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Entre acordos e amores: a paixão e a liberdade em todas as relações

Estar presente em uma relação romântica não está restrito somente ao vínculo com uma única pessoa. É, também, a liberdade em se apaixonar e administrar desejos individuais, respeitando o outro e priorizando o diálogo. No Dia dos Namorados, a Revista conta história de paixões que transcendem o convencional

"Consideramos justa toda forma de amor." A célebre frase do cantor Lulu Santos é, praticamente, um hino da diversidade, atemporal e querido por muitas pessoas. Uma letra que fala não somente sobre as inúmeras formas de se relacionar ou de estar apaixonado, mas, também, da importância de ser livre ao lado dessa paixão. A liberdade, claro, é algo desejado por aqueles que fazem parte de um vínculo amoroso. Mais que isso, a crença em saber que não existe apenas uma maneira de se ter sentimentos por alguém. 

De acordo com o antropólogo Matheus Viana, especialista em afeto, a monogamia e a não monogamia nada têm a ver com a evolução ou a involução pessoal de um ser humano. Muito pelo contrário, ela apenas representa formas diferentes de se envolver amorosamente com outro indivíduo. Em experiências de poliamor, os praticantes costumam ver o afeto e o amor como base de todas suas relações sociais, buscando vencer uma hierarquia de sentimentos que diferencia a forma como amigos, família, ficantes e namorados são tratados. 

"Nesse sentido, uma das grandes diferenças é esse ato de ser necessário se relacionar somente com uma pessoa amorosamente para que se considere aquilo um relacionamento válido e de sucesso. Sendo assim, a prática não monogâmica enxerga que é possível amar e se apaixonar por mais de uma pessoa e manter essas relações como manteria somente uma, mas que isso não é uma necessidade e, sim, a liberdade de se poder fazê-lo", destaca. 

A ideia é justamente vencer esse pensamento de posse que existe sobre o outro. Abrir possibilidades para que as pessoas envolvidas dentro desse ecossistema afetivo estejam e sejam livres para criar vínculos com quem elas quiserem, no entendimento de que não cabe ao amor prender alguém em uma relação sem deixar que seus desejos e sentimentos não possam ser colocados em prática. Nesse caso, a monogamia também pode se apresentar mais liberal e aberta, mas sempre voltada ao casal central do relacionamento, conforme explica o antropólogo. 

Há um acordo inicial e a obrigatoriedade a ser cumprida com seu parceiro ou parceira principal, hierarquizando as outras relações como menos importantes. "De forma geral, a não monogamia e monogamia se distinguem nesse ponto primordial: a liberdade de poder se apaixonar e amar quem quiser sem quebrar outros vínculos com alguém." Afetos que não se resumem somente ao sexual, embora haja a  liberdade para que seja assim caso queiram. Mas, também, na experiência de partilhar sentimentos e desenvolver uma rede de apoio. 

Diálogo e compreensão

No Dia dos Namorados, Eduardo Motta, 20 anos, e Violeta Andrade, 24, fazem um ano de relacionamento não monogâmico. Até aqui, a conversa tem sido a base para os dois, pois acreditam que a comunicação e o entendimento para com o outro são a chave para manter um vínculo amoroso, em especial no que diz respeito às vontades e aos desejos individuais de ambos dentro da relação. 

"Às vezes, lidar com as regras é meio complicado por termos crescido sendo socializados com a ideia de monogamia dentro dos relacionamentos. Às vezes, sentimos ciúmes, achando que somos deixados de lado pelo nosso parceiro. Mas sempre conversamos muito, o diálogo é o mais importante dentro de um relacionamento não monogâmico", enfatiza Eduardo. Para ele, administrar a ideia de um namoro aberto pode ser difícil, uma vez que terceiros têm dificuldades em respeitá-los. 

Ainda assim, a honestidade permite com que eles avancem contra esses desafios que aparecem no meio do caminho. "Para ficar mais fácil o entendimento, definimos nosso relacionamento como aberto, mas não é que está aberto para outras pessoas entrarem, não somos poligâmicos, temos somente um vínculo romântico que é entre nós mesmos. Já estive em outro relacionamento, antes da Violeta, que era monogâmico. Sendo não monogâmica sentia que não era totalmente honesto com minha parceira, e a relação foi se desgastando com o tempo."

