estilo.
Saiba Mais
A moda, em si, não é negativa, muito menos as escolhas individuais das mulheres. “O importante, mesmo para quem quer mudar o seu modo de se vestir ou até mesmo de vida, é respeitar a liberdade e a escolha de cada um e não ver apenas o seu modo o certo”, acredita Alice, que comenta também como a ideia de certo e errado na moda não tem mais espaço.
Olhando por outro lado, Alice vê com bons olhos a reinvenção dos clássicos. Nos red carpets, aparecem peças vintage da Dior e da Chanel, por exemplo, mas não apenas nas modelos em que eles eram vistos nos anos 40, mas sim em todas, sejam elas magras ou gordas, brancas ou pessoas de cor. “O legal é isso trazer essa estética para todas as pessoas sem as amarras que elas tinham”, completa.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br