Enviado especial — Andar pelas ruas da capital do Azerbaijão é conviver com o contraste do antigo com o novo. Avenidas largas separadas por poucos metros de vielas estreitas, com pedras portuguesas, do século 19. Prédios de cinco andares, conhecidos como "khruschovkas", ao lado de modernos arranha-céus em construção. São marcas de uma cidade cada vez mais cosmopolita, com uma cultura rica e uma gastronomia deliciosa.
Três dias é o tempo mínimo para conhecer Baku. Só a cidade velha vale uma tarde inteira. Cercada por muralhas erguidas no século 12, Icherisheher, como é conhecida, abriga um palácio, torres e uma mesquita. Entre um beco e outro, as ruazinhas estão repletas de lojas de artesanato local, com um detalhe: muitos comerciantes não falam inglês, principalmente os que vendem tapetes e lenços de seda. Logo, andar com o aplicativo do Google Tradutor instalado no celular é uma dica mais do que útil.
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O Centro Cultural Heydar Aliyev é programa obrigatório. O complexo abriga um museu, uma biblioteca e um centro de conferências. Tem arquitetura moderna, ampla, bem diferente dos traços soviéticos ainda existentes pela capital. Ao mesmo tempo em que temos contato com a história e a cultura do Azerbaijão, entendemos todo o processo de transformação existente no país. Desde a independência em 1991, com o fim da União Soviética, o país tem recebido investimentos em infraestrutura, impulsionados pelo dinheiro do petróleo e do gás natural.
Às margens do Mar Cáspio, entretanto, está o local mais apaixonante da capital do Azerbaijão: a Baku Boulevard. O calçadão, com 25km de extensão, oferece uma vista única do Mar Cáspio. Seja caminhando, seja de bicicleta ou patinete elétrico, é possível curtir a cidade como os moradores gostam de fazer.
O trecho de 2,3km entre a rua de acesso às Flame Towers, um dos cartões portais, e o paddock permanente do GP de Fórmula 1 reúne uma grande quantidade de restaurantes e quiosques de doces e sorvetes. Nos dias ensolarados, famílias e casais de namorados ocupam os bancos e o gramado entre as árvores. Um passeio imperdível, mas prepare-se para o vento, que, muitas vezes, castiga os lábios. Baku é uma das 10 cidades onde mais venta no mundo.
Compras
Com uma moeda valorizada em relação ao real (nos últimos 12 meses, 1 manat variou entre R$ 2,90 e R$ 3,10), Baku é relativamente uma das cidades mais baratas em comparação com outros destinos turísticos próximos, como Istambul, Doha e Dubai. Fevereiro e setembro são dois meses em que se costuma ter promoções nos centros de compras. Para quem deseja roupas de marcas, o Port Baku Mall é visita obrigatória. Balenciaga, Chloé, Dolce&Gabbana, Ferragamo, Hugo Boss e Rolex, por exemplo, têm lojas conceito, as flagships stores, espalhadas pelos três andares do luxuoso shopping center.
Se buscar opções mais em conta, a pouco menos de 800m do Port Baku Mall, fica o Park Bulvar Mall, com uma deslumbrante vista do Mar Cáspio da Praça de Alimentação. É possível achar boas pechinchas no local, principalmente nos produtos em promoção nos fundos das lojas. Agora, se a ideia é buscar produtos típicos da região, não deixe de visitar o Yasil Bazar Green Market, um mercado gigantesco, repleto de frutas, legumes, chás, temperos, especiarias, doces e conservas. A cereja é farta. Está por todos os cantos. E é bem barata.
Curiosidades sobre Baku
- Localizada a uma altitude de 28m abaixo do nível do mar, Baku é a capital nacional mais baixa do mundo.
- A capital do Azerbaijão é a maior cidade do Mar Cáspio e da região do Cáucaso.
- O Mar Cáspio é um lago e tem o tamanho semelhante da Alemanha ou do Japão.