Hoje, Eduardo se diz feliz com tudo o que tem vivido, apesar dos estresses e das brigas, a crença na continuidade do amor é que faz ambos serem felizes juntos. E mais que isso, ele acredita que a parceira é a pessoa que mais lhe conhece no mundo, permitindo que o jovem experimente o amor na sua forma mais pura, como nunca vivenciado em qualquer outra experiência no passado. 

Paciência é a chave

"O que mais valorizo em um relacionamento é a sinceridade." Violeta acredita que a autonomia e a liberdade para falar sobre os interesses de cada um é essencial para a manutenção diária do vínculo com Eduardo. Dentro da relação aberta, muitos acreditam que a convivência é bagunçada, em que tudo é liberado. Ela afirma que não é bem assim que os acordos funcionam. A jovem, inclusive, decidiu recentemente que não está muito disposta a se envolver com outra pessoa além do atual companheiro. 

"Sei que não teria disposição e inteligência emocional, nesse momento, para lidar com mais de uma relação. Mas, caso isso mude, e eu sinta vontade de conhecer alguém, conversaria com ele, pois temos abertura para que diálogos como esse aconteçam, e para que a gente saiba como cada um está lidando consigo mesmo e com o relacionamento. A manutenção desses acordos acaba por ter desgaste às vezes, porque a monogamia é algo que estamos em contato desde sempre. É necessário uma demanda de atenção e paciência para desconstruí-la dentro da não monogamia."

Para Violeta, é sobre reconhecer onde ainda erram, e o que já estão prontos para viver ou não. No entanto, é fundamental que haja espaço, sempre, para a comunicação. Pois é nesse pilar em que se firmam para vulnerabilizar sentimentos e se entenderem na medida em que empecilhos aparecem. Passar por todos os tipos de situações, juntos, é crucial para o desenvolvimento dessa confiança mútua. Com  isso, os dois administram da melhor maneira a convivência que possuem. 

Arquivo pessoal - Os dois fazem um ano de namoro no Dia dos Namorados

Sobre paixão e ciúmes

A não monogamia prevê que o afeto está presente e pode ser construído de diversas formas. "É importante estarmos abertos para que nossos parceiros venham a se apaixonar por outras pessoas e que isso não diminua a paixão por nós. Nesse momento, pode ser uma corda bamba, pois muitos ainda tendem a negligenciar seus afetos mais antigos quando novos afetos chegam", ressalta o antropólogo Matheus Viana.

Os acordos dentro da não monogamia visam a confiança, comunicar os desconfortos e acreditar no parceiro. Dizer o que precisa ser dito, sem rodeios, para que a relação esteja acima de qualquer egocentrismo. 

"Em relação ao ciúme, é uma coisa complexa. Antônio Pilão fala disso no seu livro Infinitos amores, e basicamente nos mostra que: sim, existe ciúmes na não monogamia e, inclusive, relacionado à posse. A principal coisa — que não é necessariamente uma diferença para a monogamia — é o entendimento que ciúme é um sentimento como qualquer outro, não tem essa de ser feio. Ele precisa ser sentido e comunicado, para que tenha resolução."

Para Matheus, dentro dessa lógica, também há um ciúme, esse mais comum, que não é relacionado à posse, mas, sim, às vontades individuais. "Quando há um combinado de ver um filme juntos e a pessoa assiste com outra (familiar, amigo ou amores), existe a possibilidade do ciúme, com essas quebras de combinado, e que também é supernormal e precisa ter resolução."

Entre os diferentes tipos de relacionamentos não convencionais, o aberto se destaca, sendo escolhido por casais que desejam manter uma relação principal, mas sem se limitar a outros afetos. Luan do Planalto Pimentel, 22 anos, estudante de matemática, e Juliana Doudement, 26, estudante de letras, fazem parte dessa comunidade. O casal se conheceu por um aplicativo de relacionamento em fevereiro de 2023. "Começamos a sair e, depois de um tempo nos vendo, criamos um laço um pouco maior", conta Luan. 

