Aquele ímã grudado na geladeira de uma viagem feita anos atrás. Um porta-retrato com uma foto da família perto da televisão. Em casa, objetos e móveis contam histórias. Memórias de uma vida espalhadas pelos cômodos, ressaltando que projetos de interiores também podem fugir do clássico, do moderno e de outros estilos, incluindo mais afeto e personalidade.
Para essa tendência, há um nome: decoração afetiva. De acordo com o arquiteto Diego Aquino, esse formato tem como objetivo incluir elementos e objetos que trazem memórias e sentimentos pessoais para os moradores. Uma maneira de expressar sentimentos pelas experiências vividas dentro de um espaço.
“Como arquitetos, nosso papel é incorporar todas as vontades do cliente dentro do projeto. Com a decoração afetiva, não é diferente. Buscamos destacar elementos que tenham grande apelo emocional, seja em locais de destaque, seja em cantos mais discretos, mas que ainda assim deem a relevância necessária que o cliente merece. Objetos como fotografias, lembranças de viagens, álbuns de fotos e móveis antigos são exemplos perfeitos para esse tipo de projeto”, afirma o especialista.
Na visão de Diego, todos os cômodos podem ser adaptados para esse tipo de decoração, porém ele acredita que a sala pode exibir fotos, livros e peças que melhor expressem a ideia dessa tendência. "No quarto, podemos guardar itens feitos à mão ou que merecem mais cuidado. Objetos maiores podem ser usados tanto nos quartos quanto nas salas, dependendo de sua funcionalidade”, complementa.
Experiências reais
Para a arquiteta Larissa Leite, a decoração afetiva é baseada em reviver momentos especiais, despertar emoções e gerar sensação de acolhimento dos espaços físicos dentro do lar, projetando em ambientes que potencializam a sensação de bem-estar e se conectam com quem ali frequenta. “Esse tipo de projeto pode ser explorado por meio de quadros ou fotografias de um momento especial, uma cor nas paredes ou um aroma que traga boas lembranças”, acrescenta.
Uma espécie de revestimento que carregue memórias afetivas, elementos ou objetos que contêm uma história bonita. Lembranças de um passado, não somente um móvel que não significa nada. Muito pelo contrário, a ideia desse estilo está fundamentada, sobretudo, em experiências reais.
“As cores que caem melhor nessa decoração, no geral, são as provenientes da natureza, como tons terrosos, verde e azul, por trazer sensações positivas e relaxamento. Mas isso é muito pessoal e depende das vivências de cada um. Se um tom avermelhado te lembra o piso antigo da casa da avó, em que passou a infância, por exemplo, essa cor pode te despertar boas lembranças e ser aplicada na tua casa como estratégia de decoração afetiva”, finaliza Larissa.
Além de uma casa, um lar
Natural de Amapá, mas vivendo longe do estado e da família, a fotógrafa Bianca Oliveira decora a casa com objetos que tragam conforto e a aproxime mais da cultura e dos parentes. Quadros pintados quando criança, um jogo de chá da cultura local do Amapá, uma placa escrita a palavra “égua”, expressão muito usada no estado, e uma santinha dada pela mãe antes de falecer são alguns dos objetos que fazem Bianca se sentir em casa.
“Eu gosto de olhar para a santinha da minha mãe e pensar que, mesmo que eu não acredite naquilo, minha mãe acreditava que ela está me protegendo”, declara. “Minha casa é muito afetiva, eu me sinto aconchegada nela." Para Bianca, uma decoração afetiva é o que diferencia uma casa comum de um lar.
Coisas que te façam bem, que te levam para um lugar afetivo da mente e do coração, são o que transformam uma casa qualquer e um ambiente único, acolhedor e seguro. “Esses objetos são muito importantes para que eu me sinta mais próxima da minha cultura, para que eu viva aquele momento quando eu chego em casa, depois do trabalho, e me sinta aconchegada”, finaliza a fotógrafa.
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Memórias em casa
Fotografias: podem ser utilizadas em qualquer ambiente, criando pontos de história na casa;
Objetos comprados em viagens: cada cidade ou país conta uma história, então gosto de usar objetos pequenos espalhados pela casa;
Quadros: sejam herdados, seja comprados, são objetos de destaque dentro de um projeto que podem agregar um valor sentimental e se tornar o ponto focal da casa.
Fonte: Diego Aquino, arquiteto
Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte*