Em fevereiro, o presidente Ilham Aliyev foi reeleito para mais um mandato de sete anos à frente do Azerbaijão. Ele e o pai, Heydar Aliyev, morto em 2003, praticamente se revezaram no comando da nação desde a declaração de independência da extinta União Soviética, em outubro de 1991. Um grupo de 790 observadores internacionais de 89 países, que representavam 72 organizações de todo o mundo, acompanharam e monitoraram o processo eleitoral no Azerbaijão.
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No dia seguinte à eleição, disputada em 8 de fevereiro, o embaixador Elchin Amirbayov, conselheiro de Aliyev em missões especiais, recebeu o Correio em seu gabinete, no 26º andar do Port Baku Business Tower, e falou um pouco sobre as relações entre o Brasil e o Azerbaijão. Confira os principais trechos da entrevista:
O Azerbaijão vai sediar, em novembro, a COP -29, a cúpula do clima da ONU. Quais são as expectativas?
A COP-29 é o evento mais importante no que diz respeito a um dos grandes desafios que o mundo inteiro enfrenta: as alterações climáticas e todas estas consequências que todos os países experimentam. Como nossa nação é conhecida como um país dos hidrocarbonetos, que tem a economia baseada no gás natural e na exploração do petróleo, já percebemos há vários anos que temos de garantir a transição para a energia verde e renovável, um dos objetivos estratégicos do nosso governo. Acolher um evento de tanto prestígio é uma responsabilidade enorme, que, ao mesmo tempo, ajuda a elevar o nível de consciência interna relacionada com o clima.
Em 2025, será a vez de o Brasil, em Belém, sediar a COP -30. Como o senhor vê a relação entre os dois países?
Comemoramos recentemente 30 anos de estabelecimento de relações diplomáticas com a República Federativa do Brasil, que consideramos um Estado amigo, com grande imagem e autoridade no mundo. Visitei seu lindo país e tive reuniões muito boascom o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O que gostaríamos é de estreitar os laços comerciais entre Brasil e o Azerbaijão. O Brasil poderia, por exemplo, aumentar as importações do Azerbaijão na questão dos fertilizantes, que é muito importante para a nossa economia. Temos contatos muito bons também na indústria aérea porque estamos comprando muito aviões. Queremos também que o número de turistas aumente porque a melhor forma de apresentar o seu país é quando você pode ter um voo direto, e é justamente nesse ponto que precisávamos trabalhar, para tornar as escalas as menores possíveis.
Depois de décadas, chegou ao fim o conflito armado entre a Armênia e o Azerbaijão pelo controle da região de Nagorno- Karabakh. Quais são os próximos passos dessa relação?
Penso que os próximos passos são claros porque estamos agora no processo de negociação do texto do acordo de paz, que foi redigido pelo Azerbaijão e submetido à Armênia há um ano e meio. E já foi feito um trabalho importante neste texto, mas ainda temos algumas questões que precisam ser acertadas. Acreditamos que, nos próximos meses, faremos o nosso melhor para concluir este trabalho porque acreditamos que esse acordo proporcionará um contexto importante para a coexistência pacífica dos dois países nos próximos anos e décadas. Existe uma grande janela de oportunidade para acabar, de vez, com essa hostilidade.
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