Com o começo de algo mais íntimo e sério, o casal percebeu que não seria apenas uma relação casual. "Sabia que tínhamos uma responsabilidade emocional um com outro, mas para a gente não era uma questão fechar o relacionamento" explica Luan. Para Juliana, a decisão de ter um relacionamento aberto foi natural. "Acredito que não foi algo que delimitamos ou precisou ter uma conversa séria. Nós fomos sentindo, eu vi o Luan vivendo e me apaixonei pela forma como ele vivia. E pensei: "Eu não quero mudar nada sobre isso", conta ela. 

O pedido de namoro ocorreu um ano depois que se conheceram. "Antes de a gente pedir um ao outro em namoro, nós conversamos sobre acordos", afirma Luan. Assim, oficializaram o relacionamento, mas não se limitaram sobre se envolver emocionalmente e sexualmente com outras pessoas. "Mas, ao mesmo tempo, temos essa prioridade inicial de manter nossa relação", pontua. 

Na língua do amor

Para Luan, o ponto mais importante para manter o relacionamento com Juliana é a comunicação. "Acho que em qualquer relação precisa, mas acho que em uma aberta é ainda mais importante comunicar, tanto os desconfortos quanto os limites", opina o rapaz. Mesmo que os problemas do outro não possam ser resolvidos, esclarecer e expressar o que estão sentindo ajuda o casal a manter uma relação saudável. 

Além de comunicar as emoções, Luan e Juliana falam sobre os eventuais casos e relacionamentos com outras pessoas, sempre deixando claro o que estão passando. Mesmo que cultivem outros afetos, a questão da segurança é regra no relacionamento. "Tomamos muito cuidado nas relações sexuais com outras pessoas, sempre nos protegendo", afirma Luan.

Luan e Juliana, que nunca tinham tido outros relacionamentos abertos, percebem um aumento dessa comunidade. Para Luan, o crescimento vem junto com a quebra de tabus de alguns tradicionalismos, como a questão da liberdade sexual de mulheres e do fortalecimento da comunidade LGBTQIAPN .

Juliana acredita que as pessoas têm pensado mais sobre formas mais saudáveis de se relacionar e como exercer sua individualidade dentro da relação. Para a jovem, dentro dessa relação, ela consegue quebrar paradigmas sociais de rivalidade feminina. "A outra mulher não necessariamente precisa ser minha inimiga por conta de uma relação monogâmica", afirma Juliana. 

Mesmo com as diferenças para outros relacionamentos convencionais, o amor é a base da relação de Juliana e Luan, assim como é para a maioria dos casais, independentemente do tipo.  "Para mim, o amor que temos um pelo outro e a vontade que temos de estar juntos são pontos principais para manter o nosso relacionamento", finaliza Luan.

Entre os diferentes tipos de relacionamentos não convencionais, o aberto se destaca, sendo escolhido por casais que desejam manter uma relação principal, mas sem se limitar a outros afetos. Luan do Planalto Pimentel, 22 anos, estudante de matemática, e Juliana Doudement, 26, estudante de letras, fazem parte dessa comunidade. O casal se conheceu por um aplicativo de relacionamento em fevereiro de 2023. “Começamos a sair e, depois de um tempo nos vendo, criamos um laço um pouco maior”, conta Luan. 

Com o começo de algo mais íntimo e sério, o casal percebeu que não seria apenas uma relação casual. “Sabia que tínhamos uma responsabilidade emocional um com outro, mas para a gente não era uma questão fechar o relacionamento” explica Luan. Para Juliana, a decisão de ter um relacionamento aberto foi natural. “Acredito que não foi algo que delimitamos ou precisou ter uma conversa séria. Nós fomos sentindo, eu vi o Luan vivendo e me apaixonei pela forma como ele vivia. E pensei: "Eu não quero mudar nada sobre isso”, conta ela. 

O pedido de namoro ocorreu um ano depois que se conheceram. “Antes de a gente pedir um ao outro em namoro, nós conversamos sobre acordos”, afirma Luan. Assim, oficializaram o relacionamento, mas não se limitaram sobre se envolver emocionalmente e sexualmente com outras pessoas. “Mas, ao mesmo tempo, temos essa prioridade inicial de manter nossa relação”, pontua. 

