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Fêmeas no cio: cuidado redobrado é essencial nesse período

Carência, irritação, necessidade de chamar atenção, desconfortos e mudanças corporais são alguns dos sintomas do cio em cadelas e gatas. Veja quais são as orientações durante essa fase

Alguns tutores de fêmeas já devem ter passado pela experiência de acompanhar suas gatas e cadelas em um período mais sensível, quando ficam manhosas e têm até sangramentos, conhecido como cio. A fase é marcada por alterações comportamentais e corporais e, por isso, requer atenção e certos cuidados por parte dos tutores.

Assim como nas mulheres, as gatas e as cadelas também passam por um período de alterações hormonais e fisiológicas, indicando a receptividade sexual. Segundo a veterinária Letycia Brandão, o cio pode ser comparado com o ciclo menstrual feminino. "O corpo da fêmea se prepara para o acasalamento, a fecundação e o desenvolvimento dos embriões", explica. 

Apesar do que se presume, estar no cio não significa necessariamente que a fêmea já está pronta para procriar, pois o período fértil ocorre alguns dias depois dos primeiros sintomas. "Além disso, dependendo da idade, a fêmea pode não estar madura sexualmente para passar por uma gestação. Às vezes, é recomendado que a fêmea só procrie depois de alguns cios", explica a médica veterinária Ana Carolina Malvezzi. 

De acordo com ela, esse primeiro momento em que aparecem os primeiros sintomas, como inchaço e sangramento da vulva, é chamado de proestro, podendo durar, em média, nove dias nas cadelas e dois dias nas gatas. Muitos tutores ficam preocupados com a possibilidade de a fêmea cruzar nesse momento, porém a atenção deve ocorrer nos próximos dias. "Já é possível observar inchaço e sangramento, mas a fêmea ainda não está fértil", detalha Ana Clara.

O estro é a fase seguinte, em que a fêmea está de fato fértil e que ela aceita a monta do macho, que pode durar de três a 20 dias em cadelas e de uma a duas semanas nas felinas. Posterior a isso, vem o diestro, período de ovulação da fêmea, em que a duração vai depender se ocorrer a fecundação ou não. Por fim, o anestro é o período de inatividade sexual entre um cio e outro. 

Segundo a veterinária Letycia Brandão, fatores como nutrição, alimentação e até a quantidade de incidência de luz solar podem afetar a duração das fases do cio. "O ciclo estral dos animais domésticos, assim como os dos humanos, pode ser influenciado, e esses dias podem mudar de acordo com vários fatores."

Arquivo Pessoal - Apesar de não gostar, Baby usou fraldas durante o cio. Além disso, ficou mais quietinha e chateada durante o período.

Nas cadelas, o primeiro cio geralmente ocorre a partir dos 6 meses de idade, e nas gatas entre os 5 e os 10 meses. O tempo de duração total do cio pode variar, porém, de forma geral, dura em torno de 21 dias e a cada seis meses, nas cadelas. "Já as gatas podem ter o cio estimulado pela presença do macho, por meio de feromônios, a cada dois meses, chamado de cio do gato. Mas de forma geral, a cada quatro meses", afirma Letycia. 

Como identificar?

Os principais sintomas, tanto nas gatas quanto nas cadelas, são o inchaço dos mamilos e da vulva, sangramento, levantamento da região posterior para a exposição da genitália, além de ficarem mais inquietas, carentes e até agressivas. "As gatas, por exemplo, podem mudar seu comportamento para indicar a receptividade sexual, buscando atenção do tutor e de gatos. Também pode miar mais alto", explica a veterinária Ana Carolina Malvezzi.

A cachorrinha Baby, resgatada aos 2 meses, teve o primeiro cio entre 10 e 12 meses e, segundo a tutora Keyla Reis, 40, revisora de texto, o primeiro sintoma perceptível que a fez pensar que a cadela estava nessa fase foi o sangramento, mas logo em seguida outros sinais começaram a aparecer. "Ela ficou com as partes íntimas muito afloradas, entumecidas. Ela ficou meio chateada e meio amuada, foi difícil", conta. 

Hoje, com 1 ano e 2 meses, Baby passou pelo segundo cio recentemente que, segundo Keyla, foi bem mais difícil que o primeiro, principalmente por conta do comportamento do cachorro macho que a família também tem. "Ele ficava louco, só se acalmava quando estava perto dela, e ela não queria saber dele de jeito nenhum. Ela ficava em cima do braço do sofá, e ele no chão olhando para ela, fazendo a guarda o tempo inteiro", relata a tutora.

Como lidar?

O cio das gatas e das cadelas pode ser um período difícil para os tutores, que precisam lidar com as adversidades fisiológicas e comportamentais das fêmeas. A carência, a irritabilidade e até a apatia das cadelas e das gatas podem deixar os tutores sem saber o que fazer para aliviar os sintomas e os desconfortos do cio.

De acordo com a médica veterinária Ana Carolina Malvezzi, a compreensão e a atenção dos tutores são imprescindíveis. Além disso, caso a procriação não seja um desejo, é necessário tentar evitar que ocorra o acasalamento, mantendo-as afastadas de machos próximos. "As gatas também têm a tendência de fugir, portanto é importante estar atento para que elas não tenham acesso à rua, para evitar gravidez indesejada", completa.

De acordo com a veterinária Letycia Brandão, manter a região vulvar higienizada com lenços umedecidos ou água e sabão é de extrema importância para evitar a proliferação de bactérias, causadoras de infecções, e a presença de moscas e mosquitos, vetores de outras doenças. O uso de fraldas também é recomendado para evitar sujar móveis da casa, mas devem ser trocadas a cada três horas e não dispensam a limpeza da região.

Keyla Reis conta que, durante o cio de Baby, a higiene da cadela foi feita em casa para não submetê-la ao estresse do pet shop, com o uso de lenços umedecidos e fraldas. Mas, sobretudo, tratar a fêmea com respeito e amor foi fundamental para fazê-la se sentir acolhida. "Fazendo companhia e carinho, deixando-a subir na cama do mesmo jeito que subia quando não estava no cio, não a recusando e a repudiando só porque estava sangrando", finaliza a tutora.

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte

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