Cidade Nossa

Os ipês voltaram! Uma época que encanta Brasília

Conhecidos por embelezar e trazer vida ao Distrito Federal, os ipês roxos florescem e dão magia a rotina dos brasilienses

REV-2305-CRONICA -  (crédito: Maurenilson Freire)
REV-2305-CRONICA - (crédito: Maurenilson Freire)

Especial para o Correio — Graça Seligman

Toda vez que eu circulo pelos eixos Norte ou Sul fico maravilhada com os ipês. Os ipês roxos floresceram, são lindos e neles vejo o meu Deus. A natureza é sábia e cheia de mistérios. Cada tipo de ipê floresce na sua época. Depois dos roxos, chegam os amarelos e por último os brancos, os mais efêmeros. Estamos no tempo da contemplação e do deleite.

E para quem ama a natureza, o temor é que as mudanças climáticas afetem esse deleite, mudando a nossa flora e nossa fauna. A temperatura do solo, a temperatura do ambiente e a intensidade da luz modificam com o desequilíbrio climático.

Desde 2019 o desmatamento do cerrado cresceu assustadoramente. Em 2023, o bioma onde vivemos perdeu 11 mil quilômetros quadrados, a maior cifra desde 2015. Para se ter uma ideia da dimensão desse problema, essa área representa sete vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os dados são verdadeiros, foram divulgados pelo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A previsão para 2024, se nada de concreto for feito, é aumentar ainda mais o cerrado desmatado, alcançando os 12 mil quilômetros quadrados. A causa principal é a abertura de novas áreas para atividades agropecuárias, o que poderia ser feito em áreas já degradadas. Esse e outros fatores resultam na perda da biodiversidade do cerrado.

Socorro, os nossos ipês correm riscos!!!!

Claro que correm riscos. As mudanças do clima, sobretudo o aumento da temperatura, fazem com que os ipês floresçam mais cedo. A redução das chuvas e a chegada precoce da seca impedem o desenvolvimento natural de muitas árvores que não conseguem "cumprir" o seu período natural de desenvolvimento, fazendo com que, muitas vezes, nem floresçam.

Como sou otimista, me nego a acreditar que vamos perder a maravilhosa época dos ipês. Prefiro acreditar que os planos do Ministério do Meio Ambiente junto com Ibama e, principalmente a sociedade civil, consigam alcançar a meta de estancar o desmatamento e ainda compensar as áreas suprimidas, tudo isso até 2030, que é amanhã de manhã. Para isso, e bem na prática, é necessário prevenir e controlar o desmatamento ilegal e as queimadas no Cerrado. E, não menos importante, ganhar de brinde a redução dos gases de efeito estufa emitidos no desmatamento legal.

Enquanto isso, aproveitemos a beleza e exuberância desta época mágica dos ipês.

Graça Seligman é jornalista e fotógrafa

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postado em 23/06/2024 10:01
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