Minervino Júnior/CB/D.A.Press - 04/06/2024. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Dia dos namorados diferentes tipo de relacionamentos amorosos. Luan do Planalto e sua namorada Juliana.

Três nunca é demais

Um trisal feliz e disposto a continuar assim. Diego Sommer, 37, Luís Guilherme, 30, e Sanny Rodrigues (@sannycomafetos), 31, ilustram bem a frase de que três nunca é demais. Em um relacionamento aberto, eles não convivem totalmente juntos. Muito pelo contrário, são livres para se vincularem com outras pessoas afetivamente. Claro, com muita conversa e comunicação, cumprindo os acordos dentro da relação.

Entretanto, o namoro central está voltado para a empresária, que se relaciona com Diego e Luís, que não têm nenhum tipo de contato amoroso entre si, sendo apenas amigos. “Somos supertranquilos. Sentamos, alinhamos, e todos se respeitam. Por mais que pareça complexo, é simples. Respeito e honestidade acima de tudo”, acrescenta Sanny. 

De acordo com ela, organizando bem o tempo e não vivendo em função disso, tudo flui em um curso mais tranquilo. “Minha vida não é baseada em relacionamentos com outros, mas, sim, comigo mesma. Eu já sou realizada e feliz, então quem vier tem que ser para me fazer sentir o dobro, no caso o quádruplo”, conta aos risos.

Para Diego, que namora a distância outra mulher, que vive na República Tcheca, um relacionamento com uma só pessoa nunca foi suficiente. A necessidade de se envolver com outras mulheres e compartilhar momentos com elas sempre se fez presente. “Quando aceitei isso e passei a ser honesto com todos e comigo mesmo, minha vida melhorou consideravelmente.”

Esta é a primeira vez que ele se encontra dentro de um trisal, embora relações abertas não sejam tão desconhecidas em sua vida. “Não é às mil maravilhas como todo mundo deve pensar, e regras devem ser respeitadas e impostas. Contudo, na maior parte das vezes uma boa conversa resolve os problemas. Já tinha uma namorada antes de iniciar esse relacionamento, então tenho regras específicas em relação a ela, que vieram antes das regras do trisal, e sempre me pauto por elas.”

A relação monogâmica nasceu na vida de Luís muito mais por pressão social e aceitação do que por motivos e desejos próprios. Essa, na verdade, nunca foi a razão pela qual entrou em relações românticas. “Quando comecei a não me importar muito com o que as pessoas pensavam sobre mim, e os julgamentos alheios, foi quando eu me aceitei e resolvi que não gostaria mais de estar em um relacionamento monogâmico fechado”, explica. 

Com transparência, todos se resolvem e saem ganhando. Sanny está com Diego desde setembro e com Luís há 7 meses. Em um espaço onde o amor é compartilhado, sendo a base de uma boa convivência, o trisal também possui um contrato bem elaborado, para evitar desgastes e complicações futuras. Neste ritmo, eles provam que três nunca é demais.

Arquivo pessoal -
Arquivo pessoal -

Só um basta

Para o casal de universitários Henrique César Guimarães, 24, e Alexya Lemos, 21, um relacionamento convencional é o caminho perfeito para a felicidade. Juntos há mais de um ano, os estudantes se viam frequentemente nos corredores do Ceub, mas se conheceram de fato em uma festa de aniversário de um amigo em comum. “Desde 2 de outubro de 2022, naquela festa duvidosa, nunca mais paramos de conversar”, conta Henrique. 

Um tempo depois, começaram a namorar, em abril de 2023, em um relacionamento fechado. Os dois, que nunca fizeram parte de um relação não monogâmica, acreditam que existam outros caminhos para manter um namoro duradouro. Para Henrique, é necessário um empenho dos dois para a relação não perder o fogo. “É preciso ‘esforço’ para estar fazendo algo que o casal goste, mas, ao mesmo tempo, inovando e trazendo novas perspectivas e descobertas. Assim, fazendo o que gostamos, não caímos na rotina”, afirma. 

