Os gatos gostam de seguir uma rotina bem definida e são até um pouco metódicos, com horários específicos para suas atividades diárias. Além disso, os felinos não costumam fazer as necessidades fora do lugar de costume, por isso, ao perceber pequenas poças de urina pela casa, o tutor costuma estranhar. E com razão.
A micção excessiva e inapropriada dos bichanos pode ser um dos sintomas da SUF (síndrome urológica felina), também chamada de doença do trato urinário inferior felino (DTUIF). O termo abrange diversas patologias que podem acometer a uretra e a vesícula urinária dos gatos, podendo ser obstrutiva e impedindo o ato de urinar, ou não obstrutiva, por meio de inflamações no trato urinário.
“Refere-se à uretrite e à cistite (inflamação da vesícula urinária) geralmente associada à presença de sangue na urina e cristais por estruvita nas gatas e nos gatos, podendo resultar em obstrução uretral”, detalha a médica veterinária Vivian Fregonesi. Segundo ela, a SUF é uma patologia extremamente comum nos felinos de todas as idades e, em casos de obstrução uretral, pode apresentar risco de morte.
Além da micção em lugares fora do costume, o ato excessivo de lamber a região perineal, dificuldade e dor ao urinar são outros sinais que podem estar associados à doença. “A urina pode vir ou não acompanhada de sangue, e, nesse caso, fica rosada ou intensamente rosada”, afirma a veterinária Júlia Franklin.
Ela explica que é importante observar a quantidade de água ingerida pelo gato, ficar atento se o bichano vai até a caixinha mas acaba urinando fora dela ou se ele se espreme ao tentar urinar, demonstrando dificuldade e dor.
A profissional autônoma Márcia Noelha Amares da Silva, 41 anos, conta que o seu gatinho Peneirinha, de 3 anos, apresentou os sintomas de uma hora pra outra e de forma silenciosa. “A gente não percebeu que ele já estava com dificuldade de urinar, porque é muito difícil de perceber isso nos gatinhos", diz. “Só fui atentar quando ele ficava muito tempo sentadinho, tentando fazer xixi, botando força e nada.”
Márcia afirma que ao perceber que ele tentava urinar toda hora, mas não conseguia, levou o felino à clínica veterinária para fazer os exames necessários e descobriu um quadro sério de obstrução urinária. “O abdômen dele empedrou inteiro, ficou todo inchado, todo duro”, conta a tutora.
De acordo com a veterinária Vivian Fregonesi, o diagnóstico é dado por um profissional por meio de exames de urina, de sangue e de imagem. “Um ultrassom é importante para ver se tem cálculo, se tem obstrução da uretra. Importante avaliar se na urina tem sangue também”, explica.
O tratamento deve ser imediato, podendo ser clínico ou terapêutico, por meio de medicações e redução do estresse. Nos quadros mais severos de obstrução, o tratamento é cirúrgico. No caso de Peneirinha, antibióticos e anti-inflamatórios foram dados ao gatinho assim que ele chegou à clínica veterinária com os sintomas. Porém, infelizmente, o felino logo veio a óbito, não dando tempo nem de ir para a cirurgia.
A tutora afirma que desde do aparecimento dos sintomas até o falecimento de Peneirinha, tudo aconteceu muito rápido. “O último momento dele não foi fácil. Ele não andava, só olhava para a gente, enquanto ficávamos com ele no braço, botando de um lado para outro, dando remédio”, conta. “É uma doença silenciosa e rápida.”
Causas e prevenção
São várias as possíveis causas da síndrome urológica felina, que ainda não são totalmente conhecidas por especialistas, porém acredita-se que uma das principais razões para o desenvolvimento da doença é o estresse. “Os gatos são muito sensíveis, por isso devemos evitar quebrar sua rotina”, afirma Júlia Franklin, veterinária.
Além disso, infecções bacterianas, fúngicas ou parasitárias, anormalidade anatômica das vias urinárias, cálculos vesicais e neoplasias podem estar relacionadas ao aparecimento da SUF.
Saiba Mais
De acordo com a médica veterinária Vivian Fregonesi, aumentar o consumo de água do gato e fornecer uma dieta pobre em magnésio são formas de evitar a patologia. “Como prevenção, devemos evitar o estresse, fornecer água fresca ou alimentos úmidos, uma sopa rala ou caldo de carne.”
A SUF pode ser extremamente rápida e com poucos sinais. Além disso, tem recorrência alta no mesmo gato, por isso, é necessário manter um acompanhamento anual com o médico veterinário responsável e observar os possíveis sinais. “Usar uma areia clara, na qual se possa notar a presença de sangue, e até de odor forte”, finaliza a veterinária Júlia Franklin.
Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte
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