- Conhecida como a Cidade dos Ventos, há duas rajadas principais a serem observadas em Baku — a mais quente, Gilavar, soprando do sul, e a fria, Khazri, descendo do norte.
- Baku já fez parte do Império Persa e da extinta União Soviética. Por estar em uma posição estratégica do Mar Cáspio, já foi invadida várias vezes.
- Não há uma certeza sobre a origem do nome. Em persa, é a “cidade fustigada pelo vento”. Em turco, seria a “cidade principal”. Mas há a crença local de que também pode ser “montanha de Deus”.
- Os azerbaijanos consideram os turcos como irmãos. Um ditado bem comum nas ruas de Baku, onde se vê muitas bandeiras da Turquia, é “um povo, duas nações”.
- Para entrar no Azerbaijão, é necessário visto prévio. O pedido pode ser feito on-line. O requerente deve entrar no site da embaixada e preencher o formulário eletrônico, em inglês.
Turismo gastronômico
A gastronomia é um dos pontos altos da visita a Baku. Um banquete de cores e aromas. Desde os pequenos restaurantes até os estrelados, a atração principal é o plov, o prato nacional do Azerbaijão, feito com arroz, carne de cordeiro, legumes e especiarias. Geralmente, é servido com salada e chá preto, acompanhados do chorek, o pão típico da região. É assado e servido um sobre o outro.
A dolma, que são folhas de repolho recheadas com carne moída e especiarias, e o kutab, uma massa assada bem fininha recheada com carne e abóbora, também estão presentes nos cardápios. Talvez só não sejam figurinhas menos carimbadas do que o dovga, uma deliciosa sopa feita com iogurte, espinafre, arroz e ervas aromáticas. É servida tanto quente (que eu particularmente preferi) quanto fria, e consumida no café da manhã, almoço e jantar. Imperdível.
Outra tradição no Azerbaijão são os chás. Estão disponíveis em todos os cafés e restaurantes. Custam entre 0,5 manat (algo como R$ 1,50) e 2 manats (R$ 6). O mais famoso é o preto, normalmente consumido após as refeições e no meio da tarde.
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Calçadão
Caminhar pela Baku Boulevard é um passeio obrigatório. Com uma história de mais de 100 anos, uma época em que os barões do petróleo ergueram mansões de frente para o Mar Cáspio, o calçadão é repleto de atrações, como restaurantes e quiosques.
Centro Cultural Heydar Aliyev
É um local que surpreende pela arquitetura e exposições, com boa parte delas dedicada a contar a história do Azerbaijão, com esculturas, tapetes, maquetes de prédios antigos e modernos. Tem um estilo único e inconfundível.
Centro histórico
Conhecida como a Cidade Velha, é a parte viva da história de Baku. Reserve uma tarde para caminhar pelas ruas de paralelepípedo, o primeiro sítio histórico no Azerbaijão a ser classificado como Patrimônio Mundial pela Unesco. É o local ideal para comprar as lembranças da viagem, como os imãs de geladeira e doces azerbaijanos. Não deixe de visitar o Palácio Shirvanshahs. É importante também levar dinheiro em espécie, nem todos os comerciantes aceitam cartões.
Flame Towers
Um símbolo da pujança financeira do Azerbaijão. São três arranha-céus que simbolizam o fogo. A torre mais alta tem 182m de altura. À noite, o espetáculo de cores dá o tom. Como são bem altas e vistas de quase toda a cidade, é possível apreciar o show noturno à distância.
Parque Nacional de Gobustan
Abriga milhares de gravuras rupestres que datam de até 10.000 anos. Veja as representações de animais, pessoas e barcos e aprenda sobre a história da região. Vários guias turísticos oferecem o passeio. Normalmente, eles ficam na entrada da Cidade Velha. Vale reservar pelo menos umas três horas para a visitação.
* O jornalista viajou a convite do governo do Azerbaijão
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