Além disso, ter atividades diferentes e passar um tempo separados ajuda para a paixão não “apagar”. “Manter a individualidade de cada um é essencial. Ter hobbies, amigos e eventos separados, além dos de casal, é crucial”, explica Alexya. 

Arquivo Pessoal - Henrique e Alexya

Esse equilíbrio entre a individualidade e a responsabilidade afetiva é um dos ingredientes para que a forma de se relacionar seja leve e sem estresses. A comunicação também é prioridade. No caso do casal, como Alexya está dentro do espectro assexual, o diálogo esta sempre presente. "Conversamos muito mais que outros casais, evoluímos de forma mais devagar, respeitando o tempo um do outro", conta a jovem. "Para aqueles casais que estão começando uma relação, é importante expor como você se sente e por que está daquela forma”, afirma Henrique.

ABC do amor

Nos últimos anos, a sexóloga, psicóloga e mentora em não monogamia consensual, Marina Rotty, percebeu um grande aumento nas relações não convencionais. “A pandemia foi um momento importante na história dos relacionamentos onde nos foi dada a oportunidade de realmente conviver com nossas parcerias”, conta. 

Para Marina, foi possível identificar que nem tudo funcionava como se imaginava, fazendo com que parceiros insatisfeitos com suas relações procurassem alternativas mais adequadas. “E como o divórcio costuma ser o último recurso, muitos casais saíram em busca de ver o que anda funcionando para outras pessoas”, afirma. 

Nessa busca para diversificar a relação existente ou então engatar em uma nova, não é difícil ficar perdido com tantos conceitos. Para Marina, um caminho é ver os relacionamentos em dois grupos, exclusivos e não exclusivos. “E dentro de cada relacionamento, também temos dois eixos: afetivo e sexual. Cada parceria se encontra em um ou mais pontos dentro desses quatro eixos”, explica Marina. 

De acordo com Marina, os mais falados hoje são: 

  • Monogamia: relação exclusiva, tanto sexual quanto afetiva.

  • Relacionamento Aberto: relação exclusiva no campo afetivo e não exclusiva no campo sexual.

  • Não-Monogamia: relação não exclusiva, nem no campo afetivo, nem no sexual.

Além disso, a especialista esclarece que outras relações, como swingers, liberais e poliamoristas - onde se encaixam os trisais - estariam dentro do termo Não Monogamia Consensual (NMC). “O NMC é utilizado em pesquisas acadêmicas para se referir ao conjunto de relacionamentos onde há um núcleo principal, no caso, um casal ou uma parceria”, afirma Marina. Esse núcleo está sempre em primeiro plano, por exemplo: um casal cis, onde ele ou ela decidem juntos onde, quando e com quem um ou outro vai se relacionar. 

Segundo Marina Rotty, nesse consenso, eles podem interferir na escolha um do outro, deixando ou não, que o envolvimento com um terceiro aconteça. Apesar desses termos, a psicóloga ressalta que o ideal seria que cada casal encontrasse sua forma de se relacionar. “Além disso, nem todos os que vivem relações não convencionais concordam, gostam ou se rotulam com esses termos.”

Especialista em relações não convencionais, de 10 anos em consultório, quatro deles foram focados no tema, Marina percebeu, durante seus atendimentos, uma tendência individual que chamou de orientação relacional. “Apesar de escassos, já existem estudos e pesquisas que identificaram algo semelhante: cada pessoa teria uma espécie de vocação para se relacionar de uma forma exclusiva, monogâmica, ou não exclusiva em algum nível”, afirma. 

Assim, Marina ajuda cada casal a identificar a própria orientação relacional e, a partir disso, criarem juntos o próprio formato de relacionamento. Mesmo que cada parceria seja única, Marina indica algumas passos antes de entrar em um relacionamento fora do convencional:  

  • Conhecer o que já existe sobre relações fora do padrão.

  • Conhecer a si mesmo: o autoconhecimento é essencial para estabelecer relações não convencionais

  • Deixar-se conhecer: é importante jogar aberto para que essas relações, de fato, funcionem

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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